Rabobank alerta: cinco mudanças globais vão impactar a avicultura nos próximos anos. Estudo internacional projeta cenário mais volátil para o setor, com pressão por eficiência, novas exigências ambientais e desaceleração da demanda
A avicultura global está prestes a enfrentar um novo ciclo de desafios estruturais. É o que aponta o relatório mais recente do Rabobank, intitulado “Five key transformations to watch to navigate the global food system amid increasing volatility”, que identifica cinco transformações com potencial de impactar diretamente a cadeia de produção de carne de frango e ovos. O estudo sugere que o setor deverá se adaptar a um ambiente de menor crescimento na demanda, maior exigência tecnológica, custos mais voláteis e novas responsabilidades ambientais.
O relatório é fundamentado em bases sólidas de dados internacionais, como IMF (Fundo Monetário Internacional), UN (Divisão de População das Nações Unidas), OECD (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), USDA (Departamento de Agricultura dos EUA), WHO (Organização Mundial da Saúde) e IHME (Institute for Health Metrics and Evaluation). Também inclui estudos acadêmicos, como o da Universidade Cornell, que analisa os efeitos do uso crescente de medicamentos GLP-1 na redução do consumo alimentar.
Entre os cinco vetores de transformação, destaca-se a desaceleração da demanda por proteínas animais. Em países desenvolvidos, o consumo já atingiu um platô. Na Ásia, a demanda ainda cresce, mas tende a se estabilizar nas próximas décadas. Há ainda o impacto de questões de saúde pública, como obesidade e diabetes, que estimulam mudanças no padrão alimentar, especialmente em regiões com alto consumo de carne de frango.
O segundo eixo é a queda no ritmo de crescimento da produção, resultado dos limites físicos da expansão agrícola e dos retornos decrescentes dos insumos tradicionais. Isso exige maior incorporação de tecnologias como agricultura de precisão, fermentação de proteínas e inteligência artificial, com investimentos cada vez mais altos. O relatório também destaca a ascensão da aquicultura como categoria com crescimento mais dinâmico dentro das proteínas animais.
Além disso, a volatilidade no comércio internacional, provocada pelo enfraquecimento dos acordos multilaterais e pela priorização da autonomia estratégica por parte de muitos países, tende a afetar o fluxo de exportações e o acesso a insumos.
Por fim, o Rabobank destaca que a responsabilidade pelas metas ambientais está migrando dos governos para o setor privado. Empresas da cadeia avícola precisarão demonstrar desempenho ambiental em toda a cadeia produtiva, inclusive em suas fontes de matéria-prima. Isso exigirá maior coordenação entre integradoras, produtores, indústria de rações e varejo, principalmente para cumprir metas de escopo 3.
Com esse cenário, a avicultura que quiser manter competitividade precisará fortalecer sua base tecnológica, alinhar-se às exigências ambientais e buscar estabilidade em meio à volatilidade global.
Fonte: Relatório Rabobank