06 ago 2025
“Tem muita gente investindo com cabeça de quem vai voltar pra gaiolas”, alerta Cláudio Machado sobre sistemas alternativos
O alerta foi feito por Cláudio Machado, Gerente Geral da Vencomatic South America, em palestra no II Seminário Hy-Line White América Latina.
A transição para sistemas sem gaiolas exige mais do que trocar o tipo de equipamento. É uma transformação que começa no planejamento do projeto, passa pela genética e culmina no manejo técnico de cada ave.
O alerta foi feito por Cláudio Machado, Gerente Geral da Vencomatic South America, em palestra no II Seminário Hy-Line White América Latina. A empresa, uma das patrocinadoras do evento, apresentou cases de sistemas complexos, como o projeto desenvolvido em parceria com a Hy-Line, com capacidade para 65 mil aves férteis em sistema multi-pisos, totalmente adaptado à realidade sul-americana.
“Esse projeto foi feito a quatro mãos com o pessoal da Hy-Line, com cada empresa envolvida fez o que sabe fazer, e é isso que precisa acontecer em qualquer transição”, salientou Cláudio. “Se tentar fazer o que não domina, o risco de fracasso é enorme”, alertou.
Segundo ele, muitos produtores ainda subestimam os desafios e apostam em estruturas que não atendem às exigências reais do sistema.
“Tem muita gente fazendo investimento com a cabeça de quem vai voltar pra gaiolas e isso não funciona”, afirmou. “A ave precisa ser criada desde o início no sistema em que ela vai produzir porque, se eu pego uma ave criada no piso e coloco em sistema de níveis, vai dar problema”, completou.
Cláudio destacou ainda que os primeiros sete dias após a transferência das aves para os novos módulos são decisivos. “Esse é o momento crítico e se não houver um acompanhamento cuidadoso, com ajustes de luz e níveis, você perde a ave para o sistema”, alertou. “Ela precisa aprender a usar os equipamentos, subir, descer, buscar comida e água e, se não for treinada, não vai produzir como deveria”, completou.
A iluminação é outro fator-chave no sucesso dos novos modelos, segundo Machado. “Tudo começa pela forma como a ave enxerga o ambiente. A posição e o tipo de luz influenciam diretamente no comportamento e na postura. Um LED branco ou amarelo, a altura da lâmpada, tudo isso altera o resultado final”, afirmou.
Ele mostrou imagens de diferentes sistemas implantados no Brasil e no exterior, destacando o impacto da luz no direcionamento das aves e na uniformidade da produção. Além da eficiência produtiva, Cláudio lembrou que a mudança de sistemas em gaiolas para sistemas alternativos é impulsionada por novas exigências de mercado e pela pressão crescente sobre bem-estar animal.
“A mão de obra barata acabou. Ou a gente automatiza ou prepara melhor as pessoas. Não dá mais pra pensar com a lógica de dez anos atrás”, disse. Ele encerrou sua apresentação reforçando que a decisão pelo sistema deve considerar as características específicas de cada granja, mas com foco em longo prazo.
“Improviso, hoje, custa caro. É preciso planejamento, especialização e apoio técnico sério. E isso começa com entender bem o que cada equipamento realmente entrega.”
O II Seminário Hy-Line White para América Latina ocorre pela primeira vez no Brasil, reunindo mais de 300 participantes do Brasil e América Latina, com foco técnico em genética, nutrição, manejo, sanidade e inteligência de mercado.