Referências Bibliográficas em arquivo anexo
Uso Racional de aditivos de Crescimento para Frangos de Corte
Neste trabalho foram abordados os principais mitos relacionados ao uso dos aditivos de crescimento na cadeia avícola, mostrando a realidade […]
Neste trabalho foram abordados os principais mitos relacionados ao uso dos aditivos de crescimento na cadeia avícola, mostrando a realidade por trás das principais preocupações do consumidor. Informar a sociedade sobre o real funcionamento da cadeia avícola deve ser um trabalho a ser executado com regularidade, para desfazer os mitos que envolvem o setor no Brasil.
A avicultura de corte no Brasil tem merecido uma posição de destaque nas últimas décadas no cenário do agronegócio brasileiro, pois é sem dúvidas, o setor de produção animal mais moderno e eficiente do país, além de um dos mais competitivos mundialmente. Certamente, a capacidade dos nutricionistas de utilizarem a enorme variedade de aditivos colabora para este cenário.
O uso de aditivos, como antibióticos, probióticos, prebióticos e simbióticos vêm sendo bastante enfatizado na alimentação animal, pois contribuem na melhoria do desempenho animal.
A utilização de aditivos muitas vezes não visa apenas o desempenho e a eficiência, mas também a prevenção e controle de doenças intestinais, imunomodulação, e o bem-estar animal. Obviamente, todos estes alvos resultam em impacto favorável sobre o desempenho e a posição que a avicultura de corte no Brasil se encontra.
O aumento da produtividade expôs os animais a uma situação maior de estresse, principalmente de origem nutricional. O estresse afeta diretamente o desempenho das aves de corte, causando queda no consumo alimentar seguido por uma deficiência energética e mobilização das reservas corporais.
A pouca diversidade da microflora intestinal de aves recém-eclodidas, além de ser considerada como um fator limitante para a digestão, também possibilita a colonização intestinal por patógenos entéricos. A má digestão e a má absorção podem agravar ainda mais a situação e resultar em perturbação digestiva principalmente devido ao crescimento bacteriano e fúngico no trato gastrointestinal.
Existem diversas preocupações por parte do grupo consumidor causando uma grande pressão sobre a utilização de aditivos de crescimento.
Muitos acreditam que são utilizados hormônios como aditivo para as aves devido a rápida conversão alimentar, e também muitos correlacionam o surgimento de resistência bacteriana com o consumo de carne de animais de produção.
Na verdade, muitas pessoas não tem conhecimento de como realmente funciona a produção destes animais e muitas notícias são veiculadas erroneamente através de grandes meios de comunicação, propagando ainda mais inverdades sobre a utilização dos aditivos.
Neste trabalho foram abordados os principais mitos relacionados ao uso dos aditivos de crescimento, mostrando a realidade por trás das principais preocupações do consumidor.
ANTIBIÓTICOS
Os antibióticos são instrumentos essenciais para tratamentos de doenças infecciosas. Na avicultura brasileira, começou a ser mais utilizado a partir da década de 60. Entretanto, a questão a se preocupar é se a produção de carnes e ovos é segura ao consumidor (BONATO, 2018).
Na medicina veterinária, o antimicrobiano é usado com finalidades diferentes:
- Terapêutica
- Metafilática
- Profilática
- Aditivo para melhorar na eficácia alimentar
Forma terapêutica
A forma terapêutica é feita quando há confirmação de animais doentes, podendo ela ser realizada de forma parenteral e individual, ou coletiva (terapia grupal) por via enteral, medicando as aves através da água ou ração (SPINOSA; TÁRRAGA, 2011).
É utilizada em doses consideravelmente elevadas e quando já se tem muitos indivíduos doentes (PALERMO-NETO, 2013).
TERAPIA METAFILÁTICA
A terapia metafilática também é realizada de forma grupal ou massal. Os animais de um mesmo lote, com alguns indivíduos apresentando sinais e sintomas indicando uma infecção, são medicados com concentrações terapêuticas de antibiótico (PALERMO-NETO, 2013).
De acordo com Barcellos et al. (2009), também pode ser utilizado como controle de clostridiose em áreas críticas. Faz-se o uso de antimicrobiano, em todas as aves e por curto período de tempo.
Uma questão levantada na avicultura quanto aos antimicrobianos é a respeito da possibilidade de se fazer associações entre moléculas dos mesmos antimicrobianos. Neste contexto devem-se evitar associações, segundo as boas práticas.
Nestes casos, é recomendado instruir-se por tabelas que contém as indicações das associações, efeitos sinérgicos, aditivos e antagônicos.
Desta forma, o uso profilático é a forma preventiva, quando não há animais enfermos (REGITANO; LEAL, 2010).
Um exemplo dessa terapia é a administração intraovo ou no 1° dia de vida, do ceftiofur ou da gentamicina para a prevenção da contaminação de pintinhos e/ou erradicação da Salmonella spp eventualmente presente nas matrizes ou a administração do ceftiofour juntamente com a vacina de Marek nos primeiros dias de vida dos animais.
De certa forma, as doses preventivas dos antibióticos são menores dos que as usadas de forma terapêutica e maiores das doses usadas de forma de aditivo, sendo administradas de forma contínua através da ração (REGITANO; LEAL, 2010).
ADITIVOS ZOOTÉCNICOS
Há também a terapia na forma de aditivos zootécnicos melhoradores de eficiência alimentar. Nesse caso não há animais doentes, o tratamento é realizado para aumentar o ganho de peso e melhorar a conversão alimentar, tendo assim uma melhora nos parâmetros de produtividade (PALERMO-NETO, 2013).
