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Pós-eclosão: pontos críticos que afetam o desenvolvimento inicial das aves

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A qualidade do pinto de um dia precisa ser considerada antes mesmo do nascimento. Foi sobre isso que o Diretor Técnico e Comercial da Biocamp, Paulo Martins, tratou em artigo recentemente publicado aqui [LINK] no blog da Biocamp. O tema é bastante pertinente em um momento em que vemos empresas enfrentando problemas de onfalite nos seus lotes – e também em que são feitos alertas constantes de órgãos como a Organização Mundial da Saúde (OMS) para controle de uso de antimicrobianos e o surgimento de bactérias multirresistentes.

 

O conteúdo apresentado preparou o terreno para o que trato neste artigo: se o cuidado com a qualidade dos lotes começa antes do nascimento dos pintos, ele com certeza continua no momento pós-eclosão, sendo fundamental para o desenvolvimento inicial – e futuro – das aves. Mas, quais são os pontos críticos que precisam ser acompanhados neste período? É o que falaremos a seguir.

 

Os riscos biológicos e os riscos físicos

Quando se fala em pontos críticos que afetam o desenvolvimento inicial das aves, é preciso pensar em toda a cadeia envolvida: sistema de produção de matrizes, processo de incubação, transporte até as granjas e manejo inicial. E, indo mais além, é preciso pensar em tudo isso de maneira integrada, já que todos trazem impactos significativos para esse começo de vida da ave.

O que caracteriza a qualidade de pintos de um dia?

Vamos começar pelo começo: o que significa ter qualidade? Alguns critérios precisam ser atendidos, tanto quando pensamos em pintos de frango de corte quanto de poedeiras. A seguir listei os principais:

Frangos de corte de alta qualidade
– Alta viabilidade;
– Boa uniformidade;
– Bom ganho de peso;
– Conversão alimentar baixa.

Poedeiras comerciais de alta qualidade
– Alta viabilidade;
– Boa uniformidade;
– Alta produção de ovos;
– Conversão alimentar baixa.

Ter isso em mente é decisivo para o entendimento daquilo que impacta na qualidade desses pintos, em especial considerando os riscos biológicos e os riscos físicos aos quais eles estão expostos.

Por mais que o foco dos produtores seja pintos de qualidade e livres de contaminações (conceito FREE) e os profissionais do setor de avicultura se empenhem para que os riscos sejam mínimos, a realidade nem sempre é essa, já que a ausência total desses fatores biológicos e físicos praticamente não faz parte da produção das agroindústrias.

Então você deve estar se perguntando: quais são esses riscos e o que fazer para minimizá-los? É o que apresento a seguir.

Entendendo os riscos biológicos

As contaminações mais comuns – e presentes em nosso dia a dia — são aquelas causadas por Enterobactérias, como Salmonella spp., Escherichia coli (APEC) e Pseudomonas aeruginosa, e pelo fungo Aspergillus niger.

Os 4 tipos de contaminação são diversificados e podem ter origem nas matrizes, no incubatório ou até mesmo no galpão onde os pintos serão alojados.

Salmonelas

1) Salmonelas: ocasionam dois principais problemas que, apesar de terem um mesmo agente patogênico, causam doenças com impactos diferentes:

1.1) Paratifo aviário: tem como consequência problemas na sua maior parte de saúde pública e não necessariamente de doença para as aves – um pinto positivo com salmonela paratífica, portanto, é capaz de se transformar em frango de corte;

1.2) Tifo aviário e Pulorose: apresentam maior letalidade, impactando o resultado zootécnico.

Escherichia coli (APEC)

2) Escherichia coli (APEC): a maioria das empresas hoje tem relatado algum tipo de problema com essa bactéria, que tem participação direta nas onfalites – apesar da sua influência direta, na maioria das vezes, ela não é a única bactéria causadora da doença.

Pseudomonas aeruginosa

3) Pseudomonas aeruginosa: como são silenciosas, geralmente as empresas só percebem a presença da bactéria quando o problema já apareceu, podendo resultar em mortalidade ou refugagem de pintos recém-nascidos, o que pode comprometer o resultado como um todo.

Aspergillus niger

4) Aspergillus niger: o fungo pode ser tanto um problema proveniente do incubatório quanto da granja.

Riscos físicos

Com relação aos riscos físicos, os 6 principais são:

1) Desidratação: pode acontecer tanto no manejo de incubação quanto no manejo inicial de granja. Pode ser detectada ao se observar a perna do pintinho, que mostra facilmente o grau de hidratação — quanto mais exposta a vascularização, maior é o grau de desidratação.

2) Umbigo aberto: problema geralmente relacionado à elevada temperatura de incubação, mas também pode ter origem bacteriana.

3) Locomotores: esse tipo de problema pode ter origem no incubatório ou no transporte dos pintos que têm seu desenvolvimento afetado e, automaticamente, não vão conseguir trazer os resultados esperados.

