“Foi preciso investir em estrutura comercial, logística e apresentação do produto; atender loja a loja; e ter uma área financeira mais robusta”, afirmou. O custo operacional parece ter valido a pena.
Granja Faria bota milhões de ovos e mira cada vez mais em sua mesa
A máxima do mundo dos negócios de que não se coloca todos os ovos na mesma cesta tem ganhado uma nova dimensão com o Grupo Granja Faria, que passou a criar suas novas cestas para agregar valor aos 10 milhões de ovos que produz com 14 milhões de galinhas.
A máxima do mundo dos negócios de que não se coloca todos os ovos na mesma cesta tem ganhado uma nova dimensão com o Grupo Granja Faria, que passou a criar suas novas cestas para agregar valor aos 10 milhões de ovos que produz com 14 milhões de galinhas. Na carona da disparada dos preços, que subiram 202,13% de março de 2020 a maio de 2022, segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento de Tributação (IBPT), a companhia investiu no aumento da produção e na diversificação. A empresa passou a fabricar fertilizantes a partir dos resíduos das aves e bateu a meta de faturar acima de R$ 1 bilhão — foram R$ 100 milhões a mais. Para este ano a expectativa é R$ 1,5 bilhão.
Se a diversificação produtiva impactou a receita, uma nova estratégia comercial reforçou a rentabilidade. Em 2018, a venda de ovos da Granja Faria se dividia em 60% para o atacado e 40% para o varejo, mas este agora chega a 98%. Para o presidente do grupo, Denilson Dorigone, que é também o primeiro colaborador da empresa, a mudança de rota agregou valor ao produto final e à tecnologia embarcada na produção.
A resposta do público à diversificação de produtos no ponto de venda, com ovos caipiras, orgânicos, que contêm ômega 3 ou selênio, pode influenciar a forma de criar as galinhas. Mas ainda apenas 12% das aves para produção de ovos comerciais são mantidas totalmente soltas, no sistema free range.
“Se pudéssemos, só produziríamos assim”, disse Dorigone. O começo foi dessa forma, com os ovos férteis e até com a primeira etapa dos comerciais. “A mudança veio por uma necessidade de ter maior volume.”
O carro-chefe da empresa chega ao mercado de várias formas:
- fértil, para produção de pintinhos;
- in natura, para o consumo;
- industrializado (líquido ou em pó);
- e nos pratos da rede de restaurantes Eggy.
No começo da empresa, há 20 anos, a Granja Faria só produzia ovos férteis, mas em 2017 ela entrou no mercado de ovos comerciais e passou a ser uma das maiores empresas do setor no País. A atividade já representa 75% de sua produção. São dez unidades que abrigam 10 milhões de aves do total de 14 milhões e fornecem 7,5 milhões de ovos por dia. Para chegar a tal volume, foram investidos R$ 1,3 bilhão em infraestrutura, tecnologia e aquisições. Em outras dez instalações estão as demais 4 milhões de galinhas que garantem diariamente 2,5 milhões de ovos férteis.

AMPLIAÇÃO
A agregação de valor aos negócios também foi uma resposta às oportunidades. A exemplo do investimento de R$ 50 milhões para criar a Fertifar, indústria de fertilizantes fabricados a partir do esterco das galinhas com adição de micro-organismos que otimizam a ação desse insumo.
Três fatores contribuíram para essa iniciativa:
- a abundância de material orgânico,
- o preocupante cenário do abastecimento de fertilizantes (agravado pela guerra na Ucrânia),
- e a possibilidade de criar uma lucrativa economia circular.
Conforme Dorigone, o adubo é vendido a produtores de diferentes culturas, e no caso de milho e soja os insumos viram moeda de troca.
“Vendo o fertilizante para o agricultor, que paga com os grãos que alimentam nossas galinhas”, afirmou. Apesar de ainda ser uma atividade marginal, se comparada às demais, a perspectiva de negócio é exponencial. As duas unidades em operação, uma em Tocantins e outra em Minas Gerais, produzem 200 mil toneladas que podem gerar faturamento de R$ 140 milhões em 2022. “Em cada uma das 20 plantas comerciais de ovos podemos ter uma fábrica de fertilizante.”
Os planos para o Eggy também são de expansão, até porque o restaurante é uma importante e direta conexão do grupo com os consumidores do meio urbano. A principal loja, que fica no Itaim Bibi, bairro nobre da capital paulista, recebe cerca de 1 mil pessoas por dia. Há outra funcionando em Nepomuceno (MG) e uma terceira será aberta ainda este ano na Avenida Paulista.
“O objetivo é chegar a 30 unidades em três segmentos — rua, shopping e aeroportos — nos próximos cinco anos”, disse Dorigone.
A expressão ‘ovos de ouro’ parece não ser exagero para a Granja Faria.
Fonte: IstoÉ Dinheiro