Se fôssemos desafiados a escolher um elemento da gramática que pudesse definir a VI edição do Workshop Sindiavipar, optaríamos pelo Superlativo. Por que?
Entre os dias 7 e 8 de novembro, o evento reuniu mais de 1,1 mil pessoas, de mais de 240 empresas do setor avícola.
Apenas em termos de público, estamos falando em uma audiência 200% maior que as expectativas iniciais dos organizadores do VI Workshop Sindiavipar.
Não é pouco, quando pensamos que a avicultura brasileira é responsável por aproximadamente 1,5% do PIB (Produto Interno Bruto). Mais ainda, quando lembramos que o Paraná é o estado que lidera essa avicultura nacional, sendo responsável por 38% do volume exportado pelo Brasil.
E justamente para manter essa posição de liderança do Estado é que os decisores da indústria avícola paranaense dedicaram-se a prestigiar mais de 35 palestras sobre as melhores práticas tecnológicas dentro de áreas como genética, nutrição e sanidade animal.
Em seu discurso de abertura do Workshop Sindiavipar, o presidente da entidade, Domingos Martins, destacou que 2019 ficará marcado pela recuperação econômica do setor avícola brasileiro, assim como pela conquista de novos mercados internacionais.
Isso se deve à qualidade e sanidade do nosso frango, além do investimento frequente das empresas em aperfeiçoamento e eficiência de suas produções. É por esses motivos que precisamos, cada vez mais, nos unir em prol de uma avicultura de excelência e, só podemos conquistar isso trabalhando juntos, destacou Martins.
Também na abertura oficial do VI Workshop Sindiavipar, o presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), Francisco Turra, destacou que 41% da demanda adicional por alimento do mundo deve sair do Brasil. Turra referiu-se à projeção de produção de alimentos para 2026/2027.
Outro dado destacado pelo presidente da ABPA é de que até 2050, apenas a produção de proteína animal deverá crescer 70%. O atual cenário da PSA (Peste Suína Africana) na China, que provocou uma redução de 25% na produção de carne suína do país (13 milhões de toneladas), é o momento do Brasil, segundo Turra.
Na ocasião da Influenza Aviária, o Brasil assumiu a postura de maior exportador de frango do mundo e ninguém nos tira esse lugar. O melhor momento é esse mesmo e a explosão (da demanda) ainda não aconteceu, mas para o ano que vem vamos crescer muito mais, salientou Turra.
Mercado Consumidor
Falar sobre tendências e exigências do consumidor de produtos avícolas foi a responsabilidade passada ao diretor corporativo de agropecuária da Seara Alimentos, José Antonio Ribas Junior, durante o Workshop Sindiavipar.
“O grande desafio do setor é entender o novo consumidor para poder desenhar seu modelo de comunicação. Não o modelo de produção, porque este já é exemplo para qualquer lugar do mundo”, salientou Ribas.
Segundo Ribas o mercado consumidor quer clareza, transparência e objetividade.
Além disso, é um público que diariamente é bombardeado por informações equivocadas sobre o modelo de produção do setor avícola. ” Temos que fazer um bombardeio de informação qualificada para esse consumidor”, alertou Ribas.
Outro ponto destacado por Ribas refere-se às mudanças pelas quais passará o modelo de produção nos próximos anos em função da tecnologia. Segundo ele, mais que um desafio do setor, este é um desafio das pessoas, dos profissionais.
“Tem espaço para todo mundo, para a carne vegetal, a carne de laboratório, só não podemos perder pela nossa ineficiência de comunicação”, concluiu.
Condenações e Lavagem de Carcaça
Números apresentados pelo especialista em processos de qualidade na Cobb-Vantress, Eder Barbon, demonstram que, enquanto no Brasil chega-se a descartar mais de 1,91% da carcaça de um frango por condenações no frigorífico, esse índice cai para:
Segundo o especialista, a principal diferença entre o Brasil e os outros países é a metodologia de limpeza das carcaças. Enquanto na América Latina, Estados Unidos, México e União Europeia, utiliza-se água para eliminação de contaminações, no Brasil utiliza-se faca.
Um estudo desenvolvido pela indústria avícola, em parceria com a UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), está em discussão no Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) para que sejam realizados testes de lavagem de carcaça em seis grandes empresas do setor no Brasil.
A partir dos resultados da iniciativa, que chegou a ser avaliada pela Embrapa, o setor deverá passar a pleitear que o referido protocolo seja transformado em normativa.
