As operações modernas de frangos de corte e suínos sofreram mudanças drásticas nas práticas de produção nos últimos 50 anos.
Uma destas áreas que evoluíram muito trata-se da investigação de estratégias/produtos capazes de incrementar a chamada saúde intestinal dos animais.
No entanto, embora as palavras “intestino”, “intestinal” e/ou “entérico” estejam claramente relacionadas, definir desta forma “saúde” pode ser algo difícil, gerando um real desafio para este conceito.
Kogut et al. (2017) relaciona saúde intestinal a estratégias utilizadas para manter ou incrementar a capacidade do animal em:
Esses fatos nos levam a considerar a estrutura do intestino, seu funcionamento ideal e como isso pode ser influenciado para melhorar a saúde e a produtividade dos animais.
Uma boa estratégia para ajudar a incrementar estes quatro pilares, refere-se a melhor utilização do padrão de fermentação da Fibra Dietética presente nos alimentos.
A palavra fibra usada no contexto da nutrição animal é ampla, confusa e quimicamente mal definida! |
Tradicionalmente, nutricionistas de aves de corte tem trabalhado com o controle do conteúdo de fibra bruta na dieta animal, sendo este o único foco usualmente praticado.
Porém, nos últimos anos, com o avanço de mecanismos de identificação destas frações de fibra e com o desenvolvimento de aditivos nutricionais capazes de incrementar seu aproveitamento como um modulador de uma comunidade intestinal específica, o uso desta classe nutricional vem tomando cada vez mais espaço em pesquisas científicas (Ricke et al., 2020; Jha & Mishra, 2021, Tejeda & Kim, 2021). |
Sobre o tema, em uma revisão recente, publicada pela equipe de pesquisadores da University of Arkansas (Ricke et al., 2020), os autores descrevem que os prebióticos são conhecidos como carboidratos não digeríveis que estimulam seletivamente o crescimento de bactérias benéficas, melhorando assim a saúde geral do hospedeiro.
Uma vez que os prebióticos são introduzidos no hospedeiro, dois mecanismos de ações distintas podem ocorrer:
Alguns dos prebióticos mais bem caracterizados incluem os oligossacarídeos não digeríveis FOS, GOS e MOS.
Estes produtos são produzidos por hidrólise de cadeias maiores de seus polissacarídeos, gerando frações capazes de serem assimilados pela comunidade bacteriana alvo, sendo que este processo produtivo de cada grupo de prebióticos, pode ser definido como:
Neste grupo estão as frações de fibras fermentáveis e outras fontes de oligossacarídeos.
Isso não é surpreendente, pois muitos dos grãos utilizados normalmente nas dietas de aves, contêm grandes quantidades destes PNA.
No entanto, dado as diferenças na composição entre as safras de grãos e outras fontes de fibra, é fundamental filtrar cada fonte para suas propriedades prebióticas potenciais.
Visando acelerar o aproveitamento deste conteúdo como fonte prebiótica em aves, recentemente, um grupo novo destes aditivos foi lançado no mercado com o nome de Estimbióticos.
De fato, a fermentação, ou aproveitamento destas fontes por bactérias intestinais, são associadas às suas unidades monômeras: Lignina, Glicose de ligação β 1-4, Arabinose, Xilose, Manose, Galactose, Rafinose, Fucosa e os Ácidos Urônicos; além de suas respectivas características de solubilidade e insolubilidade.
Por isso avaliar estas frações e características de forma rápida e consistente são importantes. Neste contexto, o uso de técnicas NIR são cada vez mais importantes para a facilidade no entendimento deste processo (AB Vista, 2021).
Em uma publicação da equipe da University of Georgia, Tejeda & Kim (2021), trataram de uma revisão interessante sobre a rota da fibra dietética na nutrição de aves de corte.
Os autores comentam que a fibra dietética é um composto encontrado em vegetais comuns que são fornecidos para frangos de corte. A fibra tem a capacidade de não ser digerida e absorvida no intestino delgado, o que a torna capaz de afetar a forma como outros nutrientes são absorvidos e metabolizados no TGI.
A funcionalidade atribuída à fibra varia com base na estrutura química e física (em especial quanto a composição de seus açúcares fundamentais).
De acordo com os autores, um mecanismo pelo qual a fibra dietética melhora a saúde intestinal é por meio da manutenção de um ambiente intestinal anaeróbio que, subsequentemente, impede que cepas anaeróbio facultativas patogênicas incrementem.
Portanto, é importante ter informações sobre os diferentes tipos de fibra dietética e seu papel na otimização da saúde intestinal.
Uma série de estudos recentes estão sendo conduzidos para tentar identificar o real potencial do efeito prebiótico destas fibras fermentáveis no desempenho das aves. Sittiya et al. (2020) avaliaram os efeitos de fonte de fibra alimentar na:
A proporção de RH e SH foram as seguintes: 0% (controle), 2,5% RH, 2,5% SH, 5% RH e 5% SH. Os autores não observaram diferenças significativas (P>0,05) no desempenho e nitrogênio na amônia fecal de 0 a 42 dias de idade entre os grupos de tratamento dietético.
PDF PDF