O fato de o Brasil ser hoje o maior exportador e terceiro maior produtor de frango do mundo nos dá a condição interessante de matriz de produção, resultando em oportunidades, mas também nos colocando desafios.
No curto prazo, passamos por desafios na cadeia de suprimentos, muito baseados na questão do grão, por conta da alta do dólar e das movimentações do estoque mundial. O Brasil precisa estabelecer, urgentemente, um plano muito consistente para o abastecimento da cadeia de suprimentos, considerando que temos uma estrutura muito competente de exportação de grãos e muita dificuldade de abastecimento do mercado interno.
O setor que mais gera emprego e riquezas para o País deve ser priorizado quanto ao atendimento. Não é sustentável para nossas cadeias de produção abastecer a concorrência externa em detrimento às nossas vantagens competitivas.
Vivemos ainda uma condição bastante relevante no que se refere a todo o sistema de fiscalização, checagem da qualidade dos nossos abates. Estamos num momento de transformação, que passa por enfrentar alguns desafios importantes que agridem o custo de operação das indústrias brasileiras. Este processo exige que cada ator deste contexto faça seu papel com urgência e ciência.
Um excelente trabalho vem sendo conduzido pelo Ministério da Agricultura no sentido de avançar na modernização do sistema de fiscalização dos abates e de todo o processamento das proteínas no Brasil. Superados esses pontos imediatos, o futuro do setor brasileiro de produção de proteína avícola é muito promissor. Podemos pensar no Brasil, a médio e longo prazo, como o País que alimentará o mundo e um mundo que precisa do alimento brasileiro.
Ao mesmo tempo em que atendemos a mercados extremamente exigentes, milhões de pessoas no mundo não têm acesso à proteína animal no dia a dia. E a avicultura brasileira tem competência para também atender ambas as demandas.
Podemos atender a produção de alimentos do mundo, nos orgulhando de fazê-lo de forma sustentável. Quem mais pode falar sobre isso, melhor do que nós? O Brasil tem ainda 61% de seu território preservado com a vegetação nativa, diferentemente de outros países de dimensões continentais como o nosso país. As novas tecnologias também estão contribuindo para que o nosso setor atue com sustentabilidade, chegando hoje a 15% das grandes agroindústrias com auto suficiência em energia fotovoltaica, por exemplo.
Essas mesmas tecnologias aportarão ainda mais eficiência para o nosso setor, nos ajudando a avançarmos ainda mais em nossa competitividade, qualidade e, por consequência, sustentabilidade. Entretanto há lacunas a serem capturadas, entre elas, precisamos focar na formação de profissionais que englobem os domínios sobre a operação de toda essa nova tecnologia e sobre a realidade do campo.
Estamos em posição de destaque quanto a cuidados sanitários relacionados à produção. Produzimos 14 milhões de toneladas de frango ao ano, atendendo a mercados exigentes. Neste sentido, a qualidade é um tema relevante, porque a saudabilidade ocupa lugar cada vez mais destacado na mesa das pessoas.
Nossas instalações de aves são melhores do que a casa de mais de 800 milhões de pessoas ao redor do mundo. O consumidor precisa conhecer como são realizadas todas as etapas da nossa cadeia produtiva, desde o produtor até o processamento. Isso gera engajamento.
A agroindústria precisa dar transparência e visibilidade à sua produção, para que o mundo possa conhecer os altíssimos níveis de competência e ciência que estão envolvidos nesta produção. O mundo continuará demandando alimentos e, nesse cenário, o Brasil tem um potencial de crescimento muito promissor.