Patologia e Saúde Animal

Investigar um surto de doença de Marek

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A Doença de Marek (MD, do inglês Marek’s Disease) é uma grave ameaça para a indústria avícola e seu controle depende majoritariamente de uma vacinação eficaz

Quando ocorre um surto de MD, a maioria das empresas realiza uma auditoria dos protocolos de vacinação na incubadora. Além disso, outros aspectos críticos devem ser monitorados para poder entender melhor a origem do surto. Neste artigo se analisa um surto de MD de forma progressiva para ressaltar os principais fatores responsáveis pelas falhas na vacinação/proteção

Os pontos críticos para estabelecer uma imunidade adequada contra o MD incluem: Manipulação adequada da vacina durante o procedimento de vacinação Correta administração da vacina Replicação do vírus vacinal no frango Incentivo a uma imunidade adequada, capaz de proporcionar proteção contra o vírus da Doença de Marek (MDV)

Um monitoramento adequado da vacinação pode ser realizado através da medição da replicação do vírus vacinal no pintinho de uma semana de vida. Monitorar a vacinação não somente proporciona informações sobre a proteção do lote contra a MD, mas também serve para confirmar que a vacinação foi realizada corretamente. A proteção contra a MD pode ser monitorada através da avaliação da carga viral de MDVs oncogênicos em pintinhos a partir das 3 semanas de vida. Em caso de suspeita de vírus mais virulentos, pode-se determinar o patotipo das cepas isoladas para estabelecer o programa vacinal apropriado. Entender todos os pontos críticos mencionados é a única forma de melhorar de forma efetiva os métodos de controle de MD.

Conhecendo o problema

A doença de Marek (MD) é linfoproliferativa, causada pelo vírus MDV, um herpes-vírus que afeta os frangos. Conseguiu-se controlar a doença de Marek com sucesso a partir do final dos anos 60. No entanto, esporadicamente ocorrem surtos de MD em lotes vacinados, o que provoca perdas econômicas significativas e grande preocupação para a indústria avícola. Uma vez que se tenha confirmado um surto de MD, é importante avaliar todos os pontos críticos que tenham levado a uma falha na imunização. Neste artigo conferimos os passos a seguir para investigar um surto de MD (Figura 1).

Verificação da vacinação

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As vacinas MD estão associadas a células e requerem cuidados especiais durante o armazenamento, a reconstituição e a administração

patología aviar

Quando ocorre um surto de MD, as empresas devem realizar uma auditoria da vacinação para comprovar que as vacinas são manipuladas corretamente e que nenhum dos passos mencionados anteriormente foi comprometido.

As vacinas MD são suspensões instáveis de células, e uma diluição inadequada resulta em uma baixa uniformidade das doses. Além disso, a agitação periódica da vacina é necessária para evitar a sedimentação das células. A vacina reconstituída deve ser mantida refrigerada e deve ser utilizada rapidamente (30-60 minutos).

A adição de antibióticos, outros aditivos ou outras vacinas às vacinas contra MD podem comprometer significativamente o título de anticorpos desta

Titulação da vacina (ensaio de placa

A titulação das vacinas MD pode ser feita através de ensaio de placa. É importante que a titulação seja feita:

Realizar uma titulação das vacinas MD a partir da vacina reconstituída é difícil, considerando que a técnica requer instalações que permitam o cultivo celular, e há poucas plantas de incubação que contam com elas

Monitoramento da replicação da vacina em frangos

A replicação da vacina pode ser avaliada pela determinação do DNA viral no folículo da pena ou no baço. O uso de sangue não é recomendado, já que foram notificados muitos falsos negativos. Titulação da vacina (ensaio de placa) Monitoramento da replicação da vacina em frangos Realizar uma titulação das vacinas MD a partir da vacina reconstituída é difícil, considerando que a técnica requer instalações que permitam o cultivo celular, e há poucas plantas de incubação que contam com elas

 

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A contagem de células vivas tem demonstrado ser uma alternativa para avaliar a manipulação realizada na planta de incubação. Embora a contagem de células não proporcione informações sobre a quantidade de vírus vacinal presente na vacina, ao menos pode proporcionar provas diretas de uma manipulação inadequada se o número de células mortas for muito elevado ou se aumentar rapidamente após sua reconstituição. Contagem de células Os resultados obtidos a partir de amostras do baço e do cálamo da pena são muito compatíveis, tendo o cálamo da pena uma vantagem logística ao poder ser obtida a partir de um frango vivo. É essencial recolher amostras individuais dos frangos.

