Biosseguridade

Imunização no frango de corte para salmonelas paratíficas e seu benefício no frigorífico: existe alguma correlação?

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Alceu Kazuo Hirata

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Carlos A. Dalle Mole

Carlos A. Dalle Mole

Luiz Eduardo Takano

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 Imunização no frango de corte para salmonelas paratíficas e seu benefício no frigorífico: existe alguma correlação?

A contaminação cruzada no abatedouro está diretamente correlacionada com a quantidade de salmonela nas aves e seu controle é fundamental para a indústria avícola. A prevenção é a melhor ferramenta para assegurar um produto de qualidade (CARDOSO; TESSARI, 2013).

Diante disso, a estratégia de prevenção requer múltiplas abordagens para que se reduza a disseminação desta bactéria durante o processamento da carne de aves, incluindo o enfoque de Saúde Única (One Health) (SILVA; CALVA; MALOY, 2014).

Devido ao impacto que a salmonela representa na cadeia produtiva de aves, o uso de vacinas tem sido adotado pela indústria avícola mundial, conforme os desafios de cada região e a legislação vigente (VAN IMMERSEEL et al., 2013).

  • A estratégia de imunização de frangos de corte através de vacinas vem sendo empregada e, neste conceito, as vacinas de subunidades estão se destacando. A vacina de subunidade proteica é constituída por fragmentos de proteínas ou revestimentos proteicos que mimetizam a estrutura do microrganismo de interesse.

O mecanismo de ação das vacinas de subunidade, via administração oral, ativa o sistema imune humoral de mucosa através da entrada da subunidade proteica em enterócitos, células M ou por reconhecimento de células dendríticas após estímulos prévios do sistema imunológico na lâmina própria.

  • As células dendríticas apresentam a subunidade proteica como um antígeno para os linfócitos T e, em seguida, são apresentadas para linfócitos B, que se diferenciam em plasmócitos.
  • Estes plasmócitos são responsáveis pela produção da imunoglobulina A secretória (sIgA), que são secretadas da lâmina própria para o lúmen intestinal, estimulando a imunidade da mucosa.

A imunidade de mucosas pode ser estimulada pelos patógenos que causam enfermidades e pelo uso de vacinas.

Imunização no frango de corte para salmonelas paratíficas e seu benefício no frigorífico: existe alguma correlação?

Desta maneira, aves que foram vacinadas podem suportar uma infecção, eliminar menos bactérias pelas excretas, favorecendo a diminuição da pressão de contaminação ambiental (SHARR, 2003).

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O benefício do uso de vacinas se deve ao melhor preparo do sistema imune do hospedeiro para uma rápida resposta imunológica e à agilidade da eliminação do agente (BARROW, 2007).

A contaminação por Salmonella spp. pode ser citada como um exemplo de risco microbiológico em uma indústria de frango (HACHIYA et al., 2020). As operações de abate de aves são fatores que podem desencadear contaminação de carcaças por salmonela.

 

Os lotes de frango de corte podem se contaminar através do extravasamento de conteúdo gastrointestinal, sendo essa a principal fonte de infecção das carcaças por Salmonella spp. nos abatedouros (RASSCHAERT et al., 2008).

Sobre a quantidade de salmonela e sua correlação com a contaminação cruzada de carcaças de frango de corte, um estudo realizado na Universidade Estadual de Londrina (UEL) teve como objetivo contaminar carcaças de frangos de corte com Salmonella Heidelberg (SH) para avaliar o potencial de contaminação cruzada em chiller experimental.

Foram utilizadas 40 aves por tratamento, sendo o nível de contaminação das carcaças por SH de 2,5% (1/40).

Imunização no frango de corte para salmonelas paratíficas e seu benefício no frigorífico: existe alguma correlação?

Imunização no frango de corte para salmonelas paratíficas e seu benefício no frigorífico: existe alguma correlação?

  1. Para o nível de contaminação de 2,5% foram utilizadas as inoculações com log de 105, 103 e 101 e, para o cultivo das salmonelas utilizou-se o caldo de tetrationato.

Desta forma, pode-se concluir que quanto maior o log de inoculação, maior foi a contaminação cruzada e a  recuperação de Salmonella Heidelberg em carcaças (Figura 1).

Figura 1. Contaminação cruzada em carcaça contaminada com Salmonella Heidelberg.

 

Pensando na redução de salmonela da granja ao frigorífico, foi realizada a vacinação, avaliando o efeito da vacina oral de subunidade Biotech Vac® Salmonella em frangos de corte. Uma empresa no estado do Paraná utilizou a vacina de subunidade em 100% dos lotes durante o
período de um ano.

Imunização no frango de corte para salmonelas paratíficas e seu benefício no frigorífico: existe alguma correlação?

Imunização no frango de corte para salmonelas paratíficas e seu benefício no frigorífico: existe alguma correlação?

As aves foram vacinadas durante seis ciclos produtivos consecutivos; por via oral na água de bebida no 3o e 17o dia de vida, com dosagem de 0,2 ml/ave.

Nos aviários de frango de corte pode ser observada uma redução linear decrescente no isolamento e na média da contagem de NMP/g para Salmonella spp., onde, conforme as aves foram vacinadas durante os ciclos de produção no campo, podemos observar diminuição na positividade e na contagem de Salmonella spp. no conteúdo cecal (Figura 2).

Figura 2. Resultados qualitativos e quantitativos de Salmonella spp. em conteúdo cecal.

Nas coletas de frigorífico também pode ser observada uma redução de Salmonella spp. no isolamento e na contagem pela técnica de NMP em carcaças das aves vacinadas com Biotech Vac® Salmonella (Figura 3).

Figura 3. Resultados qualitativos e quantitativos de Salmonella spp. e carcaças em frigorífico.

Figura 3. Resultados qualitativos e quantitativos de Salmonella spp. e carcaças em frigorífico.

 

Deste modo, podemos concluir que, com uma menor carga de Salmonella spp. nas aves, a probabilidade de contaminações em equipamentos e contaminações cruzadas no processamento de abate pode ser minimizada.

Assim, podemos concluir que a contaminação cruzada no abatedouro está diretamente correlacionada com a quantidade de salmonela nas aves e que as vacinas de subunidades proteicas conferem proteção às aves reduzindo as cargas de salmonela que vão para a planta de abate.

Esta pode ser uma ferramenta importante na contenção desta enfermidade na cadeia avícola, associada aos procedimentos de biosseguridade, garantindo alimentos seguros para os consumidores.

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