Para ler mais conteúdo de aviNews Brasil dezembro 2020
Os frangos são animais muito especializados em produzir carne. Essa especialidade traz uma outra produção, o calor endógeno.
A quantidade de calor gerada por um frango de corte é alta se considerarmos a capacidade que esse animal tem em dissipar e o detalhe é que nos primeiros dias tem baixa eficiência de geração de calor.
Temos então uma situação conflitante, ou seja, os frangos podem passar por estresse térmico em seus dois modos:
O frio nas primeiras semanas de vida, ou
O calor nas últimas.
Havendo desta maneira necessidade de entender as ferramentas nessas situações.
Ao respirar, há formação de radicais livres, que são interessantes do ponto de vista da imunidade, muito embora, se gerado em excesso, ou acima da capacidade antioxidante da ave, promove desequilíbrio e é o que chamamos de estresse oxidativo. Esse tipo de estresse pode ocorrer em qualquer situação de estresse térmico, seja pelo frio ou pelo calor.
discondroplasia tibial,
hipertensão pulmonar,
white striping,
wooden breast e
spaghetti meat
São ocasionadas por desequilíbrio sistemático das funções biológicas. Logo, a associação com o estresse é direta, pois o que ocorre é tudo que estimula desequilíbrio, sendo que o ajuste de diversos fatores pode reduzir os impactos, ou a incidência de síndromes, ou de qualquer efeito que afete a eficiência e eficácia dos lotes de frangos de corte.
Assim, é primordial entender e buscar modos de ação nesse ponto de nutrição de frangos de corte em condição de estresse.
Mas então, o que devemos observar?
A nutrição pode sim contribuir para amenizar os impactos do estresse térmico. Amenizar, não eliminar completamente, que fique claro! Condições ideais de bem-estar e ambiência são as melhores, sempre!
E nesse aspecto, a receita básica é reduzir o calor endógeno produzido, se utilizando de técnicas e meios de rações:
mais eficientes,
com maior disponibilidade,
maior digestibilidade,
maior suporte às enzimas digestivas,
maior redução dos fatores antinutricionais,
maior incremento da imunidade,
menor estresse oxidativo…não se limitando a esses, claro!
Se está ocorrendo um ganho de calor no metabolismo, deve ser compensado em alguma outra parte, pois é válido entender e lembrar que as perdas evaporativas são, apesar de existir, limitadas.
Cerca de 30% da energia que um frango produz é para as funções básicas da vida, e nisso está incluído o que tanto desejamos na produção de frangos. E olha só, o resto, ou seja, cerca de 70% da energia segue para outras funções, com elevada produção de calor.
Assim, fica a pergunta, produzimos frangos com elevado poder de conversão em carne ou em calor?
Em resumo, o frango é uma máquina de produzir calor e, por isso, os ajustes nutricionais devem ocorrer de modo eficiente, haja vista a manutenção do equilíbrio ser essencial ao sucesso.
Nesse sentido, precisamos deslocar o uso da energia da ave para as funções que importam, aquelas que de fato serão importantes para a produção avícola, ou seja, tornar a eficiência de geração de calor mais eficaz, enfim, mais carne de excelente qualidade e mais poder de mercado ao segmento!
Aliado a todas essas questões, está a saúde intestinal. Não há o que se falar em nutrição sem considerar saúde intestinal.
A dependência de absorção de nutrientes é vital para a vida e influencia diretamente o frango de corte.
as modificações do sistema nervoso;
a quebra dos compostos não digeríveis;
a resistência a patógenos;
a proteção contra danos ao epitélio;
a modulação e densidade dos ossos;
a reserva de nutrientes como a gordura;
a circulação sanguínea;
a estimulação do sistema imune;
a biossínteses de vitaminas e
aminoácidos e
o metabolismo geral.
Sendo assim, saúde intestinal é falar de microbioma. E falar desses dois é nutrição de aves e, se os animais estão passando por estresse térmico, tudo deve ser sempre muito bem considerado.
O que fazer?
Alinhando os aspectos aqui abordados sobre o estresse e o que considerar em relação às aves, podemos citar diversos modos dos efeitos do estresse térmico. Só que para que possamos escolher o melhor modo de ação nas aves, precisamos ter um controle maior sobre a produção, e não apenas uma parte, mas um controle amplo, confiável e, ao mesmo tempo, ágil para servir de tomada de decisão.
Nesse sentido, a Precision Livestock Farming deve ser uma aliada na produção avícola. As possibilidades de automação da produção dos dados gerados em diversos aspectos, possibilitaram ao produtor a melhor tomada de decisão sobre o que fazer, quando fazer e quais métodos a serem utilizados.
Do ponto de vista da energia, ela tem menor demanda quando a temperatura do ambiente é incrementada e, como é fator importante na regulação do consumo, logo a eficiência alimentar das aves está em função da temperatura.
