Nutrição Animal

Ômega 3 na dieta de matrizes e reprodutores melhora índices reprodutivos

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Para ler mais conteúdo de aviNews Brasil 1T 2023

Letícia Aline Lima da Silva

Letícia Aline Lima da Silva

Tatiana Carlesso dos Santos

Tatiana Carlesso dos Santos
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O sucesso da reprodução em aves está inteiramente ligado a uma boa fertilidade. Para que ocorra uma boa taxa de fertilidade é essencial uma dieta balanceada de forma a abranger todos os nutrientes que terão funções específicas no organismo dos animais. Entre os principais nutrientes estão os lipídios, que são provenientes principalmente dos óleos.

Na indústria avícola, uma prática bastante comum é o uso de óleos na dieta das aves como fonte de energia. O óleo mais utilizado como fonte energética é o óleo de soja. Em sua composição, na fração de ácidos graxos 50% são ômega 6, enquanto 3-3,5 % é de ômega 3. Esse perfil lipídico do óleo de soja, o que produz uma relação de ômega 6: ômega 3 em torno de 14,28:1.
Esta relação é considerada elevada e desta forma podemos considerar que o óleo de soja apresenta um desbalanço entre os ácidos graxos.

Outro fator a ser considerado é que normalmente as dietas de aves possuem uma quantidade de ômega 3 baixa e desta forma a ingestão é insuficiente e pode desencadear o processo de substituição pelos ácidos palmitoleico e oleico, que são dessaturados e alongados, formando ácidos eicosatrienoicos.

As aves, assim como os demais animais, possuem em seu metabolismo necessidade de ômega 6 e 3 na dieta, pois estes são considerados essenciais, uma vez que não são sintetizados no organismo.

Esses ácidos graxos são classificados como poliinsaturados, por apresentarem em sua composição mais de duas duplas ligações. Os principais ácidos graxos no grupo do n-3 é o ácido α-linolênico ou ALA (18:3n-3) e na família do n-6 o principal é o ácido linoleico ou LA (18:2n-6).

ômega 3 na dieta de matrizes e reprodutores

Com relação aos óleos como fonte de ácido α-linolênico podem ser obtidas de:

  • Origem vegetal: óleos de canola, de linhaça e de girassol, farinhas de linhaças e algas marinhas;
  • Origem animal: óleo de peixe.

A inclusão de óleos como fonte de ácidos graxos essenciais é uma das formas mais utilizadas na nutrição animal. Esses óleos também contribuem para:

Redução de pó das rações;

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Auxiliam na palatabilidade, além de melhorar os dados de desempenho dos animais.

Nas matrizes e reprodutores o fornecimento adequado dos ácidos graxos essenciais é um ponto crítico para melhorar:

Fertilidade;

Eclosão;

Qualidade do pintinho.

FONTES DE ÔMEGA 3

ômega 3 na dieta de matrizes e reprodutoresAs principais fontes de ômega 3 são as sementes de plantas oleaginosas como a soja, o milho, o girassol e as castanhas, oleaginosas essas que são utilizadas na produção de óleos e que possuem além de ômega-3, altas concentrações de ácido linoleico.

Outras fontes são os peixes de águas frias e profundas e algumas algas marinhas que produzem o EPA e o DHA e também são utilizados na nutrição animal.

O óleo de peixe é uma fonte bastante estudada na avicultura. A inclusão deste óleo na ração de poedeiras eleva os níveis dos ácidos graxos poliinsaturados da série ômega 3: EPA e DHA, na gema do ovo, no vitelo e no pintinho de 01 dia.

Porém, o fornecimento do óleo de peixe apresenta alto custo, podendo aumentar em duas vezes o custo de produção. Dessa forma os avicultores utilizam como alternativa a mistura de diferentes óleos para balancear o custo de produção e manter os ovos enriquecidos, além de manter uma boa relação de ômegas (6 e 3), ou através da mistura do óleo de peixes com algas marinhas.

