Um fator importante para definir a qualidade do ovo é a qualidade de casca. Considerada como uma primeira barreira de proteção física do ovo, ela deva ser:
- Íntegra,
- Limpa e
- Sem deformidades.
Cascas finas trincam com mais facilidade durante o manejo de coleta e transporte, aumentando a contaminação e perda de umidade, que afetará diretamente a qualidade do pinto.
Existem várias maneiras de se medir a qualidade da casca do ovo, e dentre as mais simples e largamente utilizada, temos a gravidade específica.
Através desse método é possível analisar de forma indireta a espessura da casca. Nos casos em que o indicador fogem ao padrão, é possível investigar as possíveis causas e tomar a melhor decisão para correção do problema – e ao mesmo tempo mitigar os prejuízos causados pela casca mais fina.
O método mais tradicional para determinação da gravidade específica é o de sal, em que os ovos são colocados em uma solução com a concentração de sal específica para cada balde:
- 1070,
- 1075,
- 1080 e
- 1085 g/cm³.
Os ovos são colocados primeiramente no recipiente com menor concentração salina; e os que afundam são sempre repassados para o próximo recipiente com maior concentração. Os ovos que flutuam correspondem à solução em que foram colocados.
O valor de referência para a mensuração de uma boa qualidade de casca é entre 1075 a 1085 g/cm³ – com esta gravidade específica conseguimos a melhor eclodibilidade e aproveitamento de pintos no incubatório.
É muito importante checar o procedimento para determinação da gravidade específica. Os fatores que podem afetam os resultados da medição são:
Temperatura da solução salina: deve-se manter constante a 20ºC, pois quanto maior a temperatura, maior a gravidade específica;
Tempo de estocagem: a gravidade específica diminui conforme a idade do ovo, portanto o teste deve ser feito em no máximo 48 horas após a postura;
Horário da postura: ovos produzidos à tarde têm maior gravidade específica quando comparados com os da manhã em granjas climatizadas. Para o teste, certificar-se de as amostras foram produzidas no mesmo período (preferencialmente na segunda coleta da manhã);
Aproveitar somente ovos incubáveis limpos para realização da medição, ovos trincados, lixados, defeituosos etc não devem ser utilizados na avaliação.rio da postura: ovos produzidos à tarde têm maior gravidade específica quando comparados com os da manhã em granjas climatizadas. Para o teste, certificar-se de as amostras foram produzidas no mesmo período (preferencialmente na segunda coleta da manhã);
Os principais fatores que interferem na qualidade da casca do ovo são:
- Horário da postura;
- Horário do fornecimento de ração;
- Idade e tamanho da galinha, e consequentemente tamanho e uniformidade do ovo;
- Deficiências ou excessos nutricionais (cálcio, fósforo, manganês, cobre, zinco, vitamina D);
- Agentes infecciosos, como por exemplo bronquite infecciosa, síndrome da queda de postura, doença de Newcastle;
- Intoxicação por inseticidas organoclorados;
- Qualidade da água;
- Condições ambientais (aves que sofrem estresse térmico produzem ovos com casca fina – ingerem mais água e as fezes se tornam liquefeitas com maior motilidade intestinal, com passagem do calcário grosso da ração);
Ocasionalmente temos situações em que não conseguimos identificar a(s) causa(s) possível(is) que está(ão) interferindo na gravidade específica.
Temos então ações no efeito, em que tratamos principalmente o manejo para qualidade do ovo:
Cuidar com o manejo dos ovos, da postura até a bandeja de incubação. Regular a velocidade e pontos de transição das esteiras transportadoras de ovos, evitar acúmulo de ovos nos ninhos e mesas de coleta, averiguar todos os encontros de esteiras para identificar e evitar trincas;
Aumentar a limpeza e desinfecção de ninhos e esteiras, quantidade de coletas recomendadas pela equipe técnica bem como sua desinfecção logo após cada coleta (inclusive de ovos sujos e de cama após serem higienizados e que possuem maior potencial de contaminação no incubatório);
Utilizar circuladores de ar na sala de ovos da granja para uniformizar a temperatura ambiente da mesma – que deve estar cerca de 1 a 2ºC acima da temperatura do caminhão e da sala de ovos do incubatório para evitar condensação nos ovos na parte inferior dos carrinhos e potencializar ainda mais a contaminação;
Em casos de desinfecção seca, checar a quantidade de paraformoldeído utilizado (que pode ser aumentado de acordo com o nível de contaminação), vedação dos fumigadores (utilização de dumper para evitar a saída do gás durante o processo), tempo de exposição;
Realizar manutenção apropriada das rodas e rodízios dos carrinhos e das bandejas de ovos;
Gerenciar o estoque dos ovos dos lotes acometidos – já que tendem a perder maior umidade para o ambiente. A gestão desse estoque é bastante importante para minimizar os problemas que afetarão a qualidade do pinto de 1 dia;
Manejar as incubadoras com maior umidade para evitar a desidratação excessiva desses embriões. O parâmetro meio que devemos utilizar é a perda de umidade do ovo, que deve estar entre 12 e 13%;
Aumentar a limpeza e desinfecção de ambientes, máquinas e vacinadoras no incubatório, como já mencionado esses ovos possuem maior potencial de contaminação;
Cuidar com o manuseio dos ovos na transferência da incubadora, vacinação e acomodação dos ovos nas caixas do nascedouro. Operadores mal treinados podem aumentar as perdas por trincar os ovos nesse momento.
O método da gravidade específica é bastante simples para ser realizado e conhecermos a qualidade da casca dos ovos que temos. Ele permite que possamos tomar ações para adequar e mitigar os problemas de má qualidade de casca, que vão influenciar diretamente a eclosão e a qualidade do pinto de 1 dia.