O problema da resistência aos antibióticos
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A resistência aos antibióticos é um problema global que afeta todos os habitantes do planeta, em maior ou menor grau. A Organização Mundial de Saúde (OMS) a declarou como o problema mais sério da humanidade, dado que todo uso de antibióticos, quer seja na medicina humana, ou veterinária, tem o potencial de gerar resistência.
A OMS exortou os médicos humanos e veterinários de todo o mundo a colaborarem, juntos, para resolver essa crise, sob os auspícios do plano “One Health” – “Saúde Única”.
A Organização Mundial de Saúde Animal – OIE – publicou, em novembro de 2016, sua estratégia sobre a resistência aos antibióticos e o uso prudente dos mesmos na medicina veterinária e produção animal.
Princípios básicos nos EUA Definição de gestão dos antibióticos
Em janeiro de 2018 a Associação Americana Médico Veterinária – AVMA – definiu a gestão dos antibióticos como “as ações que os veterinários realizam individualmente e como profissão para preservar a efetividade e disponibilidade dos fármacos antimicrobianos por meio da supervisão consciente e a tomada de decisões médicas responsáveis para proteger a saúde animal, humana e ambiental”.
Hoje, nos EUA, União Europeia – UE -, Austrália, Canadá, Japão e em muitos outros países o uso de antibióticos de importância médica com a finalidade de melhorar os parâmetros produtivos dos lotes é proibido, ou severamente restringido. Consequentemente, o uso de antibióticos de importância médica nesses países é permitido somente para prevenção, controle ou tratamento das doenças das aves para as quais os antibióticos estejam indicados.
Prevenção/Profilaxia
A administração de um antimicrobiano a um grupo de animais dos quais nenhum apresenta sinais clínicos da doença, ou evidência diagnóstica de infecção, na transmissão e infecções existentes, porém ainda não diagnosticadas, ou a introdução de patógenos é antecipada com base na história, avaliação clínica, ou conhecimento epidemiológico.
Controle/Metafilaxia
Controle é o uso de antimicrobianos para reduzir a incidência de doenças infecciosas numa população que já tem alguns animais que exibem sinais clínicos da doença, ou que já têm evidência diagnóstica de estarem infectados.
Tratamento/Terapêutico
Esse uso assume que os animais com evidência de estarem doentes podem ser distinguidos e separados dos saudáveis, ou sem evidência diagnóstica de infecção, para serem tratados; no entanto, isso não é factível em espécies como:
É importante definir cada um dos usos dos antibióticos na prática da medicina veterinária populacional. Recentemente, a AVMA propôs uma série de definições.
Gestão dos antibióticos
Atualmente estão sendo iniciados programas em nível mundial anunciados pela OMS, OIE e muitas agências governamentais de cada país para o uso prudente e responsável dos antibióticos entre as profissões médica e médico-veterinária, com o objetivo de preservar a eficácia dessas ferramentas essenciais para manter tanto a saúde humana como a animal.
Organizações médico-veterinárias como a AVMA e grupos de especialidades nas diferentes espécies como a Associação Americana de Patólogos Aviares – AAAP –desenvolveram seus própios princípios básicos de uso prudente e responsável dos antibióticos. Na avicultura, a AAAP desenvolveu, em colaboração com a AVMA, os seguintes princípios básicos para o uso prudente e responsável dos antibióticos na produção avícola.
Princípios básicos para o uso para o uso prudente e responsável dos antibióticos na produção avícola
Clasaificação de antibióticos quanto a sua importância médica
Em geral, tanto a “Food & Drug Administration” – FDA – dos EUA, como a OMS concordam na clasificação dos antibióticos quanto a sua importância médica e, com base nisso, são classificados em 4 categorias:
Com base nessa classificação, muitas empresas produtoras de frangos dos EUA e outros países suspenderam, voluntariamente, a injeção in-ovo com gentamicina – aminoglucosídeo – do ovo fértil para a produção de frango e, no caso do ceftiofur, a proibição pela FDA do uso “extra-rótulo” das cefalosporinas também eliminou seu uso in-ovo.
Diferenças importantes
A rotulagem para os frangos criados sem antibióticos – nos EUA: ABF [“antibiotic-free”]; RWA [“raised without antibiotics”] ou NAE [“no antibiotics ever”] – varia entre os diferentes países e organizações do mundo. Nos Estados Unidos os ionóforos são considerados como antibióticos, razão pela qual não podem ser utilizados na produção de frangos sem antibióticos. Além disso, todos os frangos tratados com antibióticos por surtos de doenças não podem ser comercializados como “produzidos sem antibióticos”.
Por outro lado, na UE não são considerados antibióticos em relação à produção de frangos sem antibióticos e, portanto, são permitidos. Na UE, por questões de bem-estar animal, é permitido o tratamento de surtos de doenças com antibióticos e as aves ainda podem ser comercializadas como “produzidas sem antibióticos”.
O uso de antibióticos de importância médica em todos os animais de produção será examinado e verificado cada vez mais estritamente para confirmar que seu uso seja exclusivamente com a finalidade de prevenir, controlar ou tratar doenças suscetíveis e sob estrita supervisão médico-veterinária. A OMS iniciou programas em nível mundial para compilar dados sobre o desenvolvimento de resistência em agentes patógenos e comensais tanto em humanos como em animais de produção.
Correlacionar o uso de antibióticos com o desenvolvimento de resistência e sua possível transmissão ao ser humano. Todos os países do mundo foram chamados a participar e fazer sua parte. Eliminar a compra de antibióticos de importância médica sem receita, tanto na medicina humana, como na veterinária e sob as diretrizes do plano “One Health”.
O manejo responsável, criterioso e prudente dos antimicrobianos pelos veterinários envolvidos na produção animal será cada vez mais crucial e exigirá a adesão aos princípios de boa administração e uso responsável.