Outra fonte de ômega 3 é o óleo de linhaça que promove o aumento do ácido alfa-linolênico no ovo das aves, porém possui pequenas quantidades de EPA e DHA, já que eles não estão disponíveis, tendo que ser sintetizado no organismo através do alfalinolênico. Este óleo possui em torno de 54% do ácido alfa-linolênico na sua composição.

Nos últimos anos a utilização de algas marinhas na dieta de aves têm sido também estudada como uma alternativa de suplemento alimentar rico em ômega-3 para a produção de ovos enriquecidos e para matrizes para melhorar a reprodução.

Essas fontes possuem maiores concentrações dos ácido alfa-linolênico, EPA e DHA quando comparados aos óleos, uma vez que as algas são os produtores primários de ômega 3, sendo os únicos seres vivos capazes de sintetizar EPA e DHA. Os peixes, por exemplo, alimentam-se das algas e depositam esses ácidos graxos, sendo, portanto, fontes secundárias.

 

ômega 3 na dieta de matrizes e reprodutoresBENEFÍCIOS DA SUPLEMENTAÇÃO EM MATRIZES E REPRODUTORES

Para as matrizes a importância do uso dessas fontes de ácidos graxos essenciais é ainda maior, pois parte do que é adquirido na ração é transferido e depositado na gema dos ovos (Figura 2). Os efeitos da modificação do perfil lipídico da gema se refletem na qualidade do ovo em geral, nos indicadores de incubação e qualidade da progênie.

ômega 3 na dieta de matrizes e reprodutores
Ao serem incorporados na gema através da dieta materna, ocorre uma intensa conversão metabólica para que seja fornecido o substrato (EPA, DHA e ácidos graxos) às diversas atividades biológicas ao longo da incubação que afetam diretamente o peso ao primeiro dia e comprimento dos animais, são eles:

Sendo assim, níveis adequados de ácidos graxos essenciais na gema dos ovos incubados afetam o desenvolvimento embrionário e a qualidade do pintinho, o peso inicial, o comprimento e o crescimento ósseo da progênie. 

Uma baixa eclosão pode ser influenciada pela redução da transferência dos lipídios presentes na gema para o embrião, afetando o acesso aos nutrientes, atrasando o desenvolvimento embrionário e, como consequência, resultando em redução da eclosão.
Em estudos foram observados que a deficiência dos ácidos graxos essenciais (ômega 3 e 6) na dieta das matrizes resultou em eclosão tardia e crescimento lento, quando comparado a matrizes que receberam os ácidos graxos essenciais. Isso ocorre, pois, esses ácidos modulam a formação de todos os tecidos corporais.

Para os reprodutores a suplementação de ácidos graxos é importante pois ajuda na qualidade dos espermatozoides, devido a modificação na estrutura da membrana celular e na redução da peroxidação.

ômega 3 na dieta de matrizes e reprodutoresO ômega 3 influencia ainda nas vias biossintéticas de prostaglandinas e na estereidogênese, melhorando assim a motilidade, a vitalidade e a fluidez dos espermatozoides. Todas essas funções do ômega-3 e seus metabólitos resultam em aumento na fertilidade dos machos e consequente aumento na produção de pintinhos nos sistemas de produção de aves comerciais.

Em estudo analisando diferentes níveis de inclusão de óleo de linhaça como fonte de ômega -3 em matrizes e reprodutores de codornas japonesas, conclui-se que uma relação de 9,29, melhora a eclodibilidade, qualidade e composição corporal do pintinho de um dia.

 

OXIDAÇÃO DOS ÁCIDOS GRAXOS POLIINSATURADOS

Os ácidos graxos poliinsaturados possuem em sua composição muitas duplas ligações com um alto potencial oxidativo. Para minimizar esses efeitos oxidativos vem sendo utilizado na ração: antioxidantes, principalmente os naturais como o caso da vitamina E, selênio e a vitamina C, que além de proteger a oxidação da gordura, também enriquecem o ovo.
Essa suplementação é importante, pois durante a incubação principalmente no período próximo a eclosão ocorre um aumento no metabolismo do pintinho, gerando uma alta produção de radicais livres.

