
A avicultura é um setor vital para produção nacional e mundial de alimentos. Além da geração de empregos em massa, fornece alimento para o Brasil e o mundo.
A tendência de aumento na produção segue a demanda do consumidor, que finalizou o ano de 2019 com consumo per capita de 230 ovos, 8,4% maior em relação ao 2018 (ABPA, 2020).
Para atender a demanda do mercado consumidor é necessário produzir mais e com qualidade. E para que isto ocorra precisamos que a ave de postura esteja bem estruturada, com uniformidade, recebendo uma dieta balanceada, com capacidade de ingestão e transformação desse alimento, o que ocorre em um trato digestivo relativamente curto e com trânsito rápido, podendo resultar em digestão e absorção incompleta dos nutrientes (Fathi et al., 2018).
Probióticos: muito além da qualidade intestinal
Neste contexto, fundamentalmente, a ave precisa de:
Os fatores que influenciam diretamente na saúde intestinal, também infuenciam no bem-estar da ave (Bostvironnois and Lundberg, 2018).
(Kotzampassi and Giamarellos-Bourboulis, 2012; Hill et al., 2014; Zoumpopoulou et al., 2018; Judkins et al., 2020).
Probióticos: muito além da qualidade intestinal
A figura 1 ilustra o modo de ação dos bacilos na microbiota.
A dinâmica que precisa ser compreendida é que a saúde intestinal consiste no equilíbrio da microbiota, entre as bactérias potencialmente benéficas e as bactérias potencialmente patogênicas.
Figura 1: Modo de ação dos bacilos no trato gastrointestinal da ave.
Outro benefício atribuído ao uso de probióticos é a produção de serotonina.
De acordo com a (Almeida, 2020) 90% da serotonina, o hormônio da felicidade, é produzida no intestino, logo a relação direta com a microbiota. A figura 2 descreve o ciclo do bem-estar e os benefícios associados à integridade intestinal.
Figura 2: Ciclo do bem estar animal e os benefícios associados à integridade intestinal.
Além de melhora nos indicadores de produtividade como:
Tabela 1: Indicadores de bem estar avaliados.
Médias seguidas por letras diferentes na coluna diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05). Controle = aves brancas, alimentadas com dietas sem probiótico e com antibiótico; Tratamento = aves brancas, alimentadas com 400g/t de probiótico GALLIPRO® MS e sem antibiótico. CV (%) = Coeficiente de variação.
Tabela 2: Índices produtivos avaliados.
Médias seguidas por letras diferentes na coluna diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05). Controle = aves brancas, alimentadas com dietas sem probiótico e com antibiótico; Tratamento = aves brancas, alimentadas com 400g/t de probiótico GALLIPRO® MS e sem antibiótico. CV (%) = Coeficiente de variação.
Promover a colonização precoce do trato gastrintestinal e a manutenção com bactérias probióticas estabelecerá uma microbiota saudável e aumentará a resistência à colonização por bactérias patogênicas, (Zoumpopoulou et al., 2018; Judkins et al., 2020; Kogut et al., 2020).
Tabela 3: Características ideais dos probiótico.
Adaptado de (Patterson and Burkholder, 2003; Pandey et al., 2015).
SELECIONANDO UM PROBIÓTICO
Atualmente, existe uma grande variedade de probióticos disponíveis no mercado. Para o maior sucesso na escolha, prefira fornecedores certificados com cepas documentadas.
Além disso, é importante ressaltar que as cepas possuem características distintas e conhecê-las é importante para a melhor efetividade. Apenas como exemplo:
A espécie Bacillus subtilis possui mais de 1000 cepas sequenciadas com diferenças genéticas de aproximadamente 20%, além de características morfológicas, bioquímicas e comportamentais distintas.
Com isso, compreendemos a necessidade de critério no momento de selecionar um probiótico (Koedijk and Bostvironnois, 2017).
A segurança em relação ao uso das cepas probióticas também é um ponto a ser observado. Cada cepa é cuidadosamente selecionada, seguindo diferentes critérios para cada espécie animal (Zoumpopoulou et al., 2018) e resultados obtidos em estudos de eficácia in vivo e in vitro.
