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A nova era da produção de perus de corte

Escrito por: Wellinton Molinetti - Médico veterinário, docente UFFS
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A nova era da produção de perus de corte

 

O Brasil se destaca mundialmente na cadeia de produção avícola e somos reconhecidos como referência em produção e líderes em exportação. Além de garantir a segurança alimentar com forte investimento em biosseguridade, possuímos a capacidade de fornecer produtos altamente personalizados, atendendo às necessidades específicas dos consumidores ao redor do mundo.

Hoje a produção avícola brasileira se destaca principalmente pela criação de frangos de corte e pela produção de ovos destinados ao consumo. Quando analisamos os dados da cadeia produtiva de perus, observamos que em 2018 tivemos uma redução exponencial de aproximadamente 40% (produção de 2018: 181,25 mil toneladas de carne de peru – ABPA 2022) em relação ao ano de 2012, o qual produzimos 442,20 mil toneladas de carne de peru (ABPA 2022).

Consequências da desabilitação do mercado Europeu (UE), um dos principais destinos da produção Brasileira, levando a um sério problema estrutural e operacional da cadeia produtiva no ano de 2017 e 2028.

Figura 1. Produção brasileira de Perus (ABPA).

Em 1997 a família Molinetti iniciou na produção de frangos de corte e assim seguimos até hoje. Por conta disso, acompanhamos boa parte da evolução da avicultura, de aviários simples de pressão positiva à construção de um modal de pressão negativa Dark House em 2013. No final do ano de 2020 por conta de um sinistro climático 2 aviários de frango foram destruídos por um temporal, com determinação e luta reconstruímos a produção. No ano de 2021 resolvemos nos aventurar em uma nova atividade.

Tudo que é novo traz consigo um pouco de inseguranças e incertezas, mas felizmente através da parceria firmada com a empresa integradora, afim de obtermos segurança financeira ingressamos no projeto de reativação da cadeia de produção de perus de corte.

 

O sistema de produção de perus é muito semelhante à produção de frangos de corte, acontecendo de forma verticalizada e permanecendo no sistema de integração (agroindústria-produtor).

A produção é realizada em duas fases distintas, por conta da característica intrínseca, comportamental e anatômica das aves, se faz necessário adequação estrutural do galpão.

A agroindústria divide o sistema em Sistema Iniciador de Perus e Sistema Terminador de Perus, divisão fundamental e elementar para a cadeia produtiva.

Sem essa divisão, seria necessário a criação de diferentes sistemas de bebedouros e comedouros no aviário de forma que atendesse a ave do momento pós-eclosão até o seu estágio adulto com mais de 20 kg.

Após o nascimento as aves são alojadas em aviários semelhantes aos de frangos de corte em termos de equipamento e estrutura.

O controle da ambiência nesta fase deve ser redobrado e as práticas de biosseguridade reforçadas, permanecendo no Sistema Iniciador por aproximadamente 30 dias.

Ao atingirem um peso que varia de 800g a 1kg, as aves encontram-se na fase de transferência, e passam do galpão Iniciador para o Terminador

A transferência das aves do sistema Iniciador para o Terminador é realizada em caminhões específicos adaptados para o sistema de transferências em gaiolas.

O tempo de permanência nos aviários terminadores irá variar de acordo com o mercado consumidor ao qual será destinado estas aves e de acordo com o sexo, e de acordo com o sexo o peso de abate, varia de 5 a 22 kg podendo ultrapassar os 140 dias de vida.

 

Da elaboração do projeto, construção do galpão e a montagem dos equipamentos levaram-se aproximadamente um ano e dois meses.

O núcleo de produção é composto por 2 aviários de 2400 metros quadrados, com capacidade de alojamento de 7500 aves por galpão. Um total de 3 aves por metro quadrado.

Os aviários são do tipo pressão negativa e contam com a presença de:

Garantindo assim, a segurança alimentar e o bem-estar dos animais alojados. 

Os aviários ficam localizados em posição estratégica, com restrição de acesso de pessoas e veículos. Bem como localizados em distância adequada entre galpões e núcleos de produção.

Os índices zootécnicos e de desempenho que acompanhamos diariamente são praticamente os mesmos da produção de frangos de corte, com ressalvas às particularidades dos Peru de corte.

Com robustas taxas de crescimento, os perus chegam a atingir um notável ganho de peso médio diário de 190 gramas.

A alimentação dessas aves é balanceada e fornecida pela agroindústria a qual é monitorada quanto aos níveis de proteína, energia e outros nutrientes importantes para o crescimento dos perus.

A conversão alimentar, um indicador primordial da nossa gestão, onde atingimos um índice de conversão alimentar médio de 2.350 kg em 109 dias no aviário terminador, obtendo uma diferença de – 50g da meta estabelecida pela integradora, demonstrando nossa dedicação à otimização do consumo de ração para um crescimento sustentável.

A taxa de mortalidade, se mantém geralmente entre 5,5% e 6%, resultado de um sólido programa de biossegurança e boas práticas sanitárias.

Quando falamos de tempo de permanência das aves no campo e finalidade da produção, podemos dividir basicamente em aves leves (fêmeas) e pesadas (machos).

É preciso se atentar principalmente à densidade dos animais alojados e no número de comedouros e bebedouros disponíveis, pois isso implica diretamente no bem-estar dos animais, na taxa de conversão alimentar e nos desafios sanitários do lote.

Outro ponto que é bastante importante na produção de perus são os programas de luz que variam de 6 a 8 horas de escuro por dia, dependendo da linhagem genética alojada.

 

A produção de perus enfrenta uma série de desafios sanitários que se revelam como pontos cruciais na gestão dos processos. Os perus se revelam mais susceptíveis a doenças do que os frangos de corte, por conta do tempo do ciclo de produção.

O maior controle da produção se dá na produção das matrizes com rigoroso controle sanitário e completos programas de vacinação, mas que devem se estender por toda a cadeia de produção.

Os principais desafios sanitários enfrentados pela produção são principalmente por conta das salmoneloses e doenças respiratórias. Nos perus iniciadores, a colibacilose como oportunista tem sido um dos maiores desafios, mas que pode ser controlado principalmente com ajustes de ambiência.

É importante salientar que necrópsias de rotina são realizadas frequentes, na monitoria sanitária. Buscando mapear possíveis condenações encontradas no abatedouro.

De maneira geral, a produção de peru terminador apresenta manejo semelhante ao frango, em relação a ambiência, manejo de cama e controle de doenças. Diferindo do manejo de peru iniciador, o qual tem um controle árduo e específico das características iniciais dos animais.

Com a reativação da cadeia produtiva, através dos investimentos realizados e emprego de tecnologias, será possível otimizar e melhorar o desempenho e qualidade das aves produzidas.

Isso vai garantir a abertura de novos mercados e o destaque novamente da produção de perus no Brasil.

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