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Nutrição e Manejo de frangos de corte e reprodutoras pesadas nos EUA

Escrito por: Dave Burnham
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nutrição e manejo

Conteúdo disponível em: Español (Espanhol) English (Inglês)

Quais os desafios da indústria avícola, em termos de manejo e nutrição, para garantir a eficácia dos excepcionais avanços conquistados nos últimos 40 anos?

Há 40 anos, quando me formei na Universidade de Pretória, a indústria estava voltada para o uso de métodos científicos para melhorar o bem-estar, o rendimento e a rentabilidade da produção animal.

Como indústria, devemos ficar muito orgulhosos dos excepcionais avanços que conquistamos, os quais vão muito além do que qualquer um de nós poderia ter imaginado.

A era da ciência e os avanços no rendimento

AVANÇOS CIENTÍFICOS SIGNIFICATIVOS:

NUTRIÇÃO

Do ponto de vista nutricional, o desenvolvimento de aminoácidos cristalinos e suplementos vitamínicos para as rações provavelmente tiveram  o maior efeito nutricional sobre o rendimento e os custos da produção animal.

VACINAS

Não podemos ignorar o grande impacto das vacinas, que reduziram drasticamente a mortalidade e a morbilidade, diminuindo a necessidade de utilizar medicamentos.

GENÉTICA

Provavelmente, foi uma das principais contribuições para alcançar os maiores avanços em rendimento. As melhoras em saúde, bem-estar, eficiência no uso de nutrientes (eficiência alimentar) e rendimento cárnico são notáveis.

ALOJAMENTO GENÉTICA VACINAS NUTRIÇÃO

Avanços em controladores eletrônicos, painéis de refrigeração, ventilação de túnel, sistemas de alimentação e bebedouros de tetina.

A melhora no uso dos ingredientes e a redução da superfície cultivável necessária para alimentar as aves são verdadeiramente espetaculares — poderia arriscar-me a dizer que estes tiveram um impacto real na sustentabilidade.

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AMINOÁCIDOS CRISTALINOS:

Chegamos a compreender a nutrição com aminoácidos comerciais, formulando com valores de aminoácidos digestíveis e utilizando “níveis ideais”.

Excluindo a metionina, sem a qual é muito difícil alimentar os frangos, o uso de L-lisina e L-treonina permite economizar até 11,50 dólares por tonelada em custos atuais de ingredientes e reduzir as emissões de nitrogênio em 10-15%.

A ERA DO BENCHMARKING:

Os gerentes de produção não compreenderam a “ciência” nem as práticas deste novo sistema de produção. Com isso, um “simples” relatório tabulado que mostrava seu rendimento em relação aos outros produtores se tornava a ferramenta de manejo da empresa, entrando na era do benchmarking.

Acredito que este sistema causou importantes danos à indústria:

Minimizou a importância da pesquisa nas universidades.

Apropriou-se de muitas responsabilidades do comprador.

Eliminou a responsabilidade do nutricionista de pesquisar as práticas nutricionais mais eficientes.

Substituiu a pesquisa tradicional.

Isolou as divisões de produção e as colocou em silos separados.

Concentrou o rendimento na conversão calórica e no custo mais baixo.

A conversão calórica deve ser a medida de rendimento menos confiável de todas.

Compartilhou os números e os custos de produção com os fornecedores e clientes da indústria.

Em minha opinião, o benchmarking levou à mediocridade, em lugar de promover a excelência.

A era da regulamentação governamental, os ativistas a favor dos direitos animais, as resistências antimicrobianas, os alarmistas sobre o meio ambiente, a sustentabilidade e o aquecimento global, o movimento ecológico e o marketing ativista.

Os governos, que “nunca desperdiçam uma crise”, começaram a impor regulamentações adicionais à produção animal. “A doença da vaca louca” foi a escusa perfeita, os cidadãos exigiam que se tomassem medidas e, consequentemente, os governos agiram.

