CASCA
A qualidade dos ovos é o ponto de maior importância dentro de uma produção de ovos comerciais. A sua composição compreende da casca, do albúmen e da gema.
CASCA
A propriedade principal da casca é a proteção natural e eficiente para o conteúdo do ovo. Defeitos na casca:
reduzem seu escore de qualidade;
diminuem o tempo de prateleira;
depreciam a aceitação do consumidor;
aumentam o risco de quebrar extravasando o conteúdo;
influencia diretamente no custo de produção.
Toda a composição da gema e clara são afetadas diretamente por algo que houver nas várias camadas da casca protetiva do ovo, além de alterações diretas nessas estruturas durante o período de 24 horas para a formação completa dos ovos.
Reconhecendo que são várias as causas que afetam a qualidade dos ovos, seja a qualidade externa na casca, como a qualidade interna na gema e clara, é necessário buscar entender e minimizar ao máximo os riscos para melhorar a qualidade dos ovos (Liu et al, 2017).
Ambiência (Temperatura, umidade e qualidade do ar)
Nutrição (Qualidade e quantidade da ração e água)
Manejos (Estressantes com ou sem manipulação da ave)
Genética (Diferentes linhagens possuem diferentes características e idade mais longeva do plantel)
Doenças aviárias (Bronquite Infecciosa das galinhas, Escherichia coli, Mycoplasma synoviae, Mycoplama gallisepticum, Avibacterium paragallinarum, Laringotraqueite infecciosa)
BRONQUITE INFECCIOSA
Cada um desses pontos citados possui maior ou menor importância, de acordo com a realidade em que o plantel/ lote se encontra inserido nas diferentes regiões. Dessa forma, elencamos discutir um pouco sobre os impactos que uma doença aviária de grande ocorrência no Brasil pode trazer para a postura comercial: A Bronquite Infecciosa.
O vírus da Bronquite Infecciosa das galinhas (VBIG) é um coronavírus disseminado mundialmente em galinhas. Na avicultura industrial:
está relacionado a uma síndrome infectocontagiosa com manifestações respiratórias, renais, reprodutivas e entéricas
podendo infectar aves reprodutoras (para corte e postura), frangos de corte, poedeiras comerciais e codornizes.
O VBIG possuí uma fita simples de RNA e é envelopado. Sua morfologia é característica por ser em formato arredondado e circundado por uma coroa de espículas. Sua membrana apresenta 23 diferentes tipos de proteínas para sua classificação viral completa, entretanto, sua classificação em sorotipos é baseada na região hipervariável da proteína de espícula S, utilizada como fonte de dados tanto para reações sorológicas quanto de biologia molecular.
E uma mesma classificação de sorotipo não indica que o VBIG terá o mesmo tropismo celular nem uma mesma patogenicidade.
O local primário de replicação é o trato respiratório superior, independente do sorotipo. (Epitélio da traqueia, pulmão, sacos aéreos e glândula de Harder).
Depois, replica-se nos sistemas renais, reprodutivos e intestinais.
O vírus se dissemina pela via horizontal rapidamente por contato direto ou indireto, ou seja, acontece a transmissão entre aves, entre diferentes galpões, entre diferentes granjas e entre diferentes regiões.
Uma única galinha infectada pode transmitir o vírus para outras 20 galinhas.
O período de incubação da VBIG é de 18 a 36 horas, dependendo da dose e da via de inoculação. A infecção em galinhas, sem processos de complicação, tende a ter o desaparecimento dos sintomas em até 15 dias após o início.
Por apresentar vários sorotipos que atuam com diferentes características em termos de genótipos e fenótipos, que divergem das amostras de referência padrão, sua identificação correta é fundamental para a resolução da patologia.
No Brasil, o termo variante é largamente utilizado do campo aos laboratórios de diagnóstico, no qual a cepa variante do VBIG do tipo GI-11, ou BR1, têm sido a mais prevalente. Em um trabalho realizado por Fraga et al (2018) verificou-se que 74,5% dos VBIGs identificados no Brasil, sequenciados e depositados do GenBank, são pertencentes ao Sorotipo BR1.
