A presença de camas úmidas e viscosas, junto com nitrogênio e amoníaco procedentes das fezes podem provocar irritação nas patas, jarrete e/ou peito dos animais. Se estas queimaduras se agravam, não só podem corroer a pele, como também favorecer a entrada de infecções e produzir claudicação.
No âmbito da nutrição, vários trabalhos científicos evidenciaram uma relação diretamente proporcional entre o nível de proteína bruta (PB) da dieta e a incidência de pododermatites.
Estes estudos sugerem que um menor conteúdo em proteína dietética promove redução do consumo de água e excreção de excedente de nitrogênio consequentemente diminuindo a umidade da cama e seu conteúdo em nitrogênio, principais fatores desencadeantes da dermatite de contato.
Avaliar o efeito da redução do nível de proteína bruta em dietas suplementadas com aminoácidos sobre os resultados produtivos, a qualidade da cama e a incidência de pododermatite em frangos de corte.
ANIMAIS
3.360 pintinhos Ross mistos de 1 dia de idade e 44,2 ± 1,04 g de peso vivo inicial
MATERIAL DA CAMA
Casca de arroz (4 kg/m2)
DIETAS
3 tratamentos experimentais:
42 dias de engorda.
MEDIDAS POR CURRAL
Peso vivo e consumo de ração
0, 7, 21, 29 e 42 dias de estudo, coincidindo com cada fase do programa nutricional.
Mortalidade
Diariamente.
Qualidade da cama
Parâmetros de bem-estar segundo o protocolo Welfare Quality (2009) www.welfarequalitynetwork.net/media/1019/poultry_protocol.pdf em 18 frangos por curral, selecionados aleatoriamente
(0 = ausência, e 4 = presença severa).
(0 = ausência, e 4 = presença severa).
(0 = limpa, 3 = muito suja).
(0 = deslocamento normal, 5 = quando o animal é incapaz de andar).
Os dados produtivos, de umidade da cama e nitrogênio das fezes foram analisados a partir de um modelo de efeitos mistos, com medidas repetidas. Os dados de pontuação da qualidade da cama e parâmetros de bem-estar animal foram analisados a partir de um teste Qui-quadrado.
RESULTADOS
Consumo de ração
0,107 ± 0,0007 kg/dia
Ganho médio diário
0,066 ± 0,0004 kg/dia
Índice de conversão
1,617 ± 0,0100 kg/kg
Mortalidade
5,617 ± 0,7526 %
T2 e T3 melhoraram significativamente o peso vivo, comparados a T1 nos dias 21 e 29 do estudo.
T2 vs T1
1,013 vs. 0,990 ± 0,0066 kg
T3 vs T1
1,693 vs. 1,665 ± 0,0086 kg
O tratamento nutricional não teve efeito na umidade (25,80+- 0,657%), nem qualidade da cama (completamente seca). No entanto, T3 diminuiu em 7% o conteúdo de nitrogênio total nas fezes em comparação aos outros tratamentos (3,63 vs. 3,91 ± 0,079 %).
89% dos animais observados não apresentaram claudicação e não foram observadas diferenças entre tratamentos
Observou-se menor proporção de animais com podermatite de grau 1 no T3, comparado ao restante dos tratamentos (2,8 vs. 9,7 %).
Foi registrada redução significativa na proporção de frangos com sujeira nas penas do peito no T3, T2 e T1 (3,7, 9,0 e 15,3 %, respectivamente).
CONCLUSÕES
Este estudo evidenciou que a estratégia nutricional de reduzir a PB da dieta em torno de 1,2 ou 1,5%, conforme a fase produção, permitiu diminuir a incidência de pododermatite e sujidade da plumagem no peito ao diminuir a excreção de nitrogênio procedente das fezes. Tudo isso, sem prejudicar o desempenho produtivo e inclusive, melhorando, na primeira metade da engorda.
Portanto, a redução da PB em uma dieta suplementada com aminoácidos sintéticos pode ser uma ferramenta eficaz para melhorar o bem-estar animal, minimizar o impacto ambiental e aumentar a produtividade na engorda de frangos.