III Feira de Avicultura e Suinocultura Baiana destaca potencial de crescimento do setor no estado
Na abertura da III Feira de Avicultura e Suinocultura Baiana, realizada na noite de terça-feira (27/8) em Feira de Santana (BA), o otimismo quanto ao potencial de crescimento do setor no estado se misturou a um debate sobre os desafios estruturais que ainda limitam o avanço da produção.
Com mais de 1,3 mil inscritos e 58 expositores presentes, o evento se firmou como um importante ponto de encontro para produtores, bancos e fornecedores, destacando o papel da Bahia como um celeiro emergente para a avicultura e suinocultura no Brasil.
Patricia Nascimento, sócia da Única Eventos Corporativos, empresa responsável pela organização da Feira, destacou o crescimento do evento ao longo dos anos e a sua importância para os produtores.
“Esse evento surgiu da necessidade de atender produtores que precisavam encontrar fornecedores, bancos, agências de desenvolvimento, inovações de outros estados do Brasil, e conteúdos técnicos de qualidade”, salientou Patrícia. “A Feira começou com apenas 30 estandes, e hoje, com 58 expositores, vemos os elogios dos participantes comprovando o sucesso do evento”, completou, reforçando o papel estratégico da Feira na conexão de diferentes atores do setor.
Oportunidades
Artur Andrade, presidente da AIAVE (Associação dos Produtores Integrados em Avicultura do Estado da Bahia), ressaltou que a Bahia já ocupa o 8º lugar na produção nacional de carne de frango e aloja quase 17 milhões de aves. Com uma população de 15,5 milhões de habitantes e um consumo per capita de 3,8 kg de carne de frango por mês, o estado ainda depende de fornecedores externos para atender sua demanda, produzindo apenas 55% do que consome.
“A Bahia tem um potencial enorme para crescer ainda mais na avicultura”, destacou. “Mas, para isso, precisamos de apoio dos entes públicos, integradoras e integrados”, enfatizou Andrade, que aproveitou o espaço para solicitar ao Secretário Estadual uma reunião com a Coelba (Companhia de Eletricidade da Bahia) para discutir as recorrentes quedas de energia que afetam o setor.
A expansão do mercado de ovos também foi destacada como uma oportunidade relevante. Pedro Lima Neto, superintendente estadual do Banco do Nordeste, pontuou que a Bahia ainda precisa comprar 8,5 milhões de ovos de outras regiões para suprir o consumo no estado. Para fomentar a produção local, o Banco do Nordeste disponibiliza o programa Agroamigo, que atende operações de até R$ 100 mil para pequenos agricultores.
Continue após a publicidade.
“Há um espaço enorme para ampliação da produção de ovos na Bahia, e o Banco do Nordeste está pronto para apoiar os agricultores familiares nesse desafio”, afirmou Lima Neto.
Infraestrutura
Apesar das oportunidades, o evento também trouxe à tona desafios estruturais, especialmente no que se refere à infraestrutura energética. Osni Cardoso de Araújo, Secretário de Desenvolvimento Rural da Bahia, criticou a concessionária Coelba pela falta de compromisso com o estado, que, segundo ele, prejudica a atração de novos investimentos.
“O governo do estado solicitou à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) que não renove o contrato com a Coelba”, salientou Araújo. “Estamos coletando informações sobre dificuldades relacionadas à rede elétrica, e, junto ao governo federal, vamos pressionar a concessionária para garantir os investimentos que a Bahia precisa”, declarou Araújo.
O governo do estado também se mostrou disposto a colaborar com o setor, disponibilizando assistência técnica, canais com bancos e recursos para investir em equipamentos, abatedouros e frigoríficos. Contudo, Araújo destacou que ainda falta um fluxo consistente de produtores que abasteçam esse sistema, reforçando a necessidade de um diálogo mais próximo com o setor produtivo.
Homenagem
Durante a abertura, o evento também prestou homenagem ao avicultor Crispim Pereira de Souza, fundador da Granja Tambaú, falecido em junho de 2024, pelo seu pioneirismo na avicultura baiana. Em um momento de forte emoção, seus filhos Cleiton e Cleber, a nora Kesley e o neto Anderson receberam a honraria em nome da família.
Com uma taxa de crescimento de 31% nos últimos 10 anos, superior à média nacional de 18%, a avicultura baiana demonstra dá demonstrações de que o setor pode consolidar ainda mais sua posição de destaque no cenário nacional, contribuindo significativamente para o desenvolvimento econômico do estado e da região Norte/Nordeste do Brasil.
agriNews Brasil direto de Feira de Santana na Bahia
