O painel reuniu o presidente da Cooperativa Central Aurora Alimentos, Mário Lanznaster, o vice-presidente Brasil da BRF, Alexandre Moreira Martins de Almeida, e o presidente global de operações da JBS, Gilberto Tomazoni. As três agroindústrias reúnem mais de 400 mil colaboradores.
Agroindústrias: como enfrentar o desafio de alimentar o mundo
Representantes das três maiores agroindústrias brasileiras de produção de carnes de aves e suínos participaram do painel Inovação, Agregação de Valor e Internacionalização durante o SIAVS
Como alimentar o mundo para o qual as pesquisas apontam um crescimento populacional em mais 2,2 bilhões de pessoas até 2050, além de uma tendência de crescimento de 60% do consumo de proteína animal? O desafio foi o tema central do debate realizado na manhã de hoje (30/8), durante o Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura (SIAVS).
Já em 2015, a BRF apontava que o Brasil é muito competitivo na fase de criação, porém perde força quando se trata da agregação de valor. Alexandre Moreira apontou fatores que dificultam o avanço do país na agregação de valor como tributação, altos custos de produtividade e mão de obra, logística e protecionismo internacional.
O vice-presidente Brasil da BRF destacou que o investimento em inovação é uma das formas encontradas pela empresa para enfrentar essa dificuldade. “A BRF investe mais de R$200 milhões por ano em inovação de produtos, porque precisamos sempre atender as novas tendências do mercado consumidor”, salientou Alexandre Moreira.
A internacionalização também foi destacada como uma das estratégias da BRF, iniciada em 2014, para combater os altos custos para agregação de valor. Especificamente em relação ao mercado Halal, o CEO destacou que a BRF construiu a maior planta de processados no Oriente Médio, adquiriu distribuidores nos Emirados Árabes, Omã, Kwait e Qatar, segregou as atividades no Brasil em uma nova companhia, a Onefoods, e adquiriu a Banvit na Turquia.
Alexandre Moraes lembrou ainda que os requisitos em qualidade e segurança alimentar são cada vez mais exigidas. “Estamos investindo fortemente e colhendo resultados muito rápidos, principalmente na redução de presença de salmonella nas nossas fábricas e matrizes, o que nos permite cada vez mais melhorar os índices de atendimento ao mercado externo”, salientou.
Assim como a BRF, a JBS também possui presença em diferentes países do mundo como EUA e Inglaterra e gerencia as empresas de forma independente. O investimento em diversificação do portfólio é outra característica que também é muito forte na JBS.
Para o presidente global da JBS, alimentar o mundo com uma cadeia sustentável é o grande desafio do setor. E a existência de uma lacuna entre a realidade do setor de produção de alimentos e a percepção do consumidor é uma das barreiras a ser vencida.
Gilberto Tomazoni citou fatos como a crença de que a agricultura e a produção moderna de alimentos estão destruindo o planeta, de que há concentração da agricultura nos grandes produtores e sobre as formas de criação dos animais. “O consumidor está tomando decisão com base em sua percepção”, observou.
Com o objetivo de atacar essa questão, a JBS criou um portal que explica mitos e verdades sobre a criação de frangos, mostra todas as etapas da produção até que o alimento chegue à mesa do consumidor e traz opiniões de especialistas. Juntamente com a oferta de informação, a empresa também está buscando atender o consumidor exigente com produtos diferenciados como frango orgânico e difundindo as práticas da empresa na promoção do bem-estar animal.
O presidente da Aurora falou sobre os desafios para a produção de carne suína, elogiou a atuação do Ministro da Agricultura diante dos reflexos da Operação Carne Fraca e defendeu o envolvimento do governo na missão de ampliar o mercado para exportação da proteína animal brasileira. “Precisamos de um governo que nos dê apoio com mais crédito agrícola, capacidade de armazenagem, o resto o setor privado faz”, salientou.
Direto de São Paulo