“A escolha correta dos métodos de insensibilização é fundamental para garantir a aplicação do conceito de boa vida e boa morte aos animais de produção. E essas metodologias têm influência direta tanto no que se refere ao bem-estar, ou seja, no respeito ao animal no momento de abate, quanto na qualidade da carne e no tempo de duração de prateleira do produto”, explica Juliana Ribas, Coordenadora de Produção da Agroceres PIC.
SIAVS debate metodologias para insensibilização de aves
Tema foi apresentado pela Coordenadora de Produção da Agroceres PIC, Juliana Ribas, durante Painel sobre Bem-estar Animal, realizado na manhã desta quinta feira (31/08), em São Paulo.
Bem-estar animal, produtividade e qualidade da carne são fatores interdependentes. Quanto melhores forem as condições de criação das aves, maiores as chances elas têm de expressar seu potencial genético, o que se reflete no desempenho zootécnico e econômico da criação.
O mesmo raciocínio vale para o manejo pré-abate das aves. Técnicas e métodos de insensibilização de aves antes do abate, por exemplo, têm influência direta na qualidade da carne e no sucesso econômico da produção. Quanto maiores as condições de bem-estar forem garantidas às aves nessa etapa, melhores serão os resultados. Afinal, a forma como o animal é tratado é diretamente proporcional à qualidade da carne que ele irá produzir.
O tema “Métodos de atordoamento para aves e suínos”, foi tratado por ela durante Painel sobre Bem-estar animal, realizado nesta manhã no SIAVS.
Segundo Juliana, a correlação entre métodos de atordoamento e qualidade da carne é direta. O animal que é mal insensibilizado, explica a especialista, acaba sofrendo na hora do abate e apresenta uma dinâmica muito diferente na transformação do músculo em carne, levando a problemas como carne PSE (Pale, soft, exudative – pálida, mole e exsudativa) ou até mesmo carne DFD (Dark, Firm, Dry – escura, dura e seca), dependendo da espécie. “O mais comum é carne PSE. Além disso, falhas nos métodos de insensibilização podem levar a problemas como petéquias hemorrágicas, que tornam a carne não agradável, sob o aspecto visual, para o consumidor, e outras hemorragias, explica.
Metodologia de abate no Brasil
De acordo com a Juliana, a indústria brasileira usa métodos avançados de insensibilização e abate e está em paridade com as plantas frigoríficas de grandes produtores como os Estados Unidos e a Europa. Segundo ela, a eletronarcose é o método de insensibilização mais utilizado nos abatedouros avícolas brasileiros. “O Brasil utiliza hoje o que existe de mais adequado [para insensibilização e abate de aves]. Mais recentemente os abatedouros avícolas adotaram o uso do eletroencefalograma para aferir a qualidade do atordoamento. Isso já vem sendo feito e é uma evolução”, comenta Juliana.
Segundo ela, embora a indústria brasileira use uma metodologia de atordoamento e abate adequada, é preciso reforçar os cuidados com a manutenção dos equipamentos nos abatedouros e na aferição correta dos indicadores utilizados para avaliar uma boa insensibilização. “É importante garantir as condições, metodologias e parâmetros corretos, para que a insensibilização e o abate sejam executados da melhor forma possível”, diz. “É realmente possível assegurar um abate humanitário e isso faz bem para a cadeia como um todo. Tanto pela parte ética, de respeito aos animais, quanto pela parte da qualidade da carne, do produto final”, finaliza.
Direto de São Paulo