1 semana de vida

O melhor momento para monitorar a vacinação é quando os frangos têm uma semana de vida, já que é possível diferenciar os frangos que receberam a dose completa daqueles que receberam a dose diluída. A partir de 3 semanas de vida, o vírus vacinal pode ser detectado na maioria dos frangos, independentemente da dose vacinal administrada. A porcentagem de amostras em que o vírus vacinal pode ser detectado na primeira semana de vida depende da:

Fatores fundamentais na hora de interpretar os resultados

Têm-se descrito iniciadores específicos para cada sorotipo e são empregados frequentemente para diferenciar as vacinas dos sorotipos 2 e 3 e os vírus do sorotipo 1. Ao empregar a cepa vacinal CVI988 do sorotipo 1, é necessário usar iniciadores específicos de CVI988 e que não amplifiquem outros sorotipos 1 de MDV. Essa técnica requer condições rigorosas; deve-se tomar muito cuidado durante sua realização, bem como na hora de interpretar os resultados

Monitoramento da infecção precoce com MDV oncogênico

Após a administração das vacinas MD, leva aproximadamente 5-7 dias para atingir o nível máximo de proteção. A infecção por MDVs oncogênicos geralmente ocorre antes dos 5-7 dias nas granjas, o que coloca em risco a eficácia da vacina. É possível determinar se ocorreu uma infecção precoce do lote através da quantificação da carga de DNA de MDV no folículo da pena, no baço ou no sangue de frangos de 1 semana de vida.

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Monitoramento da proteção/diagnóstico precoce

Recentemente demonstramos que a avaliação da carga de DNA de MDV no folículo da pena ou em amostras de sangue a partir de 3 semanas de idade pode ser útil para prever a proteção de um lote (9-11).

Caso sejam coletadas amostras de sangue, é importante que o anticoagulante empregado seja EDTA, e é essencial evitar misturar amostras de diferentes aves. As amostras podem ser armazenadas a -70 °C ou coletadas em cartões FTA e mantidas em temperatura ambiente

Lotes protegidos adecuadamente

Nos lotes protegidos adequadamente contra a MD, a maioria dos frangos tem uma carga baixa de DNA de MDV, compatível com níveis de latência.

Lotes não protegidos adequadamente

No entanto, nos lotes que não estão protegidos corretamente, muitos frangos têm uma elevada carga de DNA viral em níveis comparáveis aos tumores induzidos por MDV

Patotipificação de MDV

Apesar de terem sido realizadas várias tentativas para encontrar marcadores moleculares de virulência, até o momento a única forma de determinar o patotipo dos MDVs isolados é através de testes biológicos

Um diagnóstico preciso da MD é muito importante para descartar outras doenças tumorais induzidas por vírus ou síndromes não neoplásicas causadoras de lesões nervosas. No entanto, uma vez que a MD tenha sido confirmada, é necessário investigar o surto e identificar os fatores que contribuíram para ele. Em muitos casos há mais de um fator, mas a única forma de encontrar uma solução adequada é entender as causas desencadeadoras do surto.

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Estudo & analises

Ao suspeitar de um aumento da virulência, recomenda-se investigar se o protocolo vacinal empregado pode proteger efetivamente contra esses isolados em concreto.

Outras alternativas

Foram descritos testes alternativos ao teste patotipificação “gold standard”, como a atrofia dos órgão linfoides, neuropatotipificação e carga de DNA viral. Todas as provas alternativas podem diferenciar facilmente v e vv+, mas são incapazes de discernir entre MDV vv e vv+. Será necessário realizar mais estudos para simplificar a patotipificação de MDV e para aumentar sua disponibilidade em outros laboratórios.

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