+15 ovos/ave em 100 semanas
07 ago 2025
Hy-Line revela que base genética das poedeiras pode levar até quatro anos para refletir mudanças no campo
Segundo ele, a média de avanço nas linhagens Hy-Line resultou em 15 ovos a mais por ave em ciclos de 100 semanas nos últimos seis anos.
As decisões genéticas tomadas hoje na Hy-Line só chegarão ao campo comercial dentro de três anos e meio a quatro anos.
O alerta foi feito pelo geneticista responsável pelas linhas puras da empresa, Luke Kramer, durante o II Seminário Hy-Line White para América Latina, realizado em Foz do Iguaçu (PR), ao destacar o tempo necessário para que qualquer alteração no processo de seleção seja percebida nos plantéis dos produtores.
“Podemos mudar na próxima geração, mas para chegar até o nível de produção comercial, precisamos de três anos e meio, quatro anos”, explicou. “É algo que precisa ser lembrado quando vocês tiverem perguntas, ou quiserem mudanças”, afirmou Kramer, que atua como geneticista e pesquisador sênior da Hy-Line International.
Segundo ele, a empresa mantém três granjas dedicadas exclusivamente à pesquisa genética, duas nos Estados Unidos e uma no Brasil, que formam a base do programa de melhoramento das aves. Nessas unidades, o ambiente é altamente controlado e os dados são acompanhados desde o primeiro dia de vida das aves.
No entanto, Luke destacou a importância de incluir também dados oriundos de granjas comerciais para que as seleções reflitam a realidade de campo.
“As nossas granjas de pesquisa são perfeitas, têm temperatura, ventilação, nutrição e sanidade ideais”, disse. “Mas essa não é a realidade que está nas granjas comerciais do mundo inteiro e, por isso, precisamos de dados de campo”, completou.
“Se vocês têm dados, por favor, compartilhem com nossa equipe de serviço técnico. É com esses dados que conseguimos direcionar as decisões genéticas para a realidade de vocês.”
Durante a apresentação, Kramer explicou que o processo de melhoramento genético é baseado nos pilares intensidade de seleção, qualidade dos dados, variação genética e intervalo entre gerações. “Se temos uma intensidade muito forte, por exemplo, escolhendo só 10 aves para a próxima geração, podemos ter um ganho rápido, mas com baixa diversidade genética”, explicou.
Segundo ele, a média de avanço nas linhagens Hy-Line resultou em 15 ovos a mais por ave em ciclos de 100 semanas nos últimos seis anos. Além disso, o objetivo atual é construir uma curva de postura mais plana e produtiva até as 110 ou 120 semanas de vida, com qualidade de casca preservada.
Mais de 1 milhão de ovos/ano avaliados
A precisão dos dados também foi enfatizada por Luke. A Hy-Line analisa mais de 1 milhão de ovos por ano em seus laboratórios, avaliando características como força da casca, peso e uniformidade.
Ele explicou que cada ovo é identificado com o número da ave que o produziu, permitindo cruzamento com informações de desempenho. “Não queremos apenas reparar os defeitos, queremos ovos sem defeitos”, afirmou Kramer, reforçando que atributos como robustez, persistência de postura, viabilidade, comportamento social e adaptabilidade a sistemas sem gaiolas também são monitorados.
Comportamento no ninho
Diante da pressão crescente por sistemas livres de gaiolas nos Estados Unidos e na Europa, a Hy-Line passou a incorporar traços comportamentais nos critérios de seleção, como a propensão das aves a botarem ovos no ninho, e não no piso. Para isso, a empresa mantém ambientes comunitários experimentais, nos quais as aves são observadas em convivência, simulando as condições de granjas sem gaiola.
“Temos um efeito genético no comportamento social. Podemos selecionar as aves que preferem pôr no ninho, o que ajuda a evitar ovos sujos, por exemplo”, detalhou. A pesquisa também inclui testes em diversas partes do mundo — incluindo México, Brasil, Costa Rica e El Salvador — com o objetivo de adaptar as aves a diferentes realidades de manejo e clima.
Menos ração sem perder produtividade
Kramer destacou ainda que a Hy-Line busca criar aves que mantenham a produção elevada por mais tempo, com menor custo de alimentação. “Se conseguimos reduzir o consumo e manter a qualidade da casca e a produção, teremos mais ovos úteis a um custo menor”, apontou.
Ao final da palestra, o geneticista reforçou que o sucesso do melhoramento genético depende do diálogo com o campo. “Essas equipes de serviço técnico são os nossos ouvidos. Precisamos das suas perguntas e comentários para direcionar melhor nossas decisões”, concluiu.
O II Seminário Hy-Line White para América Latina ocorre pela primeira vez no Brasil, reunindo mais de 300 participantes do Brasil e América Latina, com foco técnico em genética, nutrição, manejo, sanidade e inteligência de mercado.