Posteriormente chegaram as resistências antimicrobianas; acredito que os grupos a favor dos direitos dos animais realmente acreditaram que este seria o último prego no “caixão” da indústria da carne. No entanto, há muitos cientistas envolvidos nesta indústria e eles não demoraram muito para encontrar uma forma de criar os frangos sem o uso de antibióticos  promotores do crescimento. Presumo que os consideráveis avanços em matéria de tecnologia vacinal, aditivos alimentares e nutrição tenham permitido que isso fosse possível.

Os ativistas (ecologistas e defensores dos direitos dos animais) se encorajaram durante essa época e conseguiram influenciar a mídia e os legisladores para aumentar as regulamentações sobre a produção animal.

O EFEITO DO MARKETING ATIVISTA:

As empresas de serviços alimentícios — restaurantes e supermercados — têm sido o alvo desses grupos de ativistas, que exigem o apoio dessas empresas às práticas que eles promovem. As empresas que não se aliam a suas exigências são humilhadas e submetidas a assédio através da mídia.

Isso nos traz à atualidade e aos desafios da nutrição avícola.

FRANGAS E REPRODUTORAS:

Conforme se mencionou anteriormente, as casas de genética de reprodutoras conquistaram um enorme progresso no que diz respeito ao rendimento. As reprodutoras de alto rendimento trouxeram consigo alguns desafios para a produção de pintos.

Devido aos altos custos associados à mão de obra nos Estados Unidos, optamos por:

Não classificar as frangas por peso (“granding”).

Juntar os galos com as galinhas durante a etapa de crescimento.

Também nos orientamos pelos números do benchmarking em lugar das melhores práticas científicas. Estas ações têm dificultado o manejo dessas aves.

Estratégias nutricionais, em minha experiência, para otimizar a fertilidade em reprodutoras:

Altos níveis de aminoácidos sulfurados, baixo nível de lisina e balanceamento com outros aminoácidos e minerais para o desenvolvimento esquelético.

Atenção ao acesso e distribuição do alimento. Observei que colocamos excessiva pressão nos comedouros, que geralmente são especificados para 15 aves por prato. Isso, geralmente, é suficiente até as 12 semanas de idade, mas não para depois disso. Às 16 semanas cabem aproximadamente 12 aves em torno do comedouro, o que implica que 25% delas terão de competir por espaço, afetando a ingestão diária de nutrientes.

A ingestão de alimento tem um impacto muito maior na “ingestão diária de nutrientes”, do que a formulação do alimento.

As frangas com deficiências de aminoácidos tenderão a arrancar e comer as penas.

Com o objetivo de melhorar a plumagem, muitos se sentem tentados a aumentar a concentração de aminoácidos (ou de proteína crua), podendo exacerbar a situação. Os aminoácidos adicionais são destinados ao peito e podem dar lugar a uma reprodutora com excessivo desenvolvimento muscular.

Considerando que às 25 semanas as aves passaram pela muda final, as penas que tiverem nessa idade são as mesmas que terão durante a fase de produção.

A maior parte da perda de penas durante a postura se deve a danos mecânicos. Comparemos uma galinha  em postura com uma que não está às 60 semanas:

No comedouro (a restrição de espaço leva a empurrões para fora deste).

Durante a cópula, um número excessivo de machos agrava a situação.

No acesso aos ninhos.

Verifiquemos o espaço de comedouro. As reprodutoras são maiores e mais largas do que há 20 anos. Em um galpão padrão de 10 mil galinhas, uma ave ¼ mais larga se traduz em 64 m (210 pés lineares) de espaço de comedouro.

A perda de condição física do macho devido ao roubo de alimento pelas fêmeas ou um espaço de comedouro insuficiente levam a uma regressão testicular que, em conjunto, representam a maior causa da baixa fertilidade.

A pesagem dos ovos é uma excelente ferramenta para controlar a retirada de alimento durante a fase de postura.

Alimentação diária das frangas. É evidente que nos conduziremos para uma alimentação diária durante os próximos anos.

