23 jun 2017

Exitoso Seminário sobre Influenza Aviária na Argentina

No encontro se apresentaram palestras atualizadas aos participantes da região sobre diversos temas relacionados à Influenza Aviária.

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O Seminário Internacional Influenza Aviária, foi organizado pelo Centro de Empresas Processadoras Avícolas (CEPA) e a Câmara Argentina de Produtores Avícolas (CAPIA), aconteceu na Bolsa de Cereais de Buenos Aires, onde palestraram especialistas de todo o mundo. O interessante e atualizado evento para a avicultura foi realizado entre 7 e 8 de junho, em Buenos Aires, Argentina.

 

A cerimônia de abertura do encontro foi realizada pelo presidente do Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Agroalimentar (SENASA), Jorge Dillon, pelo presidente da CAPIA, Javier Prida, e pelo vice-presidente do CEPA, Joaquín de Gracia.

“Foi chave contar com o acompanhamento do SENASA e com o compromisso pleno das empresas do setor, já que a capacitação e atualização de nossos profissionais é o que permitirá cuidar do nosso status sanitário e dar maior valor agregado a toda a cadeia avícola em seu conjunto”, manifestou o presidente da CAPIA.

O evento teve a participação de profissionais de prestígio de diferentes partes do mundo, que expuseram sobre o estado atual dos focos de Influenza Aviária em nível global e na região. Abaixo, apresentamos um breve resumo de algumas das palestras.

Descrição, Patogênese e Epidemiologia da Influenza Aviária
A Dra. Kateri Bertan Dols, do USDA, falou sobre a patogênese, epidemiologia e descrição da enfermidade Influenza Aviária. Entre os aspectos destacados em sua exposição está o funcionamento do vírus e sua classificação, assim como o contágio, por uma ave aquática, a uma ave de criação. “As aves aquáticas selvagens estão em constantes movimentos, já que são migratórias. As rotas têm mudando junto com as mudanças climáticas e têm uma exposição ambiental que provoca muitas vezes a propagação do vírus”, explicou a Dra. Bertan. Ela também falou sobre as mutações do vírus nos últimos anos e a chegada aos diferentes países.
Outro ponto colocado pela representante do USDA foi a importância do controle da doença e a biosseguridade para impedir o ingresso do vírus às granjas. Ao concluir sua exposição enfatizou que “A vacinação não é comum em nível mundial. Não existe uma vacina universal”.

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Durante sua apresentação a Dra. Bertan explicou as mutações do vírus da influenza Aviária nos últimos anos e sua apresentação em diferentes países. Alem disso, ressaltou a importância do controle da enfermidade e a biosseguridade para impedir o ingresso do vírus às granjas.

Novas Rotas Migratórias e Mudanças Climáticas
O Dr. Héctor Arbiza contextualizou as mudanças no trânsito das aves devido aos fatores que influenciam nas mudanças climáticas. Em sua apresentação, o Dr. Arbiza afirmou que “41% do total são migratórias, porém fazem outros trajetos inclusive com diferentes escalas às de outros anos. Isso provoca uma modificação total em todos os sentidos”. Alem disso, explicou que podem realizar trajetos de 7.000 km ininterruptos e, por isso sua preparação antes de migrar é maior: aumentam de peso, modificam seu aparato digestivo e dormem menos.

Sem dúvida, para o Dr, Arbiza, as mudanças climáticas têm modificado os trajetos que realizam as aves migratórias e isto tem se reflete na possibilidade das mesmas propagarem o vírus da Influenza Aviária.

Programa de Sanidade Avícola
Durante o encontro, Ricardo Amadeo Sassi explicou sobre o Programa de Sanidade Avícola desenvolvido no Brasil e afirmou que sua implementação terá início breve junto às aves, porém, desde 2009 já trabalham com os suínos, bovinos, caprinos e também vegetais. “Em todos os casos, as medidas têm funcionado muito bem”, salientou. Também falou sobre os benefícios de se contar com um plano com estas características, já que “serve para reduzir os custos; repor os ativos ao produtor; a manutenção da riqueza e também é um estímulo para a utilização das boas práticas sanitárias”.

Segundo Ricardo Sassi, é de vital importância contar com um programa de sanidade para as enfermidades avícolas, já que, conforme sua experiência de campo, estes têm funcionado muito bem. Uma vez implementados trazem benefícios à avicultura comercial.

Visão da OIE ante a Influenza Aviária
O Dr. Martín Minassian da OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) apresentou a visão da entidade internacional em relação à Influenza Aviária e o estado atual dos focos. Em sua explanação explicou o caminho que se deve adotar ante uma notificação da doença. Além disso, ressaltou a importância dos avisos e como se tem melhorado a comunicação com o passar dos anos. “Em 1924 os contatos eram por telégrafo e hoje dispomos de app para telefones ou tablets que instantaneamente nos dizem o que ocorre em qualquer parte do mundo. Isso nos permite trabalhar muito mais rápido e evitar as propagações”, explicou o Dr. Minassian.
Ela também destacou que “algumas das funções da OIE são promover a transparência e a compreensão; contar com laboratórios de referência e centros de colaboração; e coordenação e cooperação internacional”.