Os bacilos são manipulados na forma de esporos, consequentemente muito resistentes a extremos de pH e temperatura (Nicholson, 2002; Jeong and Kim, 2014). Não apenas resistentes, como também capazes de colonizar o trato gastrointestinal de forma transitória, com poder de germinação e interação com a microbiota para produzir efeitos benéficos (Cartman et al., 2008; Latorre et al., 2014).
A figura 3 relaciona a viabilidade do Bacillus subtilis submetido diferentes temperaturas de peletização.
Figura 3: Viabilidade do Bacillus licheniformis antes e após a peletização.
A mensuração de bacilos é outro ponto importante e deve ser checado a partir da Prova de Recuperação de Bacilos (PRB).
Esta prova permite:
O plano amostral deve incluir amostras de ração colhidas no silo e comedouro e amostras de cama e fezes, conforme figura 4.
Figura 4: Presença de bacilos viáveis em diferentes momentos.
ABPA: Associação Brasileira de Proteína Animal. (Acesso em 15 de agosto de 2020) Disponível em < https://abpa-br.org/abpa-lanca-relatorio-anual-2020/
Agazzi, A. 2015. The Beneficial Role of Probiotics in Monogastric Animal Nutrition and Health. J. Dairy, Vet. Anim. Res. 2:116–132.
Almeida, I. C. L. 2020. Bem-Estar & Produtividade.Boletim Técnico. Ed.1, 2020.
Bostvironnois, C., and R. Lundberg. 2018. Microbiome stability: the challenge of modern broiler production. Available at https://www.dairyglobal.net/Health/ Articles/2018/12/Microbiome-stability-in-modern-broilers-372964E/.
Cartman, S. T., R. M. La Ragione, and M. J. Woodward. 2008. Bacillus subtilis spores germinate in the chicken gastrointestinal tract. Appl. Environ. Microbiol. 74:5254–5258.
Fathi, M., I. Al-homidan, A. Al-dokhail, T. Ebeid, O. Abou-emera, and A. Alsagan. 2018. Effects of dietary probiotic ( Bacillus subtilis ) supplementation on productive performance , immune response and egg quality characteristics in laying hens under high ambient temperature. Ital. J. Anim. Sci. 0:804–814 Available at https://doi.org/10.1080/1828051X.2018.1425104.
Hill, C., F. Guarner, G. Reid, G. R. Gibson, D. J. Merenstein, B. Pot, L. Morelli, R. B. Canani, H. J. Flint, S. Salminen, P. C. Calder, and M. E. Sanders. 2014. Expert consensus document: The international scientific association for probiotics and prebiotics consensus statement on the scope and appropriate use of the term probiotic. Nat. Rev.Gastroenterol. Hepatol. 11:506–514.
Instituto Brasileiro de Geográfia e Estatística (Acesso em 15 agosto de 2020): Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/agricultura-e-pecuaria/9216-pesquisa-trimestral-da-producao-de-ovos-de-galinha.html?edicao=27826&t=downloads
Jeong, J. S., and I. H. Kim. 2014. Effect of Bacillus subtilis C-3102 spores as a probiotic feed supplement on growth performance, noxious gas emission, and intestinal microflora in broilers. Poult. Sci. 93:3097–3103 Available at http://dx.doi.org/10.3382/ps.2014-04086.
Judkins, T. C., D. L. Archer, D. C. Kramer, and R. J. Solch. 2020. Probiotics, Nutrition, and the Small Intestine. Curr. Gastroenterol. Rep. 22:2 Available at http://link.springer. com/10.1007/s11894-019-0740-3.
Koedijk, R., and C. Bostvironnois. 2017. Strains matter : selected combinations is the key to a successful solution. Int. Poult. Prod. 27:11–12.
Kogut, M. H., A. Lee, and E. Santin. 2020. Microbiome and pathogen interaction with the immune system. Poult. Sci. 99:1906–1913 Available at https://doi.org/10.1016/j. psj.2019.12.011.
