22 set 2017

Prognóstico de produtividade do setor avícola argentino para 2018

O prognóstico de crescimento do USDA para a produção de carne de ave é de 1% para 2018, devido ao fato de o consumo interno estar no limite e o mercado exportador em ritmo lento.

Na publicação do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) sobre o prognóstico do setor avícola argentino, está previsto que a produção de carne de frango crescerá 1%, refletindo a estagnação produzida desde 2012. A expectativa é de que a produção continue paralisada, já que o consumo interno chegou ao limite e o crescimento das exportações continua de forma lenta.

Esta situação faz com que a rentabilidade seja limitada em todo o setor avícola argentino. Em resposta, os produtores argentinos estão explorando a possibilidade de disciplinar a produção, para baixar os custos e reforçar os preços internos. Do ponto de vista das exportações, a Argentina continua sua campanha para abrir novos mercados de exportação em todo o mundo.

Produção
Para 2018, os prognósticos preveem que a produção de frangos de corte será de 2,11 milhões de toneladas, relativamente estável em comparação com a estimativa previamente revisada para 2017. Este menor crescimento se deve a várias condições de mercado, tanto internas como externas.

O consumo doméstico de carne de frango alcançou praticamente seu teto e há pouco espaço para uma maior expansão. Ao mesmo tempo, o consumo de outras fontes de proteínas está crescendo; especificamente de carne bovina e suína.

A expansão da pecuária está levando a uma recuperação no consumo da carne bovina, para mais de 56 kg per capita. Apesar de o consumo de carne de frango ter duplicado na última década e meia, a carne bovina continua sendo a preferida pelos argentinos. Espera-se que os custos de produção se moderem já que as previsões econômicas apontam para uma menor inflação para 2018.

Fontes apontam que os preços dos alimentos são muito manejáveis devido ao maior abastecimento de milho, que cresceu 41% desde as colheitas 2015/2016 e 2016/2017. A eliminação do imposto às exportações de milho em dezembro, levou a este aumento significativo da produção.

Por parte da indústria, informa-se que os custos de mão de obra e os impostos seguem limitando a rentabilidade e o investimento. Os impostos sobre o valor agregado são aplicados a cada segmento da cadeia de abastecimento.

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A indústria enfrenta um imposto ao valor agregado de 21% e tem pressionado o governo para que modifique isso.

As eleições legislativas primárias acontecem em outubro. Os analistas locais sustentam que se a coalizão governista encabeçada pelo presidente Mauricio Macri for bem, sua administração e o Congresso implementarão reformas econômicas mais ambiciosas, que poderiam beneficiar o setor avícola.

Atualmente, o setor avícola argentino não está planejando investimentos significativos em capacidade ou tecnologia, por considerar que a atual conjuntura e as perspectivas não apontam para novos investimentos.

Externamente, o excesso mundial de suprimentos avícolas e a diminuição das compras dos países produtores de petróleo (um destino importante para as exportações argentinas) tem representado um cenário difícil para os exportadores locais.

Devido a uma taxa de câmbio complicada, os exportadores avícolas estão encontrando dificuldades para ser competitivos em seus mercados tradicionais, especialmente em relação à concorrência do Brasil.

A produção de 2017 revisada diminuiu para 2,09 milhões de toneladas em comparação com a estimativa oficial do USDA, baseada em uma produção menor durante a primeira metade do ano. Numa tentativa de mitigar os baixos preços internos e alcançar um preço mínimo desejado, as seis maiores empresas produtoras acordaram em armazenar um nível de suprimento de aves em frigoríficos para evitar a circulação do mercado interno.

Além disso, o relatório do USDA indica que muitas empresas individuais experimentaram margens mais estreitas ou, em alguns casos, resultados negativos. A indústria avícola estima que para alcançar preços melhores, a produção de carne de frango terá que ser reduzida em cerca de 8%.

Sugere-se que essa queda na produção avícola se deve, em grande parte, à redução das exportações de frangos e consumo doméstico fraco do produto.

Estrutura da Indústria Argentina
O setor avícola argentino está integrado verticalmente em um grau significativo, que permite a eficiência da produção, a excelente qualidade, padronização do produto e rastreabilidade. A indústria avícola argentina tem tido grandes melhoras na expansão das plantas e compra de equipamentos nos últimos anos.

Essa modernização se reflete diretamente no aumento da eficiência e da produção avícola. Mais de 80% da produção total do país é processada em 58 plantas inspecionadas pelo governo federal em todo o país.

O restante é produzido por empresas avícolas menores, aprovadas e controladas por autoridades provinciais que só vendem nas áreas onde estão situadas e não estão autorizadas a exportar. A maioria das empresas argentinas são de propriedade privada nacional e não recebem investimento estrangeiro.

Os frangos de corte argentinos para o mercado de exportação são geralmente sacrificados aos 37-40 dias, enquanto que os frangos de corte para o mercado doméstico são sacrificados aos 49-51 dias e, geralmente são grandes (2,2 - 2,4kg), para satisfazer a demanda de frangos.

