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Vacinação In Ovo

Escrito por: Felipe Lino Kroetz Neto - Especialista em Incubação, Aviagen América Latina
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Ainda nos dias de hoje, muitas pessoas medem o potencial do incubatório se baseando apenas na eclodibilidade, no número de pintinhos nascidos do dia, mas o correto seria avaliar principalmente a qualidade destes pintinhos através do seu desempenho zootécnico. Isso quer dizer, que o maior percentual de eclosão, nem sempre, necessariamente, significa uma excelente qualidade dos pintinhos.

Na incubação existem algumas práticas que almejam o aumento da eclodibilidade, que na maioria das vezes não significa uma melhoria de qualidade do pintinho, sendo que, muitas das vezes até demonstram uma redução na qualidade deste neonato.

A expressão máxima da performance dos pintinhos a campo é uma busca constante e mútua dos técnicos da área de incubação e da área de produção em todo o mundo.

Para que esta busca seja atingida é necessário monitorar todos os detalhes possíveis que possam, por ventura, influenciar negativamente a qualidade de eclosão e desempenho a campo.

Desta forma, a vacinação in ovo tem um grande papel na eclodibilidade e no desempenho do frango, pois é sabido que a vacinação in ovo além de facilitar o manejo da vacinação, faz com que o pintinho inicie seu processo de imunização pelo menos 2 dias antes do nascimento, o que se difere das vacinações realizadas ao nascimento e/ou a campo. Porém, se realizada em momento incorreto, pode gerar uma influência negativa, tanto para eclodibilidade, quanto no desempenho do frango a campo.

Um dos pontos mais importantes, além do momento correto para realizar a vacinação in ovo é que muitas vezes a qualidade dos ovos para incubação é negligenciada, pois esta irá influenciar diretamente na qualidade do pintinho. É sabido que pintinhos de boa qualidade são decorrentes de ovos de boa qualidade, e que estes são influenciados pela genética, nutrição, tamanho, qualidade dos ovos e da casca, proporção de albumina e gema e principalmente livre de patógenos, entre outros.

Nas últimas décadas a indústria avícola ainda vem passando por uma grande mudança de tendência, desde a mudança da vacinação, que antes era administrada a campo através da água de bebida, e hoje é realizada no incubatório, podendo ser in ovo ou subcutânea. Hoje em dia, independentemente da quantidade de pintos produzidos, em torno de 80% dos incubatórios em todo o mundo realizam o processo de vacinação na própria planta, seja através do método subcutâneo ou do método in ovo. Para esta tendência, existem algumas razões principais que objetivam a maximização da proteção de campo:

Melhor eficácia na vacinação in ovo, em comparação à vacinação subcutânea e, principalmente, na vacinação a campo através da água de bebida;

Facilidade de aplicação da vacina simultaneamente em vários ovos;

Controle operacional devido à mesma ser administrada por uma equipe de vacinação qualificada e treinada para este fim;

Administração de mais de uma vacina em uma só aplicação e/ou outros produtos que expressam melhor o desempenho zootécnico.

Olhando em detalhes para a vacinação do incubatório, atualmente os incubatórios de maior capacidade em todo o mundo vacinam pela via in ovo.

Além disso, um certo nível de automação também é aplicado para garantir a otimização do tempo e dos colaboradores durante todo o processo de vacinação. Em todos estes anos, foi demonstrado que a vacinação do incubatório tem um impacto positivo na precisão da vacinação e, portanto, a proteção que é conferida ao embrião através da vacina. No entanto, a vacinação bem-sucedida do incubatório requer:

Equipamentos adequados e calibrados, isto é, manutenção em dia;

Bandejas íntegras e de mesmo modelo e capacidade;

Garantia de uma boa biossegurança no incubatório;

Operadores treinados e certificados para a função;

Acompanhamento de um técnico devidamente treinado durante o processo de vacinação;

Ovos de boa qualidade e íntegros.

Quando o assunto é vacinação in ovo, surgem vários questionamentos sobre o que aplicar, quais os locais ideais de aplicação das vacinas e suas eficácias, quais os cuidados necessários para se ter uma boa vacinação, como garantir que o sistema de desinfecção seja eficiente e qual o momento ideal para a realização da vacina.

Desde o início da utilização das vacinadoras in ovo, temos observado que o processo vem sendo realizado de uma forma muito “automática”, isto é, sem observar se o embrião está no momento ideal para receber a vacina com eficácia. Durante os últimos dias de incubação, mudanças significativas no embrião, como metabolismo e posicionamento para a bicagem ocorrem. Progressivamente, a gema é internalizada no abdômen, o líquido amniótico existente é ingerido e o posicionamento do embrião muda a partir da cabeça localizada entre as pernas, para a posição de incubação com a cabeça sob a asa direita.

