Para ler mais conteúdo de aviNews Brasil 1T 2022
A fibra representa fração da dieta não digerida pelas enzimas intestinais dos monogástricos; portanto, ela não contribui diretamente para o aporte de nutrientes ao animal.
Porém, uma dieta sem fibras alimentares, não suporta o desenvolvimento e as funcionalidades normais do intestino destes animais e de seu microbioma, cuja falha apresenta consequências substanciais para a nutrição e metabolismo do animal hospedeiro.
Este artigo, destaca o papel da fibra alimentar como um nutriente essencial para a saúde intestinal; enfatizando que as estratégias para explorar todo o potencial da fibra alimentar são centrais para o problema da saúde intestinal, especialmente quando o uso de Antibióticos não é permitido. |
FIBRA DIETÉTICA – DEFINIÇÃO
A fibra dietética (FD) é a soma de polissacarídeos não amiláceos (NSP, do inglês), amido resistente, oligossacarídeos e lignina.
A análise química da FD é baseada na decomposição enzimática do NSP em seus açúcares constituintes, que são então medidos quantitativamente.
Foi reconhecido que atributos como:
Grau de polimerização;
Solubilidade;
Capacidade de formar solução viscosa;
Fermentabilidade.
Servem como preditores mais precisos do destino da FD no intestino do animal.
É o entendimento das características fisiológicas da FD que ajuda a classificar se uma determinada fibra seria um anti-nutriente, pró- nutriente ou meramente um diluente inerte. |
DIGESTÃO DAS FIBRAS EM AVES
A digestibilidade da FD depende em grande parte das propriedades físico-químicas desta fibra e da composição e atividade da microbiota intestinal.
A degradação do FD solúvel, por exemplo, alfa-galactoides de soja, beta-glucanos da cevada ou aveia, e pectina da soja é mais completa com uma parte considerável desta degradação ocorrendo no íleo distal.
Pelo contrário, a fermentação da FD insolúvel está longe de ser completa, com a maior degradação ocorrendo no ceco e em grandes compartimentos intestinais.
Estas estimativas são consistentes com a sugestão de que a fermentação de NSP contribui pouco para a gênese energética do frango, talvez cerca de 3-4% da EMA em frangos adultos; estas estimativas são significativamente mais baixas do que as projetadas para suínos que, em virtude de estarem mais bem equipados para a fermentação de NSP da dieta, podem derivar até 25% de sua necessidade de energia de manutenção pelo aproveitamento de ácidos graxos de cadeia curta (SCFA) absorvidos.
É a capacidade relativa de utilizar NSP que explica por que os suínos são capazes de extrair mais energia, especialmente das dietas a base de oleaginosas, em comparação com as aves.
FIBRA E SAÚDE INTESTINAL
A FD pode ajudar a promover uma melhor saúde intestinal de duas maneiras possíveis:
Um breve relato sobre estes é apresentado a seguir.
Desenvolvimento e funcionamento de fibras e intestino delgado
A FD mede o desenvolvimento e o funcionamento do intestino das aves através de seu efeito sobre o desenvolvimento da moela e a taxa de passagem da digesta.
Em resumo, este efeito foi pensado para se relacionar:
uma moela mais desenvolvida manteria a digestão por mais tempo, resultando em uma digestão gástrica mais completa;
uma moela desenvolvida causaria um aumento da produção de colecistoquinina (CCK), aumento das secreções pancreáticas e promoveria o refluxo do conteúdo intestinal resultando em uma melhor digestão intestinal;
uma moela maior atuaria como regulador da ingestão de ração, assim como o controle da taxa e quantidade de digesta passando pelo intestino. Isto reduziria a probabilidade de “sobrecarga de amido” no intestino delgado – um fenômeno que se pensa explicar a má digestibilidade do amido com alta ingestão de ração;
um pH reduzido que é uma característica de uma moela mais funcional ajuda a prevenir a entrada de patógenos no intestino delgado; é esta última proposta se define pela estimulação de uma moela funcional que é uma das principais estratégias como parte do chamado programa sem antibióticos.
Dietas típicas para frangos de corte baseadas em milho e farelo de soja podem ser limitadas na FD efetiva e podem ser beneficiadas por uma fonte suplementar de fibras insolúveis à taxa de 2-3% da dieta. |
Fibras e o Microbioma no Intestino Grosso
Intervenções dietéticas ajudam a aumentar a capacidade dos animais monogástricos de utilizar a FD de forma mais eficiente e podem beneficiar o desempenho técnico de aves e suínos. |
Algumas das estratégias comuns que poderiam ajudar a melhorar a utilização das fibras incluem o uso de enzimas NSP e a incorporação de fibras fermentáveis.
Estudos recentes na AB Vista apoiam o efeito sinérgico da endo-xilanase e do XOS na promoção da fermentação da fibra dietética, levando a melhorias no desempenho do crescimento, na habitabilidade e nos índices mais comuns da saúde intestinal (Figura 1).
O efeito benéfico dessas intervenções pode não estar necessariamente relacionado a aumentos perceptíveis na “digestibilidade” da fibra dietética, já que apenas pequenas mudanças no perfil de fermentação poderiam ter grandes implicações para o animal hospedeiro.
O estado imunológico;
A absorção de nutrientes;
O metabolismo pós-absorvente do animal hospedeiro.
Estes estudos trazem uma nova visão da nutrição fibrosa que vai além das noções clássicas de “digestão das fibras” e dos efeitos “localizados” do SCFA.