O país ficou na primeira colocação entre os mercados árabes, à frente da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos, que tradicionalmente figuram na primeira e na segunda posições, respectivamente. Além da carne de frango, puxaram o desempenho do país africano o avanço das vendas de açúcar e milho.
Avança venda de carne de frango ao Egito em julho
As exportações de carnes ao Oriente Médio e Norte da África voltaram a crescer, após redução no primeiro semestre devido a reflexos da Operação Carne Fraca
A carne de frango figura entre os produtos que elevaram em 110% as receitas brasileiras com exportações ao Egito no último mês de julho, em relação ao mesmo mês de 2016. Segundo a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, que utilizou dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), as exportações brasileiras ao Egito chegaram a US$ 295 milhões no mês do ano passado.
No primeiro semestre de 2017, 15,4% das exportações de carne de frango brasileira foram destinadas à Arábia Saudita, 7% aos Emirados Árabes e 3,6% ao Egito. No acumulado de janeiro a julho, o produto ajudou a puxar para cima os índices das exportações brasileiras às regiões de Djibuti, Iraque e Omã.
Segundo análise do Departamento de Inteligência de Mercado da Câmara Árabe, as exportações de carnes ao Oriente Médio e Norte da África voltaram a crescer após alguma redução no primeiro semestre como reflexo da Operação Carne Fraca da Polícia Federal. Num comparativo com o primeiro semestre de 2016, as exportações de carne de frango ao Oriente Médio recuaram 10% nos primeiros seis meses de 2017, segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Já no último mês de julho, as exportações de carne de frango cresceram 6,2% em relação ao mesmo período do ano passado. O Brasil exportou 385 mil toneladas em julho, diante das 362,4 mil toneladas embarcadas no mesmo período de 2016. Foi o primeiro saldo mensal positivo desde os equívocos ocorridos na divulgação da Operação Carne Fraca, ocorrida em março deste ano.
Exportações totais
As exportações do Brasil para os países árabes somaram US$ 1,1 bilhão em julho, representando um aumento de 14,37% sobre o mesmo mês do ano passado. De janeiro a julho, os embarques renderam US$ 7,16 bilhões, ou seja, um crescimento de 15,35% em relação aos sete primeiros meses de 2017.
“O Egito vem mesmo num caminho de retomada das importações”, disse o presidente da Câmara Árabe, Rubens Hannun. O governo egípcio tem comprado alimentos do Brasil, especialmente carnes, por meio do Ministério da Defesa. Os produtos, no entanto, são vendidos para o consumidor final. “A tendência é que se mantenham estas exportações para o Ministério da Defesa”, comentou o diretor-geral da entidade, Michel Alaby.
Outros fatores explicam o crescimento das compras egípcias também. Até o final do ano passado, o país enfrentava uma forte escassez de divisas com a redução do fluxo de turistas estrangeiros, o fraco desempenho do comércio internacional com impacto nas receitas do Canal de Suez, baixo fluxo de investimentos estrangeiros diretos e uma taxa de câmbio controlada que mantinha a libra egípcia artificialmente valorizada frente ao dólar.
Após chegar a um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre um empréstimo de US$ 12 bilhões, em novembro de 2016 o Banco Central do Egito adotou um regime de câmbio flutuante, a libra desvalorizou e o país voltou a atrair recursos estrangeiros. No início deste mês, o banco anunciou que as reservas internacionais ultrapassaram US$ 36 bilhões, superando o patamar anterior à Primavera Árabe, em 2011, quando um levante popular pôs fim ao regime do então presidente Hosni Mubarak. Ou seja, aumentou a disponibilidade de moeda forte para bancar importações.
Alaby acrescentou que outra razão para o aumento das exportações, não só para o Egito, mas para os países árabes em geral, é a proximidade do Hajj e do Eid Al Adha, que este ano vão ocorrer entre o final de agosto e o começo de setembro. O Hajj é grande peregrinação anual dos muçulmanos a Meca, na Arábia Saudita, e o Eid Al Adha é a “Festa do Sacrifício”, feriado religioso. As celebrações provocam aumento da demanda por alimentos.
Com informações da Agência de Notícias Brasil-Árabe