4) Penugem: pode acontecer a ausência de penugem, penugem queimada ou melada. Não necessariamente são problemas que comprometem o desenvolvimento da ave, por isso, é importante ter bom-senso e fazer uma avaliação que possa dimensionar as falhas para entender se realmente é um ponto crítico.

5) Más-formações: pintos que apresentam esse tipo de problema, devem ser totalmente retirados no incubatório. Esses pintos em hipótese alguma devem avançar para o campo.

6) Desuniformidade: neste item, mais uma vez, o bom-senso deve prevalecer e pequenas variações de peso são aceitáveis. Sempre temos que pensar o quanto isso realmente irá prejudicar o desenvolvimento inicial do lote.

Certamente, esses são os principais riscos biológicos e físicos que podem afetar o desenvolvimento inicial das aves. Ainda assim, devemos ter em mente que raramente alojaremos lotes completamente livres de problemas. Compete a nós técnicos não apenas avaliar e quantificar a presença dos mesmos, mas, principalmente, identificar a respectiva origem e visualizar o quanto cada problema poderá comprometer a produtividade dos lotes.

Microbiota Intestinal e sua relação com a qualidade dos pintos

A microbiota das aves não é estática. E diversos são os fatores ambientais que podem interferir na sua composição e equilíbrio: idade, genética, segmento intestinal, sexo, alimento, ambiente, higiene, medicações, temperatura, cama, entre outros.

Ela é composta por microrganismos, em especial bactérias, que habitam o intestino das aves e que são responsáveis pela produção de energia, vitaminas, enzimas e desempenham funções essenciais para a sua saúde e performance.

A formação e o equilíbrio da microbiota intestinal, podem ser divididos em três fases distintas:

Colonização: vai do final do período de incubação até o 3º dia de vida. Antes do nascimento a microbiota é rudimentar e aumentará significativamente em quantidade e diversidade nos três primeiros dias de vida;

Maturação da colonização: do 4º ao 14º dia, o sistema digestório e a microbiota intestinal passarão em conjunto por um processo de maturação. É nesse momento que o sistema digestório ajusta a produção de HCl, bile, enzimas e estabelece diferentes níveis de pH ao longo do intestino. Com isso, a microbiota irá se modular conforme avança o processo de maturação.

Manutenção do equilíbrio (Eubiose) – após o 15º dia, a microbiota encontra-se estabelecida. Haverá uma competição entre bactérias comensais e patogênicas de modo mais intenso, o que pode colocar em risco seu equilíbrio e, consequentemente, a saúde das aves. Quando em equilíbrio, a microbiota é responsável pela produção de enzimas, bacteriocinas, energia e vitaminas que contribuirão para integridade intestinal e respectivo ganho zootécnico.

Conceitos integrados

Diversos são os fatores que impactam a qualidade do pinto de um dia e é FUNDAMENTAL pensar neles de maneira integrada. Se a microbiota não é estática, ou seja, ela encontra-se em constante competição, os profissionais da avicultura devem se atentar para as três fases citadas anteriormente, e, com isso, manter a eubiose ao longo de toda a cadeia produtiva. O cuidado começa no primeiro dia de vida das reprodutoras (influência vertical) e o controle da microbiota já deve ser prioridade ali. Riscos de contaminação horizontal, que podem estar presentes na cama, por exemplo, devem ser considerados e monitorados antes do alojamento.

Então, como trabalhar para favorecer esse equilíbrio? Hoje, prebióticos, fitoterápicos, ácidos orgânicos e probióticos oferecem uma ação direta no controle da eubiose e são indicados para tal. Além disso, outros fatores como nutrição, ambiência e manejos diversos também podem favorecer ou não a eubiose. Não podemos esquecer dos próprios antibióticos, que afetam a microbiota quando há a necessidade de realizar algum tratamento.

Desse modo, ao elaborar um programa de sanidade, esses fatores devem ser considerados com unicidade. Independentemente do contexto em que essa produção aconteça.

Colonização precoce: benefícios

A modulação da microbiota é o melhor caminho para alcançar a eubiose. E o quanto antes ela acontecer, melhor. Isso significa que ela deve começar ainda no incubatório, com probióticos de múltiplas cepas ou exclusão competitiva que vão compor a microbiota pioneira, favorecendo ganhos zootécnicos, estimulando o sistema imune e dificultando a colonização de bactérias patogênicas, que podem estar presentes na ração, água e ambiente de criação das aves.

Assim, a colonização precoce, que pode acontecer tanto “in ovo”, quanto logo após o nascimento, via spray, é essencial para o início de vida da ave, para a formação da microbiota pioneira e, automaticamente, para que essa ave consiga romper os desafios ainda dentro do incubatório.

Probióticos

Se probióticos são aliados para promover esse equilíbrio da microbiota intestinal, você pode estar se perguntando qual é o mais indicado para o seu negócio. A linha Colostrum®, da Biocamp, é ampla e eficaz para controlar os diversos desafios da produção avícola.

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Bauer Alvarenga é Gerente de Negócios da Biocamp

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