Fonte: Cepea
Produção nacional de frango poderá atingir 15,1 milhões de toneladas em 2023
As perspectivas para o mercado brasileiro de avicultura de corte são positivas para 2023. Agentes do setor estão otimistas, fundamentados na possibilidade de que os embarques da carne sigam elevados e a demanda doméstica, aquecida, o que deve estimular a produção.
Apesar do cenário global desafiador – com risco de uma recessão influenciada por grandes potências econômicas mundiais – e de incertezas relacionadas à conjuntura nacional, as perspectivas para o mercado brasileiro de avicultura de corte são positivas para 2023. Agentes do setor estão otimistas, fundamentados na possibilidade de que os embarques da carne de frango sigam elevados e a demanda doméstica, aquecida, o que deve estimular a produção.
No Brasil, o consumo de carne de frango pode seguir firme, tendo em vista o baixo crescimento econômico e a alta inflação, que devem manter enfraquecido o poder de compra da população. Segundo o Boletim Focus, do Banco Central, divulgado na segunda-feira, 2, o PIB nacional pode avançar ligeiro 0,8% em 2023 e o IPCA, 5,3%. O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) estima que o consumo per capita brasileiro cresça 2,8% de 2022 para 2023.
No front externo, o USDA indica crescimento de 3,8% nas exportações brasileiras de carne de frango em 2023. A ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) está mais otimista, apontando aumento de 8,5% nas vendas externas da carne, que podem somar 5,2 milhões de toneladas, o que seria um novo recorde para o setor.
Do lado da oferta, cálculos realizados pelo Cepea mostram que a produção nacional de carne de frango poderá atingir 15,1 milhões de toneladas em 2023, volume 2,3% acima do previsto para 2022. O número de animais abatidos, por sua vez, deve ter um incremento de 2,4% no período, podendo atingir 6,2 bilhões de cabeças.
A oferta externa da carne também pode seguir limitada, o que deve, por sua vez, abrir novas oportunidades para o Brasil e seguir reforçando o maior protagonismo do País no mercado internacional. Na Ucrânia, a disponibilidade da carne deve se manter abaixo dos volumes pré-guerra. Outras importantes regiões produtores da carne, como Estados Unidos e União Europeia, atravessam problemas sanitários (Influenza Aviária). Vale destacar que esse cenário favorável ao Brasil deve ser mantido caso o País consiga se manter livre da enfermidade (Influenza Aviária), preservando o atual status sanitário.
O Brasil também pode ser beneficiado por medidas adotadas por alguns países importadores para conter a inflação de preços locais, como México e Coreia do Sul – estes destinos têm retirado as tarifas de importação.
Contudo, o setor nacional deve enfrentar mais um ano de custos elevados. A saca de 60 kg do milho, importante insumo da alimentação avícola, pode operar na casa dos R$ 90,00 em boa parte de 2023, conforme apontam os contratos futuros negociados na B3.
JANEIRO
As médias de preços de grande parte dos produtos avícolas acompanhados pelo Cepea registraram forte recuo de dezembro/22 para janeiro/23. O movimento baixista esteve atrelado sobretudo à oferta elevada da carne no mercado doméstico. Assim, nem mesmo o bom desempenho nas exportações da carne de frango in natura ao longo do mês foi suficiente para impedir as desvalorizações no mercado doméstico. Segundo colaboradores consultados pelo Cepea, a maior disponibilidade da proteína se somou ao baixo poder de compra da maior parte da população brasileira em janeiro – mês marcado por despesas extras –, reforçando a queda nos preços da carne. Muitos agentes da cadeia acabaram reduzindo os valores de negociação, no intuito de evitar a elevação dos volumes de estoque.