10 set 2025

Três zonas, drones e rotinas simples são debatidos em sessão sobre biosseguridade em evento da FAO sobre Influenza Aviária

A aviNews Brasil é o único veículo de comunicação a realizar a cobertura presencial do Fórum Internacional, trazendo informações sobe os discursos e debates diretamente de Foz do Iguaçu. A cobertura, viabilizada a partir do apoio da MSD Saúde Animal, pode ser acompanhada no site, redes sociais e no Canal agriNews Play Brasil no youtube.

Três zonas, drones e rotinas simples são debatidos em sessão sobre biosseguridade em evento da FAO sobre Influenza Aviária

Do desenho de “três zonas” à fiscalização com drones, passando por protocolos para manter fluxos de aves e ovos em zonas de controle, essas foram algumas das experiências compartilhadas na manhã desta quarta-feira (10/09), na sessão dedicada à biosseguridade do Fórum Internacional da FAO sobre Influenza Aviária, em Foz do Iguaçu. Especialistas de mais de 30 países, de diferentes regiões do mundo, apresentaram casos práticos e debateram o que funciona na rotina das granjas.

Antes dos estudos de caso, houve um balanço das recomendações de resposta rápida discutidas no dia anterior, como:

  • – necessidade de acesso imediato a fundos de emergência para surtos;
  • – planos de contingência não apenas escritos, mas testados com simulações;
  • – treinamento contínuo de equipes;
  • – estoques de EPIs e logística sob gestão especializada;
  • – plataformas eletrônicas para compartilhamento em tempo real de informações;
  • – uso de dados para diagnóstico e investigação epidemiológica;
  • – e engajamento comunitário por meio de escolas, lideranças locais e serviços de extensão.

Também foi ressaltado o papel de organismos internacionais na coordenação, na atualização de normas e na promoção de Saúde Única.

Bangladesh

O diretor de Administração do Ministério da Pesca e Pecuária de Bangladesh, Dr. Bayzer Rahman, detalhou a adoção do modelo de “três zonas” (vermelha, amarela e verde) e a implementação do programa U2C (Upazila to Community), com equipes técnicas levando treinamento contínuo aos produtores.

Os dados apresentados por ele, indicam melhora consistente de rotinas básicas como controle de acesso, cercamento, manejo de aves mortas, limpeza e desinfecção e, consequente queda no uso de antibióticos quando as práticas são cumpridas. O país ainda conectou as granjas aos pontos de venda com um aplicativo de prescrição em farmácias veterinárias, restringindo antimicrobianos ao uso com receituário válido e criando rastreabilidade.

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Como a incidência de Influenza Aviária foi baixa no período estudado, o impacto específico sobre H5N1 não pôde ser medido, mas os ganhos em manejo e a redução de antimicrobianos ficaram evidentes. O estudo nacional apresentado pelo Dr. Rahman também destacou a influência de intermediários (“dealers”) nas decisões de compra e no manejo, reforçando a necessidade de ação coordenada entre poder público e setor privado.

EUA

O plano SPS (Secure Poultry Supply) foi apresentado por Carol Cardona (professora da Universidade de Minnesota) e Michelle Fromm (Newport, LLC). Trata-se de um protocolo de continuidade de negócios em surtos, baseado na combinação de avaliação de risco, gatilhos de mortalidade e testagem em janelas críticas para comprovar ausência de infecção no momento da movimentação.

O Plano exige um período de isolamento pré-movimentação proporcional ao risco, solicitações formais de permissão sanitária às autoridades e rotas dedicadas com biosseguridade reforçada na origem e no destino. A lógica exposta considera que, como o H5 não será eliminado no curto prazo, é preciso reduzir o impacto econômico e de abastecimento sem perder o controle da doença, por meio de decisões integradas entre indústria e serviços oficiais.

A experiência acumulada desde 2015, segundo as representantes do país norte-americano, indica viabilidade de mercado em zonas de controle sem ampliar o risco. evento da FAO

Fator Humano

No debate, o Prof. Jean-Pierre Vaillancourt (Universidade de Montreal) chamou atenção para erros recorrentes de desenho e execução no cotidiano da granja. Segundo ele, medidas que não cabem na rotina, ou não fazem sentido para quem executa tendem a falhar.

Foi ressaltado que pedilúvios, em condições reais de campo, raramente funcionam, seja por acúmulo de matéria orgânica, por tempo de contato insuficiente com o desinfetante, ou por posicionamento inadequado nas entradas. Evidências de campo indicam que só são efetivos quando há pré-lavagem das botas e contato no tempo correto, considerados requisitos difíceis de serem assegurados na operação diária.

Diante desse cenário, a prioridade é para o princípio da separação com entradas funcionais, calçados e roupas dedicados por zona e checagens objetivas de cumprimento. Também foram citadas soluções simples de monitoramento (como sensores em botas) para gerar dados em tempo real e facilitar feedback e incentivos.

Pequena Escala

Com experiência em África e Ásia, Robyn Alders (Australian National University) reforçou que, em criações extensivas, a adesão cresce quando há resultados visíveis e linguagem prática. Segundo ele, onde doenças endêmicas matam aves periodicamente e o acesso à vacinação é irregular, o produtor tende a ver novas perdas como parte da rotina e não prioriza investimentos em barreiras.

A recomendação do pesquisador é construir confiança com oferta regular de serviços e controle das endemias mais comuns, co-desenhando medidas factíveis com a comunidade e incorporando termos compreensíveis (higiene, manejo, abrigo, alimentação).

Chile

O CVO do Chile, Carlos Orellana, apresentou a experiência de vincular biosseguridade a instrumentos econômicos, como seguros que exigem comprovação de cumprimento de protocolos para cobertura. Defendeu a “democratização” da biosseguridade para grandes e pequenos, com soluções acessíveis e aplicáveis.

Ele também relatou monitoramentos de aves silvestres, que mostram deslocamentos curtos e frequentes próximos a granjas, o que reforça a necessidade de zonas tampão e manejo ambiental.

Brasil

A médica veterinária Sula Alves, que é diretora técnica da ABPA, descreveu auditorias que preservam as barreiras físicas das áreas produtivas. O uso de drones para sobrevoos de estruturas externas, combinado a transmissões de vídeo a partir de áreas administrativas, permite, segundo ela, a análise documental e visual solicitada por clientes e autoridades sem entrada de pessoas nas granjas.

A ênfase da sua exposição recaiu sobre comunicação objetiva com quem executa as rotinas, para que passos simples, como troca de calçados e roupas na zona de transição, não se percam no dia a dia.

Aves silvestres

As perguntas do público recolocaram o papel das aves silvestres e de “espécies-ponte” (por exemplo, anatídeos domésticos) na interface com granjas e mercados locais. Foram citados deslocamentos de curta distância entre ambientes naturais e áreas próximas a unidades produtivas, além do efeito de anos muito chuvosos na expansão de áreas alagadas e na mudança da distribuição de aves.

O recado prático envolve reduzir atrativos, como água e ração acessíveis, cercar pontos críticos e ajustar manejo conforme as condições ambientais. Evento da FAO

Encaminhamento

Ao encerrar, Damian Tago (FAO), economista e coordenador global de biosseguridade e economia da saúde animal, apresentou um modelo de ciência do comportamento para ampliar a adesão a práticas, que aponta para intervenções fáceis de executar, atrativas, reforçadas pelo exemplo dos pares e introduzidas no momento oportuno.

As orientações alimentaram os grupos de trabalho seguintes, focados em criações de quintal, mercados de aves vivas, pontos de entrada e zonas/compartimentos.

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