A importância de um bom projeto de ventilação para os galpões de aves foi o tema apresentado pelo consultor Mike Czarick, durante o webinar da Aviagen®, promovido no dia 10 de junho. Segundo o especialista, um galpão não deve ser pensado apenas como um local para proteção dos frangos, matrizes e poedeiras da radiação solar direta, a construção deve levar em consideração também a radiação indireta, gerada pelo aquecimento das laterais e do solo.
Segundo Czarick é comum observar alta densidade de aves nas regiões de sombra do galpão. Ele explica que esse fenômeno de migração das aves das áreas mais quentes para as áreas mais frescas acaba criando um problema maior para os animais que, ao se amontoarem, aumentam a temperatura corporal, resultando em estresse calórico, o que compromete o desenvolvimento e pode levar à morte das aves.
O consultor apresentou um estudo que analisou a relação entre a densidade e a temperatura corporal das aves, por meio da implantação de um chip, comparando as variações em grupos de 4kg/m2, 19 kg/m2, 30 kg/m2 e 38 kg/m2. As aves foram expostas às mesmas condições ambientais, mas com densidade diferente em cada espaço.
Quando a densidade de aves aumentou de 19 para 30 kg/m2, a percepção do calor no ambiente aumentou em até 2,5ºC, confirmando, segundo Czarick, que quanto maior a densidade de aves no espaço, maior será a temperatura corporal.
"Ou seja, percebemos a importância do uso de ferramentas que ajudem a reduzir a temperatura nos galpões para que o espaço total seja aproveitado e os animais tenham melhor qualidade de vida”, explicou o consultor. “Temos que estar atentos ao calor gerado em regiões próximas às cortinas, ou por falhas no sistema de isolamento do teto, para evitar que as aves se acumulem nas regiões mais frescas”, destacou Czarick ressaltando que em alguns casos, chega-se a registrar diferenças de até 5ºC entre a temperatura no centro e nas laterais do galpão.
Reduzindo a radiação indireta
Em sua apresentação, Czarick destacou alguns pontos de atenção e medidas que podem ser adotadas para reduzir o aquecimento interno do galpão. Dentre essas medidas está a construção de um beiral do lado de fora do galpão de, pelo menos 1 metro de comprimento, visando reduzir a radiação direta nas cortinas.
“Neste caso, temos que nos atentar ao piso que será usado nessa área, para que ele não acabe por auxiliar no aumento da radiação pela parte de baixo das cortinas”, ressaltou. Outra medida, segundo Czarick, é a construção de paredes de alvenaria, o que fecharia a área de baixo e manteria as cortinas mais afastadas das aves.
“Precisamos também nos atentar ao teto do galpão, investindo em forros com isolamento térmico que auxiliam na redução do calor interno", salientou o consultor. "É importante optar por modelos de isolamento que garantam a vedação do telhado, pois se conseguirmos reduzir os problemas nesta área podemos diminuir em até 40% os custos de produção”, salientou o consultor.
Sistema de ventilação eficiente
Após todas as adequações estruturais do galpão, Czarick destacou que é preciso entender quantos exaustores o galpão precisará para manter o bem-estar dos animais. Segundo ele, o sistema de ventilação deve promover rapidamente a troca de ar do ambiente, permitindo a entrada do ar de fora e o equilíbrio da temperatura interna.
“Em um dia quente, por exemplo, precisamos ter exaustores suficientes para registrar uma diferença máxima de 2 a 3°C entre o ambiente na parte frontal do galpão e o ambiente próximo aos exaustores”, exemplificou Czarick. Para isso, o primeiro fator a ser analisado, segundo o consultor, é a quantidade de calor que precisa ser eliminada para alcançar essas diretrizes.
“Existem ferramentas bem interessantes, como planilhas, que ajudam o avicultor a entender a sua realidade e, por meio da análise de fatores, entender quantos exaustores serão necessários para promover a uniformidade da temperatura”, indicou o palestrante.
Sabendo quantos exaustores serão necessários para promover a troca do ar e a quantidade de calor que deve ser eliminada do ambiente, é importante olhar para os modelos de exaustores presentes no mercado, visando a eficiência no consumo de energia e quantos metros cúbicos de ar ele move.
“Saber o consumo de energia de um exaustor não é tão útil", salientou. "O importante é saber quanto ar ele move com cada watt de potência utilizado”, completou.
Nem sempre a opção mais barata, ou a mais potente é a melhor, segundo Czarick. Por isso, ele destaca a importância de investir em ações de isolamento de calor e entender a verdadeira necessidade do galpão para que a implantação de um sistema de ventilação seja realmente eficiente e traga bons resultados para a granja.
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