Kotzampassi, K., and E. J. Giamarellos-Bourboulis. 2012. Probiotics for infectious diseases: More drugs, less dietary supplementation. Int. J. Antimicrob. Agents 40:288–296.
Latorre, J. D., X. Hernandez-Velasco, G. Kallapura, A. Menconi, N. R. Pumford, M.J. Morgan, S. L. Layton, L. R. Bielke, B. M. Hargis, and G. Téllez. 2014. Evaluation of germination, distribution, and persistence of Bacillus subtilis spores through the gastrointestinal tract of chickens. Poult. Sci. 93:1793–1800.
Nicholson, W. L. 2002. Roles of Bacillus endospores in the environment. Cell. Mol. Life Sci. 59:410–416.
Pandey, K. R., S. R. Naik, and B. V. Vakil. 2015. Probiotics, prebiotics and synbiotics- a review. J. Food Sci. Technol. 52:7577–7587.
Patterson, J. A., and K. M. Burkholder. 2003. Application of prebiotics and probiotics in poultry production. Poult. Sci. 82:627–631 Available at http://dx.doi.org/10.1093/ ps/82.4.627.
Pickard, J. M., M. Y. Zeng, R. Caruso, and G. Núñez. 2017. Gut microbiota: Role in pathogen colonization, immune responses, and inflammatory disease. Immunol. Rev. 279:70–89.
Thursby, E., and N. Juge. 2017. Introduction to the human gut microbiota. Biochem. J.474:1823–1836.
Upadhaya, S. D., F. Rudeaux, and I. H. Kim. 2019. Efficacy of dietary Bacillus subtilis and Bacillus licheniformis supplementation continuously in pullet and lay period on egg production, excreta microflora, and egg quality of Hyline-Brown birds. Poult. Sci. 98:4722–4728 Available at http://dx.doi.org/10.3382/ps/pez184.
Zoumpopoulou, G. Kazou M. Alexandraki, V. A, Angelopoulou. Papadimitriou, K. Pot, B., Tsakalidou, E. Probiotics and Prebiotics: An Overview on Recent. In Di Gioia, D. Biavati, B. Probiotics and prebiotics in animal health and food safety. Springer, 2018, Cap. 1, p. 1-34.
Assine agora a melhor revista técnica sobre avicultura
AUTORES
Indicadores-chave de desempenho da produção de frango na América Latina: Benchmarking Internacional
José Guilherme Morschel BarbosaDesbloqueando o potencial da proteína: gerenciando inibidores de tripsina na produção de frangos no Brasil
David TorresPontos-chaves no manejo de reprodutores(as) para a qualidade da progênie
Jeffersson LecznieskiOpinião do especialista – Escassez de ovos: um problema global que reforça a importância da inovação no controle de bactérias
Pablo CifuentesEstratégias nutricionais para redução do estresse térmico em codornas japonesas
Lucas Rocha ValfréInflamação intestinal: como promover uma microbiota eficiente no frango de corte?
Ricardo Hummes RauberSanidade, risco e segurança alimentar: o que a Influenza Aviária ensina ao setor produtivo
Alimentação inteligente para aves livres: o que considerar?
Betina Raquel Cunha dos Santos Paula Gabriela da Silva Pires Priscila de O. MoraesUso de Bromexina no controle e prevenção de doenças respiratórias em frangos de corte
Fabrizio Matté Luiz Eduardo Takano Patrick Iury Roieski Victor Dellevedore CruzO papel da nutrição na qualidade de penas em frangos de corte
Brunna GarciaMicrominerais orgânicos: Maior biodisponibilidade para uma melhor produção animal
Equipe Técnica BiochemA longevidade das poedeiras começa na criação
Xabier ArbeEleve o desempenho do incubatório com o novo serviço de suporte para incubação baseado em dados da PETERSIME
Equipe Técnica PetersimeOtimização do desempenho em situações estressantes
Felipe HortaVacina Corvac-4: O avanço da MSD Saúde Animal na proteção das aves contra a Coriza Infecciosa
Equipe Técnica MSDCobb-Vantress Brasil celebra 30 anos como hub de produção para América do Sul
Como 22 anos de genômica estão moldando o futuro da avicultura
Grant Mason