PERDAS ECONÔMICAS
Esse agente representa grandes prejuízos econômicos que muitas vezes não são diagnosticados com os sintomas clássicos da doença.
Além de ter sua disseminação de forma rápida, o agente pode permanecer viável na granja por períodos de 12 dias e, concomitantemente, agir em granjas vizinhas.
Em aves jovens, o VBIG pode cursar com os sintomas clássicos de doença respiratória, com edemas e exsudatos nas traqueias e brônquios, além de inflamações em sacos aéreos, pericardite e pleurite.
Muitas vezes está associado ao quadro de síndrome da cabeça inchada.
É importante realçar que a infecção de fêmeas de menos de duas semanas de idade, pode causar lesões permanentes do sistema reprodutor, causando o que se chama de falsas poedeiras. |
A mortalidade nessa fase de vida dependerá da evolução dos sintomas, da carga viral, do sorotipo e da interação com outros agentes patológicos.
Já no sistema renal, quadros de nefropatogenicidade tem sido associada a cepas BR1.
A falsa poedeira é nome comumente utilizado nas aves quando ocorre a sua infecção precoce e, sendo lesionado eternamente o oviduto esquerdo funcional da ave. É comum encontrar a campo o oviduto direito cístico, porém, até o presente momento não se pode correlacionar o VBIG. (Benyeda Z. et al 2010)
Para as aves de postura comercial ou reprodutoras, além dos descritos nas fases mais jovens, a sintomatologia comumente se demonstra relacionada a qualidade dos ovos.
O vírus pode causar uma queda discreta de produção, abaixo do standard, que dificilmente alcançará os níveis desejados novamente, ou mesmo uma queda severa com deterioração do formato, espessura e coloração da casca, além de um efeito liquefeito do albúmen.
Em reprodutores machos a BIG pode estar relacionada a diminuição da fertilidade, com cálculos epididimais e orquite, levando em alguns casos a infertilidade.
QUALIDADE INTERNA E EXTERNA
Caracterização da qualidade externa do ovo (ovos manchados de sangue, ovos sujos, ovos trincados, ovos com a casca deformada e ovos normais). Realizar a caracterização externa dos ovos por lotes de produção é uma técnica simples para mensurar de forma direta a saúde das aves – Arquivo pessoal Jeniffer Pimenta Vaxxinova
A qualidade interna e externa dos ovos são afetadas pelo VBIG, podendo afetar porções diferentes do oviduto esquerdo das aves
O VBIG afeta a qualidade interna dos ovos, podendo encontrá-los com a clara liquefeita. Isso indica que o magno da ave foi afetado.
O termo “Plumping” indica a inserção de água e minerais na formação dos ovos, entretanto quando o VBIG afeta além do magno as glândulas da casca na porção do útero, leva esse efeito de encher os ovos com mais substâncias aquosas e alguns minerais de forma não controlada, alterando assim a qualidade do albúmen e deformando fortemente a casca.
Nas alterações externas da casca podemos encontrar os ovos com a casca deformadas. As lesões começam com o istmo afetado pelo VBIG e depois a ocorrência das células do útero. Onde as primeiras deposições das membranas das cascas já são afetadas tendo por consequência um ovo com casca defeituosa.
Ovos despigmentados e com erros de calcificação são decorrentes de lesões as células do útero.
Aves afetadas, além do VBIG juntamente com outras associações, podem apresentar quadros distintos na qualidade dos ovos. Ovos com deformidade no ápice está ligado a infecção por Mycoplasma synoviae, entretanto associado a VBIG pode aumentar seu percentual dessa ocorrência.
Além de ocorrência maior de trincas, a desuniformidade do tamanho dos ovos e qualidade externa de casca são comumente encontrados em casos de VBIG.
BIOSSEGURIDADE
Nesse contexto, a biosseguridade é uma grande aliada da prevenção e do controle de um surto da BIG.
Os programas direcionados à prevenção utilizam ferramentas de segregação, limpeza, higienização e desinfecção dos fômites como um pilar reforçado do manejo.
Evitar a entrada de veículos sem desinfecção;
Realizar banhos e trocas de roupas paras todos os colaboradores que adentram a granja.
