Beirão B. C. B. et al. Yeast cell wall immunomodulatory and intestinal integrity effects on broilers challenged with Salmonella Enteritidis. In: 2018 PSA Annual Meeting. San Antonio-Texas, USA. Proceedings…. 2018.
A produção animal intensiva é um ambiente altamente desafiador e o fortalecimento do sistema imune pode ser uma das chaves para maior produtividade.
INTRODUÇÃO
A nutrição é um fator predominante quando relacionamos o estado de saúde e bem estar animal. Está ligada a todos os processos envolvidos desde a ingestão até a absorção dos nutrientes pelas células do organismo. A saúde por sua vez, é principalmente regulada pelo adequado funcionamento e equilíbrio do sistema imune. Desta forma, é nítida a importância da relação entre nutrição adequada e imunidade, e o quanto isso influencia nos mecanismos de desempenho geral do organismo animal.
O sistema imune é dividido em inato e adaptativo, onde ambos trabalham juntos e em perfeita sintonia. O sistema inume inato é a primeira linha de defesa do animal onde se encontram os leucócitos, um grupo grande células de defesa, também chamado de glóbulos brancos.
Dentre estas células, algumas são classificadas como células fagocíticas (monócitos, macrófagos, neutrófilos e células dentríticas) que ao entrarem em contato com todos os microrganismos patogênicos ou partículas estranhas ao organismo, os fagocitam dando início a toda uma resposta de defesa em cadeia.
A superfície destas células imunológicas estão localizados os receptores do tipo Toll, que reconhecem padrões microbianos e induzem uma resposta imune inata imediata.
Após esta ativação e fagocitose, o fagócito (célula apresentadora de antígeno “APC”) apresenta um fragmento processado do antígeno. O reconhecimento de patógenos pelo sistema imune inato desencadeia defesas imediatas e, posteriormente, a ativação da resposta imune adaptativa ou específica, completando assim uma das cadeias de mecanismo de defesa dos animais.
Importante ressaltar que esta série de respostas do sistema imune inato demanda muita energia do metabolismo obtida através dos nutrientes, já que se trata de uma resposta inespecífica.
Desta forma, é fácil compreender como uma dieta não balanceada, ingredientes e aditivos de baixa qualidade influenciam negativamente o equilíbrio de todo mecanismo, demandando uma resposta inflamatória.
Embora muitas vezes esta resposta inflamatória seja importante e benéfica ao processo de defesa dos animais, em períodos prolongados ocorrem danos celulares e teciduais, levando ao aparecimento de doenças secundárias, imunossupressão, manutenção da homeostase imunológica, disbiose intestinal e, por fim, quedas em desempenho e mortalidade.
Estes danos relacionam-se diretamente com a saúde intestinal, onde ocorre uma piora da integridade e permeabilidade intestinal.
O aumento da permeabilidade torna o animal mais susceptível às bactérias patogênicas, toxinas, micotoxinas e danos nas tight junctions (junções de oclusão) e aos enterócitos, onde estes antígenos invadem e translocando-se mais facilmente para a corrente sanguínea e demais órgãos e tecidos internos (Figura 1).
Desta forma, associar uma dieta com ingredientes de boa qualidade e aditivos naturais e seguros que, além de agregar valor nutricional, estimulam e fortalecem o sistema imune garantindo uma rápida e eficiente resposta diante aos desafios é um ponto chave na atual produção animal que em sua maioria é intensiva.
Diversos nutrientes tem a capacidade de modular positivamente ou negativamente a integridade intestinal e, em consequência, afetar a saúde e desempenho animal. Entre os nutrientes que atuam como do sistema imunológico e da integridade intestinal, destacam-se os compostos chamados nutracêuticos, que incluem prebióticos, probióticos, ácidos orgânicos, simbióticos, enzimas exógenas, ácidos graxos poliinsaturados e fitobióticos.
A parede celular de levedura Saccharomyces cerevisiae (ImmunoWall®, ICC Brazil) oriunda do processo de fermentação da cana-de-açúcar para produção de etanol, contém em torno de 35% de β-glucanas 1,3 e 1,6, e 20% de mananoligossacarídeos (MOS).