 

REPRODUTORAS:

Casca do ovo: certifique-se de que as reprodutoras não sofram estresse devido ao calor, já que o arquejo leva à alcalose respiratória, afetando os níveis de cálcio no sangue e produzindo ovos com cascas finas. Esta situação é especialmente importante na primavera, quando há curtos períodos de frio e calor. Alimentar as reprodutoras com mais de 4,8 gramas de cálcio por dia tem se mostrado uma prática benéfica para melhorar a qualidade da casca.

Certifique-se de que os ovos estejam limpos, sejam coletados com frequência, colocados em bandejas de incubação desinfetadas, refrigerados corretamente e armazenados em um ambiente fresco e limpo na planta de incubação.

Controle da temperatura na planta de incubação; o calor metabólico — utilize termômetros e câmeras infravermelhas para avaliar e corrigir temperaturas heterogêneas nas bandejas e incubadoras. Garanta que os pintos não sofram estresse devido ao calor durante a sua permanência na incubadora e o transporte para a granja.

CRIAÇÃO:

Verifique a temperatura de incubação. As temperaturas elevadas provocam o arquejo e afetam a integridade do intestino. A presença de cloacas sujas indica que as aves sofreram estresse térmico, o que representa um desafio para o manejo.

Verifique os níveis de gases; <25ppm amoníaco, <2.500 ppm dióxido de carbono.

Garanta o livre acesso e a disponibilidade de alimento e água fresca.

Verifique a cada 24 horas o enchimento do bucho.

Provavelmente, o mais importante é compreender as bases de uma boa nutrição. Isso implica garantir uma parede intestinal saudável e uma população microbiana saudável no trato gastrointestinal:

Utilize ingredientes altamente digestíveis e de boa qualidade.

Em caso de uma dieta vegetal, procure utilizar outras fontes de proteína além da farinha de soja, mas observe o balanceamento de aminoácidos.

Compreenda a importância da concentração de nutrientes. Uma menor densidade de nutrientes poderia resultar em uma cama mais seca e, em consequência, em uma menor incidência de coccidiose e enterite necrótica?

Garanta que os nutrientes estejam balanceados corretamente. Verifique os níveis de aminoácidos digestíveis além dos aminoácidos sulfurosos, lisina e treonina.

As aves depositam urina no cólon para recuperar água, de tal forma que um excesso de nutrientes na urina pode tornar-se uma fonte de nutrientes para organismos patógenos nas porções distais do intestino.

Durante o processo de fabricação do alimento, as temperaturas de peletização excessivas provocam o escurecimento (reação de Maillard)  e a menor disponibilidade de alguns nutrientes para as aves.

Os pellets de boa qualidade melhoram a ingestão de alimento e os rendimentos.

O controle da coccidiose é, sem dúvida, o maior desafio. A restrição do uso dos ionóforos, permitindo somente o uso contínuo de coccidiostáticos  químicos, é talvez uma das práticas mais incompreensíveis que temos permitido em nossa indústria.

Qualquer perturbação entérica que resulte na perda da mucosidade intestinal resultará em uma cama úmida. Manter a cama seca ajuda a reduzir a presença de patógenos.

A mucosidade intestinal exige altos níveis de aminoácidos. O desafio de qualquer programa de alimentação é manter uma microbiota intestinal saudável e minimizar a perda da mucosidade.

ADITIVOS:

Temos observado um grande aumento na disponibilidade e no uso de aditivos no alimento e na água a fim de “substituir” os antibióticos.

CONCLUSÃO:

A melhor coisa que podemos fazer é fazer as coisas da maneira correta, conhecendo as necessidades das aves relacionadas a luz, espaço, ar, temperatura, água, saúde e exigências nutricionais. Do contrário, simplesmente não deveríamos fazer nada.

Devemos ficar orgulhosos de nossas conquistas nos últimos 50 anos,  melhorando continuamente o rendimento e o bem-estar das aves na produção avícola. Não permitamos que nosso árduo trabalho e compromisso sejam ofuscados. Como indústria, realizamos um trabalho notável para prover proteína segura, nutritiva, econômica e saudável para os cidadãos do mundo.

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