Consumo
A previsão para 2018 é de que o consumo de frango interno aumente ligeiramente para 1,92 milhões de toneladas, pouco menos de 43 kg per capita. Ainda que o consumo de carne de frango esteja crescendo em volume total, sobre uma base per capita está diminuindo ligeiramente, já que continua estagnado diante do aumento do consumo de carne bovina e suína. O consumo, neste primeiro semestre de 2017, foi de 1,91 milhões de toneladas devido a uma menor produção de frangos inteiros e cortes.

Durante uma década e meia, o consumo de carne de ave disparou à medida que se tornou uma fonte competitiva de proteína animal em comparação com a carne bovina. No entanto, o consumo alcançou seu teto, com pouco ou nenhum espaço para crescer, segundo os contatos locais.

Por outro lado, a recuperação nos rebanhos de gado, sendo esta carne a preferida pelos argentinos, fez com que o mais exequível fosse cortar o consumo de aves. O consumo de carne suína experimentou um tremendo crescimento já que os argentinos se acostumaram com cortes particulares, especialmente o matambre de porco. Durante os últimos 5 anos, o consumo de carne suína cresceu em média 10% ao ano e 65% ao todo desde 2012. Atualmente, o consumo per capita de carne suína é de 17 kg. Uma fonte estima que o consumo de carne suína per capita tem o potencial de crescer em 1 kg por ano, durante os próximos cinco anos. Isto representaria uma concorrência significativa para o consumo de carne de aves.

Em resumo, o consumo anual de proteína per capita estimada é de 56 kg de carne bovina, 44 kg de carne de frango, 17 kg de suína, 7 kg de pescado e 1,5 kg de cordeiro.

Os hábitos de consumo local evoluirão em função das novas ofertas de produtos e do crescente papel dos supermercados na comercialização de alimentos. A indústria informa que os consumidores argentinos continuam preferindo frangos inteiros que representam 70% do total das compras de aves. Existe um interesse crescente por cortes/carne de frango processada que são os 30% restantes das compras. Este tipo de carne de frango pode ser encontrado em supermercados e açougues locais.

O relatório também indica que a indústria avícola diz que ainda há espaço para a expansão de produtos de valor agregado processados, tais como refeições pré-cozidas, refeições congeladas à base de frango, nuggets e hambúrguer de frango. Esses produtos estão penetrando os supermercados e os contatos estimam que à medida que os clientes se acostumem com sua qualidade e versatilidade, a demanda por eles aumente.

Importações
A Argentina tradicionalmente importa volumes muito pequenos de aves e produtos avícolas. No entanto, a partir de 2016, a Argentina experimentou um pequeno aumento nas importações do Brasil. Estas importações se compunham de cortes (peito e frango processado (nuggets). Em 2016, as importações de frangos de corte foram de 8.243 toneladas. Para 2018, se prevê que as importações diminuirão ligeiramente até chegar a 6.000 toneladas, já que a produção nacional de produtos processados deverá atender à demanda importada do Brasil. As importações revisadas de 2017 alcançaram as 8.000 toneladas, com base nos dados acumulados até a data.

Exportações
Para 2018, estima-se que as exportações de carne de aves aumente 8% para 200.000 toneladas, graças ao crescimento das importações da China, África do Sul, Rússia e Emiratos Árabes Unidos. O setor avícola argentino e o governo estão realizando uma campanha agressiva, na qual trabalham fortemente para abrir novos mercados, especialmente México e Canadá. Aliás, estima-se que o mercado mexicano se abra para a Argentina, com um potencial de importação de 30.000 toneladas anualmente.

No relatório do USDA para 2018, é comunicada a previsão de um aumento de 8% para as exportações de carne de aves. Para isso, a indústria avícola e o governo argentino estão trabalhando em uma forte campanha de exportação, fundamentalmente para o México e Canadá.

A taxa de câmbio argentina continua sendo um fator importante na competitividade de suas exportações de carne de frango. Atualmente, o peso argentino está flutuando em torno de 17 pesos argentinos por dólar americano. Isso tem proporcionado certo alívio aos exportadores, já que a taxa cambial flutuou em torno de 15,5 pesos durante 17 meses. No entanto, os exportadores estimam que uma taxa de câmbio ideal, deveria ser em torno de 19,5 pesos argentinos por dólar americano.

As exportações revisadas de 2017 baixaram para 185.000 toneladas devido à maior concorrência dos principais exportadores. Os principais mercados das Argentina para o primeiro semestre de 2017 foram China (25%) África do Sul (14%), Rússia (10%), Chile (7%) e Hong Kong (5%). Mais de 62% das exportações é composta de pedaços, 36% de frango inteiro e quase 2% em produtos processados.

Fontes da indústria informam sobre o interesse significativo de muitos processadores em desenvolver mais operações com valor agregado, especialmente Halal. Eles sugerem que depois de as exportações começarem a se recuperar, a indústria avícola buscará desenvolver linhas de produção para atender especificamente as preferências dos consumidores nos mercados do Oriente Médio.

Atualmente, não há iniciativas políticas significativas. O setor continua pressionando para obter alívio de carga tributária e investimentos em infraestrutura do governo federal. Os observadores esperam que depois das eleições legislativas primárias, em outubro, o governo tenha mais flexibilidade para empreender reformas econômicas e abordar as questões que preocupam a indústria avícola argentina.

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