As β-glucanas são conhecidas como imunomoduladoras do sistema imune uma vez que, ao entrarem em contato com as células fagocíticas, são reconhecidas pelas ligações β-1,3 e 1,6 e estimulam a produção de citocinas, iniciando uma reação em cadeia junto ao sistema imune adaptativo, que melhora a eficiência da resposta imune.
Já o MOS, possui uma capacidade de aglutinação de patógenos que possuem fímbria tipo 1 e 4, tais como diversas cepas de Salmonella e Escherichia coli.
Um estudo realizado por Beirão et al. (2018) avaliou a eficiência da resposta imunológica de ImmunoWall® em frangos desafiados com Salmonella.
As aves foram alimentadas com dieta suplementada com ImmunoWall® (0,5 kg/ton) e infectadas aos dois dias de idade com Salmonella Enteritidis [SE] (via oral na dosagem de 108 UFC/ave).
Aos 8, 14 e 21 dias de idades foram coletadas amostras de sangue para quantificar os leucócitos e APCs.
É importante notar que durante a dinâmica normal de uma infecção, ocorre uma mobilização dos leucócitos do sangue para o intestino, porém se animal apresentar outro tipo de infecção, a redução de leucócitos totais circulantes, pode prejudicar a resposta ao ataque à este segundo antígeno/local. Isto principalmente pode ser perigoso quando a taxa de leucócitos totais no sangue está muito baixa (leucopenia).
Na análise do referido estudo, o perfil imune de leucócitos foi marcantemente influenciado pelo desafio, em especial aos 14 dias de vida. O grupo infectado e suplementado com Immunowall® apresentou maior quantidade de leucócitos no sangue, ou seja, proporcionou uma menor mobilização dos leucócitos do sangue para o intestino aos 14 dias em relação ao grupo infectado (Gráfico 1).
Ao analisar as APCs, verificamos que aos 14 dias o grupo infectado e suplementado com ImmunoWall® (G4) apresentou maior quantidade de células em relação ao grupo infectado.
As APCs são capazes de fagocitar microrganismos patogênicos e partículas estranhas ao organismo, digerindo-os em peptídeos e apresentando-os na superfície externa de sua membrana, através de um complexo denominado complexo principal de histocompatibilidade (MHC) para que as células do sistema imune adaptativo entrem em ação. Ou seja, as β-glucanas presentes em ImmunoWall® através da estimulação das células fagocíticas do sistema imune inato, proporcionaram melhor uma resposta das APCs, levando, consequentemente, a uma ação mais rápida e eficiente do sistema imune adaptativo (Gráfico 2). Esta resposta pode ser observada através da maior produção IgA anti Salmonella aos 14 dias de idade.
Não existem aditivos alimentares que possam suprir exclusivamente problemas com manejo, plano sanitário, vacinação, nutrição, qualidade de água, entre outros. Os aditivos são ferramentas que podem ajudar no controle e prevenção. Sabemos que a produção animal intensiva é um ambiente altamente desafiador, assim o fortalecimento do sistema imunológico pode ser uma das chaves para maior produtividade.
No entanto, é de conhecimento atual que o sistema imunológico pode ser afetado pela nutrição e muito deve ser investigado á respeito, visto que a imunidade influencia diretamente no mecanismo geral do organismo oferecendo consequências positivas ou não ao indivíduo.
A suplementação de dietas com aditivos que contenham β-glucanas, como ImmunoWall®, ajudam as aves a ter uma melhor eficiência e mais rápida resposta do sistema imune, reduzindo/minimizando os danos causados pelos patógenos e consequentemente, as perdas em desempenho.
Referências
Beirão B. C. B. et al. Yeast cell wall immunomodulatory and intestinal integrity effects on broilers challenged with Salmonella Enteritidis. In: 2018 PSA Annual Meeting. San Antonio-Texas, USA. Proceedings…. 2018.
Huyghebaert, G., Ducatelle, R., Immerseel, F. Van, 2011. An update on alternatives to antimicrobial growth promoters for broilers. Vet. J. 187, 182–188. doi:10.1016/j.tvjl.2010.03.003
Petravić-Tominac, V. et al. Biological effects of yeast β-glucans. Agriculturae Conspectus Scientificus, n. 75, v. 4, 2010.
Sugiharto, S., 2016. Role of nutraceuticals in gut health and growth performance of poultry. J. Saudi Soc. Agric. Sci. 15, 99–111. doi:10.1016/j.jssas.2014.06.00
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