Desinfectar todos os materiais antes de entrar na granja.
Ter cuidado com o transporte e uso em comum de equipamentos, bandejas de ovos, carrinhos de ovos, caixa de transporte de aves para sempre estarem limpos e desinfetados.
Fazer um controle efetivo de ratos, moscas e pragas.
Não permitir a entrada de aves silvestres e animais domésticos dentro da granja.
Evitar o manuseio e disseminação de excretas contaminadas perto das aves.
Utilizar a associação de vacinas vivas e inativadas com as cepas recorrentes na região da granja.
Vacinação é uma ferramenta da biosseguridade e deve ser realizada de acordo com a pressão de infecção de cada plantel. O pensamento correto é quanto menor quantidade de aves susceptíveis a doença, menor será a excreção viral no ambiente.
Adicionados ao manejo preventivo, atualmente o controle da BIG é obtido por meio da vacinação das aves. Através do uso de vacinas vivas atenuadas e inativadas.
Sendo que as vivas têm a função de prevenir e controlar a infecção em frangos de corte e de servir como primo vacinação de poedeiras comerciais e reprodutoras.
Já as vacinas inativas são fundamentais para a indução de níveis de anticorpos elevados, uniformes e de longa duração.
Qualidade vacinal vai além da vacina, está associada a qualidade no processo de vacinação
Interferências com temperatura do galpão no horário de vacinar;
Presença de ventilação excessiva se for feito a vacinação pela via spray;
A radiação solar pode matar a vacina se ficar em contado direto;
Qualidade física, química e microbiológica da água como meio de diluição é fundamental
PROGRAMA VACINAL
Uma vez conhecendo a realidade epidemiológica da doença na avicultura industrial, pode-se aplicar um programa vacinal que utilize um ou mais sorotipos diferentes de BIG.
A intenção é sempre ampliar o espectro de proteção e ter a maior e melhor homologia com a cepa de campo, protegendo assim as aves frente aos desafios. |
No trabalho de Wit et al (2011), foi possível visualizar a correlação positiva entre o nível de homologia entre diferentes sorotipos de IBV e o nível de proteção cruzada entre essas cepas.
Gravidade específica dos Ovos – Utilização de 5 diferentes densidades, uma metodologia simples de baixo custo que quando realizada na rotina da granja auxilia no acompanhamento individual dos lotes e favorece a melhor caracterização do perfil do plantel avícola. – Arquivo pessoal Jeniffer Pimenta Vaxxinova
Quanto mais homólogo a cepa vacinal do vírus de campo, maior é a proteção nas aves.
Resultados em média aritmética para todos os lotes da granja, podendo observar que a vacinação com a associação de cepas de IBV na qualidade interna medida de forma indireta com a gravidade específica dos de ovos obteve resultados melhores
“Realizar um trabalho que envolva entender a rotina da granja do produtor, identificar oportunidades de melhoria no processo de vacinação e mensurar os ganhos com o uso correto do calendário vacinal para o perfil de infecção do plantel faz com que os ganhos sejam maiores. Quanto menor a quantidade de ovos deforme melhor será a qualidade final da produção, menor risco de ovos com a casca frágil e maior valor agregado ao produto na venda ao cliente final. Outro ponto de ganho é a melhora na qualidade de casca e o retorno positivo de menor devolução de caixas a empresa produtora, garantindo a redução de custos com transporte e melhorando a eficiência da cadeia avícola.” Jeniffer Pimenta- Vaxxinova.
Para a melhor imunização das aves e maior abrangência protetiva frente aos sorotipos circulantes no plantel nacional, além da Vaxxon H120, uma cepa Massachusettes, temos em nosso portifólio a Vaxxon IBr.
A Vaxxon IBr é uma vacina que traz em sua composição um vírus vivo atenuado do sorotipo BR1, constituída da cepa 444- Br. |
Desenvolvida pelo Vaxxinova, especialista em vacinas aviárias, a Vaxxon IBr foi idealizada a partir da homologia existente com os desafios de campo e a necessidade de um amplo espectro de proteção, tornando-se uma solução brasileira para a obtenção de uma Proteção em Destaque.
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