Para o Dr. Minassian, as últimas tecnologias na comunicação são fundamentais, como os aplicativos para telefones celulares ou tablets que nos permitem saber o que ocorre em qualquer parte do mundo instantaneamente. Isto permite realizar um trabalho muito mais rápido e efetivo, evitando a propagação do vírus da Influenza Aviária.

Ação do SENASA
A representante do SENASA, Dra. Cora Espinoza, detalhou o plano de contingência do órgão e convocou os atores da cadeia avícola argentina a prepararem-se ante a situação mundial, observando a necessidade de o produtor se comprometer neste aspecto.
Durante o seminário assegurou que “os fatores que retardam e complicam a erradicação, são a detecção tardia, zona avícola de alta densidade populacional, população avícola não industrial, fatores ambientais, ventos e temperatura, impossibilidade de imobilizar as aves ou de controlar os movimentos, falta de recursos humanos, materiais e equipamentos para o sacrifício rápido, desconhecimento da área (locais aptos para o enterro, destinos possíveis dos cadáveres, rotas e caminhos), demora nas decisões, situações imprevistas e falta de coordenação e comunicação entre o setor público e privado”.

“O SENASA, diante da situação de alerta, reforça o controle de importações, compra de equipamentos de abate e capacitação para seu uso, amplia a capacidade e rede de laboratórios, assim como do Programa de Vigilância, de acordo com a situação de risco”, afirmou a Dra. Cora Espinoza.

Avaliação Econômica de um Surto de Influenza Aviária
Experiência Mexicana
O professor Sergio Chávez, do México, apresentou uma avaliação econômica de seu país após enfrentar vários episódios de enfermidades aviares. “Se perde muito dinheiro no mercado interno, porém nas exportações que se deixam de fazer é maior a cifra. Ademais, custa voltar a ter a confiança dos compradores”.

Nesta palestra enfatizou que após uma enfermidade aviária as principais perdas estão no mercado exportador devido à necessidade de recuperar a confiança do comprador.

 

Experiência Chilena
O Dr. Pedro Guerrero, do Chile, falou sobre a importância de comunicar os casos de enfermidade o mais rapidamente possível, afim de que ela não se espalhe e/ou que se possa sair dela o mais rapidamente possível. O especialista se mostrou otimista com o futuro do Chile e assegurou que já são considerados livres do vírus de Influenza Aviária, o que lhes permitirá comercializar com mais países. Cabe lembrar que, no início de 2017, o Chile teve casos da doença o que os levou a sacrificar 380.000 aves contaminadas e outras com alto risco. “Hoje, os dois focos foram resolvidos e tudo funciona como deveria”, afirmou o Dr. Guerrero. Complementou que em 2015, os chilenos aprenderam sobre o vírus, a enfermidade e as medidas a se tomar no caso de uma emergência. Todas essas práticas lhes permitiram evitar uma propagação mais ampla, e as perdas, apesar de serem milionárias, poderiam ter sido ainda maiores. Segundo suas estimativas, perdeu-se US$7,1 milhões e se confiscaram 800 toneladas de carnes de aves.

O especialista se mostrou otimista com o futuro do Chile, mesmo assim, assegurou que o país já conta com a resolução que o declara livre de Influenza Aviária, o que lhes permitirá comercializar com mais países.  O mais importante para o Dr. Guerrero é comunicar os casos de enfermidade o mais rapidamente possível para que não se propague e/ou possa se sair dela o mais rapidamente possível.

 

Experiência Norte-americana
O Dr. Fidelis Hegngi, dos Estados Unidos, contou como viveu seu país as perdas econômicas, não somente no caso da Influenza Aviária (IA), como também de outros vírus que afetaram os animais na década de 90. “Nessas ocasiões, um dos grandes problemas era que se removia os animais das gaiolas, transportando-os, levando o vírus junto. Eram limpos, porém não o suficiente”, explicou o Dr. Hegngi. Foram realizados sacrifícios seletivos e as perdas foram preocupantes, porém, nenhuma dessas enfermidades se aproximou dos danos causados pela Influenza Aviária.
Os EUA, em 2015, estimou uma perda de US$4,2 bilhões, sendo a mais devastadora da indústria daquele país.
“O mundo atual deve estar preparado para a IA, porque não é única e obriga a estratégias novas a cada ano”, afirmou o Dr. Hegngi. Segundo ele, “todos os países deveriam tomar como modelo o que outros têm feito para controlar a enfermidade”.

Para o  Dr. Hegngi, cada vez mais, o mundo atual deve estar preparado para a Influenza Aviária já que não é única e obriga a implementar novas estratégias a cada ano.

As energias estiveram canalizadas para a capacitação e no desenvolvimento de ferramentas de prevenção da Influenza Aviária para cuidar do status sanitário da Argentina e América Latina.

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