Sendo assim, o ajuste da energia metabolizável para corrigir redução de consumo de ração em situação de calor não é totalmente eficiente, caso não seja regulado os demais nutrientes, ou seja, a relação energia:nutrientes é o foco, evitando que tenha uma dieta desbalanceada e perda ainda maior de desempenho.
Aminoácidos
Em relação à proteína e aminoácidos, temos que considerar:
a digestibilidade,
a redução da proteína e
suplementação com aminoácidos industriais
Seguindo essa lógica, se obtém menor incremento calórico e melhor aporte nutricional no perfil de aminoácidos na dieta. Vale lembrar que a redução em excesso da proteína bruta pode acarretar provável redução de potássio na dieta, sendo esse um fator importante a ser observado.
Assim sendo, a formulação com aminoácidos possibilita melhora nos índices de eficiência do processo econômico e ambiental, haja vista a menor excreção de nitrogênio devido o excesso de proteína bruta, e além disso, na proteína ideal, evita excessos de aminoácidos, elevando a eficiência energética e metabólica na síntese proteica.
Em se tratando de aminoácidos nas rações, além de ficar atento ao balanço eletrolítico em virtude da redução da proteína bruta, que pode até alterar o nível recomendado de alguns aminoácidos, é a questão da fonte dos aminoácidos.
Por exemplo, a Metionina tem diversas fontes, DL, D, L, além dos análogos. Ou seja, não basta suplementar, mas considerar a fonte usada porque há variação nas rotas metabólicas à cada fonte e, em situações de estresse térmico, essas rotas podem ou não ser influenciadas e, por conseguinte, reduzir a capacidade de fornecimento do aminoácido que o produtor espera que ele atenda.
“queima” dos coxins plantar,
calos de peito,
celulite e
recusa de carcaças;
Isso, contando ainda que o custo com energia para maior circulação do ar vai aumentar, pois o produtor perceberá esse incremento de amônia apenas quando os níveis estiverem elevados aos frangos, ou seja, os danos aos animais já estão ocorrendo e a reversão é ineficaz.
Enzimas
Tratando das enzimas, elas são mais eficientes em melhorar o aproveitamento dos alimentos e, logicamente, aumenta a eficiência nutricional. De tal modo, reduz a demanda de energia no processo digestório, o que pode reduzir o incremento de calor endógeno.
Adicionalmente, as enzimas contribuem para reduzir a limitação das aves na capacidade fermentativa, que é reduzida. E, por isso, amplia os produtos que as aves têm acesso e permitem ampliar os ganhos nutricionais e até melhora da saúde intestinal, haja vista que:
Alguns dos produtos pós ação enzimática têm efeitos prebióticos, beneficiando bactérias benéficas do trato digestório, contribuindo para um perfil mais interessante no microbioma e promovendo a saúde intestinal, essencial para performance eficiente, como abordado anteriormente.
Vitaminas
Em se tratando das vitaminas, é sabido que acabam aumentando a demanda de certas vitaminas em situações de estresse. Alterações na homeostase eletrolítica reduzem a utilização e absorção de vitaminas da dieta e, ainda em termos de armazenamento dos premixes, que perdem atividade quando em condições inadequadas, ou simplesmente pelo tempo.
Nesse sentido, a suplementação de vitaminas E, C, D3 é importante de ser considerada nessas situações de estresse, atendendo a maior demanda e evitando problemas de oxidação que comentamos anteriormente.
O zinco e o selênio são muito importantes no que se refere ao estresse. Ambos possuem ação associada às vitaminas E e C, além de serem importantes em outros aspectos. A fonte deve ser considerada, bem como a sua estabilidade e pureza, pois não adianta ser disponível se tiver variação entre os lotes desses produtos ao longo do ano, por exemplo, pois o atendimento correto pode ser prejudicado.
Os ácidos orgânicos, os óleos essenciais, entre outros, possuem características de atividade antimicrobiana, redução do pH do trato intestinal, são antifúngicos, estimulam a secreção enzimática, melhoram a digestão dos nutrientes, melhoram a resposta imune, entre tantos outros efeitos benéficos que, se considerados de modo equilibrado nos demais pontos aqui abordados, contribuem de modo eficiente na redução dos efeitos do estresse.
E quando em situações de não estresse térmico, ampliam ainda mais os benefícios, associados aos ganhos de desempenho que podem ser somados aos outros modos de ação.
Considerações finais
A nutrição dos frangos de corte em condição de estresse térmico está no limiar do sucesso, podendo amenizar, mas se não respeitado os atributos fisiológicos das aves, pode gerar dados insatisfatórios.
A produção animal de precisão amplia a chance de sucesso nesse ponto, quando levamos em consideração os termos de controle, ou quais são os pontos fortes a valorizar e, com isso, maior poder de acerto nas questões nutricionais ajustadas às condições do ambiente de produção com maior exatidão possível.
Em resumo, a nutrição pode editar muito a capacidade da ave em enfrentar condições adversas de estresse térmico, desde que sejam sempre considerados os aspectos inerentes à ave, à produção em si e a exigência do mercado atual.