03 jul 2018

Milho caro afeta competitividade do frango brasileiro

Mudanças estruturais no mercado do milho estão afetando a competitividade do frango brasileiro e poderão provocar a migração das agroindústrias […]

Mudanças estruturais no mercado do milho estão afetando a competitividade do frango brasileiro e poderão provocar a migração das agroindústrias avícolas e suinícola para a região centro-oeste do país. Essas são conclusões de analistas e empresários do setor, consultados pelo Jornal Valor Econômico (VE).

À aviNews Brasil, o vice-presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), Ricardo Santin, informou que, de 2017 até agora, o aumento no preço do milho no Brasil foi de 61%.

Segundo o VE, até o início da década, as principais agroindústrias de aves, como BRF e Seara, conseguiam comprar milho a preços mais baixos do que os oferecidos na venda para o mercado externo – ou seja, abaixo da paridade de exportação. Essa prática era possibilitada pelas deficiências logísticas, que chegavam a inviabilizar a exportação de grãos em algumas regiões do Centro-Oeste, além da fragilidade financeira dos agricultores brasileiros.

Um executivo de uma grande agroindústria chegou a declarar ao VE que,na prática, os produtores de milho brasileiros “subsidiavam” a produção de frango. “Em algum momento o setor de aves e suínos ganhou demais“, resumiu a fonte – VE.

Na safra 2015/16, as empresas brasileiras de frango, que estavam acostumadas ao milho abaixo da paridade de exportação, viu-se no extremo oposto. Com a quebra da safra de inverno daquele ciclo, o milho brasileiro ficou mais caro que o importado e os exportadores de frango chegaram a perder participação para Rússia e Ucrânia no Oriente Médio.

Para a safra 2017/18, a previsão é de que o país exporte o maior volume desde a safra 2010/11: 32 milhões de toneladas. Esse volume de exportações brasileiras de milho acontece diante de uma previsão de produção menor, 85 milhões de toneladas ante as 97,8 milhões toneladas produzidas na safra 2016/17, e consumo interno maior, previsto em 59,8 milhões de toneladas, ante as 57,3 milhões de toneladas consumidas na safra anterior.

Além disso, a possibilidade de a China deixar de ser auto-suficiente em milho e passar a importar o grão, também gera bastante preocupação. Segundo o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), no final da temporada 2018/19, o estoque de milho do país asiático representará 24,3% do consumo interno, ou seja, a menor relação entre estoque e demanda desde o início da década de 1970.

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A ABPA tem constituído um Grupo de Trabalho voltado para o milho, farelo de soja, soja e todas as proteínas que compõem a alimentação animal. O grupo busca alternativas, como melhores linhas de financiamento, compras antecipadas, parcerias com produtores e grandes produtores, evitando uma oscilação tão grande.

Ao VE, o presidente da Aurora Alimentos, Mário Lanznaster, declarou que a mudança no mercado de milho forçará as agroindústrias de aves e suínos, que hoje estão concentradas no Sul do país, a migrar para a região Centro-Oeste -, sobretudo Mato-Grosso. Ele ponderou que não se trata de um processo fácil, devido à escassez de mão de obra e da cultura de integrados na região Centro-Oeste.

Rota do Milho

 

Atualmente, Santa Catarina produz cerca de 3 milhões de toneladas de milho por ano, enquanto consome em torno de 7 milhões de toneladas/ano. Para atender a demanda interna, o milho é trazido da região centro-oeste do Brasil, precorrendo cerca de 2 mil quilômetros de rodovias.

“Os investimentos do Governo Federal foram feitos para exportar grãos e não para abastecer as agroindústrias”, afirma José Antonio Ribas Junior, presidente da ACAV (Associação Catarinense de Avicultura). “A produção de grãos está no Centro-Oeste e a produção de carnes está no Sul”, completa.

Santa Catarina está prestes a inaugurar a Rota do Milho, que viabiliza o transporte de grãos do Paraguai até a aduana de Dionísio Cerqueira – num trajeto mais curto e mais barato para suprir a demanda do Estado. O governo do estado catarinense reivindica ao governo federal melhorias na aduana de Dionísio Cerqueira, que passará a receber 150 caminhões por dia, além de subvenção ao frete.

Para o presidente da Aurora, a construção de uma ferrovia para escoar o milho de Mato Grosso para Santa Catarina seria um saída, mas não há vontade política para esse projeto.

A avaliação do presidente da Unem (União Nacional de Etanol de Milho), Ricardo Tomczyk, é que nessa competição por milho as usinas e os produtores de frangos sairão em vantagem em relação aos exportadores do grão. “Para o produtor, é mais fácil comercializar com quem está do lado“, disse ao VE, sustentando que as usinas podem até ter impacto positivo para os produtores de carne. O DDG (sigla em inglês para Grãos Secos de Destilaria) é um subproduto do etanol de milho que pode ser usado na ração.

Com informações do Jornal Valor Econômico e da Assessoria de Imprensa do Governo do Estado de Santa Catarina

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