Como uma consequência, a proporção dos diferentes compartimentos dentro dos ovos varia e, dependendo do tempo de injeção in ovo, a probabilidade de entregar a vacina em um compartimento ou outro também pode ser alterada.

Sabemos que se:

O embrião receber a vacina no líquido amniótico, ou no próprio corpo a vacina será eficiente;

Mas se for depositada na gema, no líquido alantóico, ou até mesmo na câmara de ar, não ocorrerá a imunização adequada do pintinho.

Em outras palavras, quanto mais alta a heterogeneidade do desenvolvimento embrionário dentro de uma população, é maior o risco de entregar a vacina de uma forma indesejável e não conceder ao embrião a proteção necessária. Portanto, a homogeneidade do desenvolvimento embrionário é um dos pontos-chaves para garantir a eficácia da vacinação.

Pois embriões abaixo, ou acima do desenvolvimento embrionário ideal, terão um risco maior de uma administração da vacina mal localizada.

Sendo que, mais precocemente haverá um risco da vacina ser colocada no fluído alantóico e, mais tardiamente, em ovos em que o pintinho já bicou a casca, no momento da vacinação os embriões podem não estar na posição ideal para o recebimento da vacina e esta não ser entregue no local adequado. Neste caso o embrião não estará protegido.

Mas, independente do horário já “prédeterminado”, o mais importante é monitorar o desenvolvimento embrionário através da avaliação visual do embrião momentos antes da vacinação, com a abertura de alguns ovos em diferentes pontos da incubadora para identificar se a idade cronológica e a idade fisiológica estão mais próximas possíveis, pois esta diferença pode influenciar diretamente o local de aplicação e o sucesso da vacina in ovo.

Alguns pontos nos requerem muita atenção para que haja uma maior efetividade. É necessário nos atentarmos quanto à uniformidade dos embriões que pode ser afetada pelo:

Tipo de incubação (Estágio Único X Múltiplo);

Alta ou baixa temperatura e umidade;

Problemas com ângulos de viragem abaixo do recomendado;

Ventilação inadequada;

Idade da matriz;

Tamanho, peso e formato dos ovos;

Estocagem de ovos;

Horas de incubação (podem variar dependendo da linha/linhagem e também da calibração das incubadoras).

Estes são fatores que podem influenciar diretamente na eficácia da vacinação, eclodibilidade e qualidade do pintinho.

Não podemos nos esquecer também de que existe uma alta correlação entre a prevalência de ovos contaminados e eclodibilidade/qualidade de pintinhos.

É notável como a explosão de ovos aumenta a carga bacteriana e:

Se estes explodirem aumentam ainda mais o número de bactérias nos ovos que estão próximos a ele, bem como o ambiente se tornará mais contaminado.

No entanto, isso não influencia negativamente apenas o estado sanitário dos ovos incubáveis nas proximidades. Esses ovos têm o potencial de impactar toda a produção devido ao cruzamento ambiental durante a incubação, transferência e até mesmo ao nascimento.

Por isso, primeiramente é necessário diminuir a prevalência de ovos contaminados “podres” e também evitar a incubação dos ovos de piso. Sendo assim a classificação dos ovos torna-se indispensável para maximizar a qualidade da incubação.

Em continuidade, caso ainda observemos ovos “podres” durante o processo de transferência, é importante realizar a remoção manualmente destes ovos, na tentativa de reduzir o impacto in ovo e também durante o nascimento.

Garantir a entrega da vacina no local certo é fundamental quando realizar vacinação in ovo, porque as vacinas se comportarão de maneira diferente, conforme o compartimento interno do ovo no qual elas sejam entregues.

Para uma proteção in ovo bem sucedida, os locais nos quais pode ser administrada a vacina para que esta seja eficaz são fluido amniótico, ou no próprio embrião.

Em resumo, garantir a entrega da vacina no local certo do embrião é fundamental quando da realização da vacinação in ovo, o que depende do desenvolvimento embrionário e da homogeneidade do lote no momento da injeção. Enquanto a média de desenvolvimento embrionário definirá o momento correto para a vacinação in ovo, a homogeneidade do lote definirá a qualidade da vacinação in ovo. Isso porque o monitoramento adequado da idade correta do embrião antes da vacinação in ovo é um dos pontos mais críticos para o controle e a eficácia do processo e, consequentemente, a garantia na proteção precoce ao pintinho.

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