Para que os aditivos sejam considerados micronutrientes de alimentação, de acordo com Faria (2009), devem possuir as seguintes características:
Não ser mutagênico ou carcinogênico;
Melhorar o desempenho economicamente;
Melhorar a microbiota comensal normal;
Ser eficaz mesmo em doses pequenas;
Apresentar nula ou baixa capacidade de absorção oral (ou seja, não ter ação sistêmica);
Ter baixa capacidade de acúmulo residual;
Agir apenas contra bactérias gram-positivas;
Não ser tóxico para os animais nas dosagens recomendadas;
Não apresentar resistência cruzada com outros antibióticos;
Não ser criticamente importante para o uso terapêutico em medicina humana ou veterinária;
não ser prejudicial ao meio ambiente.
PROBIÓTICOS
Conforme Sanders (2000), probióticos são suplementos alimentares compostos de microrganismos vivos que beneficiam a saúde do hospedeiro através do equilíbrio da microbiota intestinal. Podem ser considerados como preparados de microrganismos, ou seus componentes, que têm um efeito benéfico sobre a saúde e o bem estar do hospedeiro.
Schrezenmeir e De Vrese (2001) consideram que o termo probióticos deveria ser usado para designar preparações ou produtos que contém microrganismos viáveis definidos e em quantidade adequada que alteram a microbiota própria das mucosas por colonização de um sistema do hospedeiro, produzindo efeitos benéficos em sua saúde. Independentemente do conceito utilizado.
Os probióticos trazem benefícios à saúde do hospedeiro e não deixam resíduos nos produtos de origem animal.
PREBIÓTICOS
Prebióticos são definidos como compostos não digeríveis por enzimas do organismo animal, e que proporcionam efeito benéfico ao hospedeiro por estimular seletivamente o crescimento e/ou metabolismo de um limitado grupo de bactérias no cólon.
Os prebióticos são representados, principalmente, pelos frutoligossacarídeos, glucoligossacarídeos e mananoligossacarídeos (UTIYAMA et al., 2006).
À medida que as bactérias probióticas e mananoligossacarídeos (MOS) são administradas, a saúde intestinal se torna permanente, impossibilitando o estabelecimento de patógenos como Escherichia coli, Clostridium, Salmonella (SILVA et al., 2009).
Silva (2000) especifica que a microbiota é favorecida pela ação dos prebióticos que têm a capacidade de se ligarem à fímbria de bactérias patogênicas, conduzindo-as junto com o bolo fecal.
A essa ação soma-se a dos probióticos, facilitando a nutrição das células (enterócitos) que recobrem todo o trato digestivo, reduzindo a produção de amônia e aminas, proporcionando equilíbrio e saúde intestinal às aves.
Os antibióticos a seguir estão registrados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) como aditivos zootécnicos melhoradores de eficiência alimentar:
O uso de probióticos tem um grande potencial para a redução do risco de infecção por patógenos, eliminando totalmente o risco dos antibióticos de indução a formas microbianas patogênicas resistentes. Além disto, o potencial de contaminação de carcaças por patógenos oriundos de contaminação intestinal é diminuída (EDENS, 2003).
BARCELLOS et al. (2009) comentam sobre a importância do uso de aditivos ou medicação profilática em produção animal, as consequências da impossibilidade do uso dos mesmos.
Entretanto, é necessário saber o tipo de procedimento farmacológico a se utilizado (profilático ou aditivo), adaptar a escolha do antibiótico e as doses a serem feitas de acordo com o que for necessário.
O uso prudente dos antibióticos na avicultura
Focando na eficácia dos antibióticos na avicultura há recomendações para usá-los tanto na medicina humana quanto na medicina veterinária.
É desejável diminuir o uso de antibióticos em animais de produção, monitorando a saúde dos animais e adotando medidas preventivas (como programas de melhoramento genético, nutricional e ambiental, etc).
Antes de escolher o princípio ativo, é necessário saber todas as vantagens e desvantagens dos antibióticos, usando-os apenas quando o resultado pretendido for certo.
É muito importante manter os protocolos de uso racional, medicando o animal sempre com orientação de um médico veterinário, seguindo corretamente a prescrição indicada de medicamentos devidamente aprovados pelo MAPA, tratando somente dos animais doentes e os que estejam em contato com os mesmos.
Evitar usar como aditivos e de forma profilática na produção animal, os antibióticos que são criticamente importantes para tratamento humano e animal, como cefalosporina de terceira e quarta geração, macrolídeos, quilonas e fluroquinolonas (ACAR et al., 2001).
Conclusão
O crescente uso de aditivos, como antibióticos, probióticos, prebióticos e simbióticos na alimentação animal, vem contribuindo não somente com o desempenho dos animais, mas também para a prevenção de doenças intestinais e imunomodulação das aves, tendo efeito sobre o bem-estar animal.
Todos esses aditivos seguem as devidas regras para serem administrados na produção animal, não comprometendo a qualidade do produto e a saúde humana. Como complemento, o melhoramento genético e nutricional avançou de forma surpreendente nas últimas décadas, sendo capazes de trazer os resultados esperados.
Cabe as instituições de ensino, empresas e órgãos públicos colocarem a população a par do real funcionamento da cadeia de produção avícola, a fim de esclarecer os protocolos nutricionais, avanço genético e manutenção das aves, além de informar sobre a legislação e fiscalização que rege a avicultura.
Esse trabalho informativo deve ser feito com regularidade, para que no futuro não exista esse mito envolvendo a produção avícola no Brasil, proporcionando ao setor comercial um crescimento seguro, e extinguindo o medo e preconceito da população sobre este importante produto do comércio brasileiro.