O tecido embrionário possui uma alta concentração de ácidos graxos poliinsaturados que é a principal fonte de energia dos embriões, com isso a exigência por antioxidantes aumenta por serem mais sensíveis a rupturas provocadas pelos radicas livres, além dos processos respiratórios do pintinho que elevam os teores de oxigênio no ambiente, acelerando o processo de oxidação.

ômega 3 na dieta de matrizes e reprodutores

Os principais antioxidantes utilizados na ração animal são as vitaminas E e C, os carotenoides, e os minerais como o selênio, o zinco e o cobre.

Os minerais, os carotenoides e a vitamina E são transferidos para a gema com a suplementação nas matrizes, pois com a transferência para a gema serão depositados nos tecidos embrionários, os outros antioxidantes são sintetizados no organismo do animal.
Para vitamina E, o principal isômero utilizado na indústria é o α-tocoferol que atua na neutralização de radicais peroxilas de ácidos graxos, protegendo membranas e lipoproteínas, por isso essa vitamina vem sendo utilizada em dietas suplementadas com ácidos graxos poliinsaturados, níveis acima de 100mg/kg na dieta.

No entanto, essa suplementação de antioxidantes para matrizes não está bem definida, onde com o aumento da utilização dos óleos ricos em ômega-3 é necessária uma maior suplementação, por esses óleos possuírem menores teores de vitamina E na sua composição, enquanto que as algas possuem maiores teores de vitamina E na sua composição.

ESTUDO

Diante disso, têm sido realizadas pesquisas na Universidade Estadual de Maringá- UEM com o objetivo de avaliar a suplementação de matrizes de codornas japonesas com adição de ômega 3 e utilização de antioxidante.

Alguns resultados parciais e preliminares já foram divulgados e serão apresentados a seguir, onde avaliou-se duas relações de ômega 6 e ômega 3 e três níveis de vitamina E (vitE).

Foi realizado um experimento com seis dietas experimentais sendo: duas relações de ômega 6: ômega 3 a 13,75:1 e 9,29:1 e suplementadas com três níveis de vitE (25, 200 e 250 mg/kg). Para a obtenção da relação 9,29 foi utilizado óleo de linhaça como fonte de ômega 3, onde foi adicionado junto com o óleo de soja, a relação 13,75 é a relação da dieta basal contendo apenas óleo de soja.

Não foram observadas diferenças no desempenho produtivo e qualidade do ovo nem com a modificação da relação e a inclusão dos níveis de vitamina E, entretanto, no desempenho de incubação, foi observado que a eclodibilidade dos ovos férteis foi maior com a relação 9,29:1 (97,17%), enquanto que a relação 13,75:1 foi de 93,99%.

ômega 3 na dieta de matrizes e reprodutores

A relação e os níveis vit E influenciaram a mortalidade total dos pintinhos. Quando a relação reduziu e os níveis de vit E aumentaram a mortalidade reduziu.

A partir desses resultados conclui-se que para o desempenho reprodutivo e qualidade de pintinho a melhor relação seria a 9,29, suplementada com 250 mg de vitamina E por apresentar melhores taxas de eclosão, fertilidade e maior peso e comprimento do pintinho de um dia. Essa relação é obtida com o uso de óleo de canola na ração, demonstrando a indicação de uso do óleo como fonte de ômega-3 para matrizes de aves comerciais.

ômega 3 na dieta de matrizes e reprodutoresCONSIDERAÇÕES FINAIS

A redução na fertilidade das matrizes e reprodutores de frango pesado é uma realidade na indústria, e uma das alternativas para melhorar esses índices produtivos são a utilização de alimentos que ajudem aumentar esses índices.

Os estudos em matrizes de codornas demonstram que o uso de fontes de óleos ricas em omega-3 melhora a fertilidade, a taxa de eclosão e a qualidade de pintinho, sendo esses resultados promissores para todas as espécies de aves comerciais.

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