05 out 2022
GAA reduz custos da ração e mantém desempenho animal
Desafio é uma palavra que faz parte do dia a dia da avicultura. E o setor, que vem atravessando um […]
Desafio é uma palavra que faz parte do dia a dia da avicultura. E o setor, que vem atravessando um dos mais importantes deles diante de um cenário que combina preços elevados dos insumos com restrições impostas pela pandemia de Covid-19, aumentar a eficiência de produção é uma estratégia que pode ter efeitos positivos em todos os elos da cadeia de produção, desde os matrizeiros até o abatedouro. Assim, a nutrição, que representa hoje cerca de 80% dos custos de produção, deve ser uma aliada.
Devemos fornecer uma dieta equilibrada, com o menor custo, produzindo ovos e carne que atendam aos requerimentos do consumidor moderno, maximizando o lucro e atendendo às exigências ambientais e de bem-estar animal, defende a médica veterinária e gerente de Serviço Técnico da Evonik, Patrícia Tomazini Medeiros.
Ela destaca que a energia é responsável por aproximadamente 50% do custo da ração, o que significa que corresponde a um terço de todo o custo da produção de aves. Estudos conduzidos pela companhia apostam em medidas para reduzir os custos relacionados à energia da dieta, sem prejudicar o desempenho das aves, e assim aumentar consideravelmente a receita dos produtores.
“A energia já é o nutriente mais caro na formulação de dietas de aves e isso é improvável de mudar dada a forte concorrência por fontes de energia disponíveis para alimentação humana”. E, neste cenário, diante de tantas alternativas disponíveis no mercado, quais delas têm se mostrado mais eficientes?
A estratégia nutricional com uso de ácido guanidinoacético (GAA), precursor da creatina, mostrou benefícios não apenas no campo, como também no abatedouro. Esta dieta contribuiu com uma importante redução dos custos da ração, manteve o desempenho das aves no campo, melhorou o rendimento de peito e reduziu a incidência de miopatias no frigorífico, anunciou Tomazini.
“O GAA será transformado em creatina no metabolismo celular e terá um papel fundamental no transporte e doação do fósforo para a ADP, transformando-a em ATP. O GAA é estratégico porque atua no metabolismo energético dentro da célula, diferente do que ocorre com outras tecnologias, como as enzimas, por exemplo, que precisam de substrato para agir”, afirma a especialista.
De acordo com este levantamento, a redução no custo da ração pode ser entre R$ 30 e R$ 35 por tonelada de ração. Isso considerando uma valorização de 50 kcal na matriz nutricional, porém o potencial do ácido guanidinoacético é muito maior que isso, chegando a 100 kcal. No abatedouro, essa estratégia foi importante também para reduzir os escores graves de miopatias peitorais, reduzindo assim as condenações de carcaças.
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“Isso dá milhões de economia no acumulado do ano”, ressalta Tomazini explicando que o GAA é uma suplementação de creatina que permite também um outro uso desta tecnologia. “O uso on top é indicado para melhorar o desempenho. Então, o produtor pode escolher qual estratégia adotar: redução do custo de ração ou melhoria de performance”.
Para melhorar performance, a especialista menciona estudos que mostram melhoria de até cinco pontos na conversão alimentar em uma combinação de nutrição, manejo e ambiência adequados.
“A Creatina é uma molécula essencial para o metabolismo de energia celular dos animais. Se a suplementação de creatina for limitada, a utilização da energia também será limitada. Com isso, a incorporação de aminoácidos (AA) na proteína muscular (para crescimento) e a eficiência da utilização de AA e energia é reduzida. E, se isso pode ser corrigido, espera-se um aumento do crescimento (muscular), redução da conversão alimentar e redução do custo de ração”, afirma.
GAA: O precursor da creatina
A executiva explica que a creatina desempenha um papel fundamental no equilíbrio energético das células musculares. “Ela (a creatina) é sintetizada a partir do ácido guanidinoacético no fígado, que por sua vez é sintetizado a partir da arginina e da glicina no rim. Como a creatina não é estável nas condições atuais de fabricação de rações, foi desenvolvido o precursor da creatina, o ácido guanidinoacético”, pontuou Tomazini.
Segundo ela, animais de crescimento rápido não tem toda a sua exigência de creatina satisfeita pela síntese de novo. “Estima-se que cerca de dois terços da necessidade diária de creatina seja suprida pela síntese endógena, enquanto o restante deve ser fornecido através da alimentação. A suplementação de GAA na ração compensa de forma prática a lacuna na exigência de creatina”.
Na estratégia defendida, o ácido guanidinoacético é formado enzimaticamente a partir dos aminoácidos glicina e arginina no rim ou absorvido a partir do intestino. Aí, é transportado pela corrente sanguínea para o fígado, onde é transformado em creatina através de outra reação enzimática. “A creatina é então transportada pela corrente sanguínea para as células-alvo. A maior proporção (> 95 %) do pool de creatina (fosfocreatina/creatina) é encontrada no musculo esquelético e o restante no coração e no cérebro”, afirmou.
Além disso, ela menciona um estudo, de 2018, realizado na Universidade da Carolina do Norte (EUA), que demonstrou que aves alimentadas com GAA apresentaram, além de melhoria em rendimento de peito, menor incidência e gravidade de peito amadeirado. “Então, o GAA é um aditivo nutricional estratégico que proporciona excelente retorno sobre o investimento em função da energia e arginina da sua matriz nutricional, além dos benefícios obtidos no abatedouro”.
Frangos de corte e Matrizes Pesadas
Melhora de cerca de 2,22% na eclodibilidade e 1,35% na fertilidade das aves são alguns dos benefícios do GAA em dietas de matrizes, especialmente falando após às 40 semanas de idade do lote, quando ocorre uma queda natural destes indicadores. Neste caso, Patrícia menciona uma inclusão de um quilo por tonelada de ração para dietas de matrizes pesadas. Em ração de frangos de corte, a indicação é de 600 gramas por tonelada.