Autocontrole
Ao abordar o tema “Perspectivas para o fortalecimento do autocontrole”, o Secretário Adjunto de Defesa do Mapa, Fernando Augusto Pereira Mendes, salientou que o autocontrole já está definido no RIISPOA (Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal).
Mendes apontou que o que vem sendo discutido entre o Ministério e o Setor Produtivo é a implementação do monitoramento do autocontrole para uma inteligência fiscalizatória. Os pilares da proposta que vem sendo discutida são:
Para o Secretário há duas demandas concretas para esse passo: tecnológica e de governança.
Em termos de informações e dados a serem analisados há um volume enorme, o que exige o desenvolvimento de tecnologia que permita recepcionar esses dados, cruzá-los com outros e fazer referências quanto a qualidade, segurança e robustez. Sobre a regulação de governança, há muito a avançar no estímulo à autorregulação por parte da própria empresa para a identificação de algum problema, destacou Mendes.
Performance Reprodutiva de Galos
“Como melhorar a performance reprodutiva de galos” também foi tema dos debates do Workshop Sindiavipar. A palestra foi ministrada pelo gerente de nutrição de aves da Vaccinar, Adhemar de Oliveira Neto, e pelo assessor técnico da linha aves, Cláudio Franco.
- A primeira parte da palestra focou no efeito da nutrição e manejo de galos para alcançar o melhor peso corporal e uniformidade, garantindo a melhor fertilidade durante toda a vida produtiva dos animais.
- A segunda parte foi direcionada para a melhora da viabilidade dos espermatozoides, por meio de dietas a base de antioxidantes (enzimáticos e não enzimáticos).
“A alimentação a vontade em reprodutores de corte promove a menor produção espermática, por isso é preciso pensar no controle de peso das aves”, salientou Cláudio.
“Os espermatozoides são muito susceptíveis a serem oxidados por radicais livres e peróxidos devido a sua constituição corporal, o que nos obriga a fazer dietas especiais a fim de reduzir danos oxidativos”, atestou Adehmar.
De acordo com o especialista, os antioxidantes (carotenoides, flavonoides, carnitina, arginina, dentre outros) aumentam o número de espermatozoides que penetram na camada perivitelínica, o nível de testosterona e a fertilidade.
Matrizes Pesadas
A integração de tecnologias para melhorias na nutrição e saúde de reprodutoras de frango e sua progênie foi o tema abordado por especialistas como Alex Maiorca, Pedro Tomasi, Cláudio Carvalho e Eva Hunka.
O especialista em nutrição e manejo de reprodutoras pesadas da DSM, Cláudio Carvalho, falou sobre automação na alimentação de reprodutoras, apresentando as vantagens e desvantagens entre diferentes sistemas de alimentação.
Segundo ele, aviários, núcleos ou planteis maiores geram necessidade de automação, enquanto matrizeiros menores merecem um cálculo de viabilidade.
Uma visão estratégica sobre a retirada de antimicrobianos foi o tema abordado pela biological business manager da Phibro, Eva Hunka. A médica veterinária abordou cuidados em diferentes situações como Coccidiose, Enterite Necrótica e E. Coli, que para serem evitadas é preciso um cuidado especial nas matrizes.
Segundo ela, em matrizes é importante possuir um programa vacinal robusto e muito bem desenhado e adequado para cada região, que deve estar aliado à boa conservação da vacina, qualidade de aplicação da mesma, além de boa imunidade passiva.
Outro ponto destacado por Eva é, no caso de migração para um sistema livre de antibióticos, não levar ovo de cama para o incubatório.
Sobre a qualidade da matriz e desenvolvimento inicial da progênie, Alex Maiorka destacou a forte correlação existente entre o peso inicial e o de abate. “E o peso inicial vai desde a geração do saco vitelínico pela matriz”, destacou.
O especialista apontou que o que parece mais importante na avaliação da concentração de macro elementos na fase do ovo é a baixa presença de carboidrato, que interfere na capacidade de absorção de oxigênio pelo embrião.
Para gerar o carboidrato acaba-se degradando outras proteínas e isso faz parte do ciclo dos embriões. O aporte nutricional de alguns elementos na matriz geram energia, produzem radicais livres que podem provocar alterações estruturais até mesmo de DNA, podendo ter impacto de mortalidade durante o período de desenvolvimento embrionário, ressaltou o especialista.
Maiorka também falou sobre a relação da idade da matriz com a composição vitelínica que poderá influenciar no peso do embrião.
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