Na avaliação do executivo, a China é “nossa cara-metade nesse processo”. “Os chineses vão representar mais da metade do crescimento no consumo de carnes nos próximos dez anos. E isso depende muito do Brasil, que é fornecedor de grãos”, completou Faria.
AGRO: Inovação e sustentabilidade devem caminhar juntas
“Os chineses vão representar mais da metade do crescimento no consumo de carnes nos próximos dez anos", afirmou o CEO da BR Foods.
Investir em inovação sem perder a sustentabilidade de vista foi a mensagem da mesa-redonda sobre agricultura promovida durante o último dia do Fórum Brasil de Investimentos 2017, que aconteceu na quarta-feira (31/5), em São Paulo.
Abrindo o debate, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, lembrou que o Brasil passou de importador líquido de alimentos há pouco mais de 30 anos para o posto de terceiro maior exportador agrícola do mundo. “O Brasil se desenvolveu não foi por acaso. Quem trabalha na área sabe que nossas terras são fracas para o plantio. Mas temos conhecimento, temos tecnologia, a Embrapa. E temos principalmente o produtor, que é um guerreiro”, disse o ministro.
O diretor da Syngenta para a América Latina, Karsten Neuffer, disse que o agronegócio vive uma nova fase, e que o crescimento está cada vez mais condicionado à união entre inovação e sustentabilidade. “O produtor já percebe isso. Ele tem que ser mais produtivo, mas também estar atento a um consumidor cada vez mais exigente e preocupado com a origem e o processamento de alimentos”, comentou o executivo.
A questão também foi ressaltada por Cristiana Palmaka, CEO da SAP Brasil. Segundo ela, a tecnologia no campo está permitindo o acesso a uma quantidade significativa de informações e que o desafio, agora, é consolidar esses dados. “A parte analítica tornou-se riquíssima. Cada uma das vertentes do agronegócio fornece informações valiosas para a tomada de decisão”, disse.
O CEO da BR Foods, Pedro Faria, lembrou que a inovação precisa estar presente em todas as etapas, “antes, durante e depois da porteira”. “Imagine o desafio para nossa empresa, que nada mais é do que um conglomerado com mais de 13 mil produtores agrícolas”, comentou.
PPPs e infraestrutura
O otimismo com novos leilões previstos para o segundo semestre e a abertura de novos setores para Parcerias Público Privadas (PPPs) também foram discutidos em outra mesa redonda do segundo dia do Fórum. Para o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Welington Moreira Franco, o restabelecimento da confiança dos investidores no Brasil é comprovado a cada leilão.
Ele lembrou que para a concessão de quatro aeroportos domésticos, por exemplo, foram atraídos três grandes grupos internacionais. O resultado favorável se repetiu no leilão de energia, em que novos investidores se juntaram aos que já atuavam no Brasil. “O volume de investimentos estrangeiros e o sucesso desses leilões demonstram que estamos vivendo num ambiente mais competitivo e com perspectivas de negócios mais sólidos na área de infraestrutura num futuro próximo”, disse.
Para o vice-presidente do BID, Alexandre Rosa, os projetos de infraestrutura deverão ser para o Brasil da próxima década um propulsor de crescimento tão grande quanto foi a entrada da classe C no mercado consumidor na década passada. Mas ele destacou que é necessário um cuidado extra com o preparo dos projetos.
“A solução de infraestrutura passa necessariamente pelo setor privado, mas estou convencido de que essa solução deverá vir de projetos bem preparados pelo poder público. Nós (o BID) funcionamos muito bem neste tripé, e podemos ajudar a desenvolver mecanismos de mitigação de riscos junto ao setor privado, por exemplo, de uma maneira mais eficiente do que os financiadores tradicionais”, comentou.
O último dia do Fórum também fomentou debates importantes sobre energia, saúde e biotecnologia, investimentos chineses no Brasil, financiamento, desafios para a inserção externa das empresas brasileiras, além da perspectiva do Congresso Nacional para o momento de transformação que o Brasil vive.