Durante palestra realizada no último dia do 11º Encontro Avícola e Empresarial Unifrango, em Maringá (PR), o médico-veterinário Fernando Pilotto apresentou dados experimentais que apontam a aplicação de lona sobre a cama como um dos métodos mais eficientes para reduzir a contaminação por enterobactérias em aviários.
Segundo o diretor técnico da Tecnoagro, o uso da lona pode resultar em melhoria de até 70 gramas na conversão alimentar dos lotes, quando comparada ao sistema tradicional de reaproveitamento da cama sem cobertura.
Com base em estudos desenvolvidos por por instituições de pesquisa e centros universitários, Pilotto defendeu que o manejo do pH e da umidade da cama exerce papel decisivo no controle da pressão de infecção nas granjas.
“Ao elevar o pH e estimular a liberação controlada de amônia, conseguimos reduzir a presença de patógenos como a Salmonella. Esse é um efeito físico-químico comprovado, que vem sendo validado com diferentes tratamentos e quantificações em campo”, afirmou.
Além da sanidade, a palestra também abordou soluções para a eficiência nutricional e energética do sistema produtivo, a partir de inovações como a amonização de grãos contaminados por micotoxinas, sistemas de fertirrigação subterrânea e o uso de biometano na produção de amônia verde.
“A base do nosso custo de produção está nos grãos. Precisamos desenvolver tecnologias que tragam mais previsibilidade ao custo das dietas e permitam ampliar nossa autonomia frente ao mercado externo de insumos”, defendeu.
Integração com biosseguridade
Pilotto destacou ainda o papel dos sistemas integrados de produção como eixo de sustentabilidade econômica, ressaltando que o valor agregado está cada vez mais na capacidade de gestão conjunta entre agroindústrias e produtores. “Hoje, 88% do custo por quilo de frango está nas mãos do produtor. Precisamos que esse capital gire com inteligência e esteja amparado por conhecimento técnico, gestão e biosseguridade”.
Nesse contexto, chamou atenção para a vulnerabilidade das aves de subsistência na disseminação de enfermidades como a Influenza Aviária, tema recorrente ao longo do Encontro. “Não houve avanço nenhum nos últimos 30 anos em relação à produção de subsistência. Se queremos proteger a avicultura industrial, precisamos agir também no entorno das granjas comerciais”, alertou.
Ao final da apresentação, o médico-veterinário reforçou que os avanços da cadeia produtiva passam por inovação contínua em áreas estratégicas como sanidade, nutrição e logística. A construção de uma avicultura alinhada à agenda ambiental e de governança global, segundo ele, dependerá da capacidade do setor de reduzir custos sem abrir mão de qualidade e segurança dos alimentos.