22 jul 2025
Avicultura transforma 4,7 milhões de toneladas de resíduos em farinha de origem animal
Décio citou estudos técnicos que comprovam o impacto positivo desses ingredientes na nutrição de frangos de corte.
A avicultura brasileira gera, sozinha, 4,7 milhões de toneladas de resíduos por ano — volume que é transformado integralmente em farinha de origem animal e gorduras, utilizadas como insumos de alto valor nutricional na alimentação de frangos.
O dado foi apresentado por Décio Coutinho, presidente executivo da ABRA (Associação Brasileira de Reciclagem Animal), em palestra no 11º Encontro Avícola e Empresarial Unifrango, em Maringá (PR). “Nós pegamos o lixo da pecuária e transformamos em alimentos seguros de altíssima qualidade de teor proteico”, afirmou.
O setor de reciclagem animal processa, anualmente, 13,9 milhões de toneladas de resíduos oriundos da bovinocultura, suinocultura, avicultura e pesca. Desse total, 5,9 milhões de toneladas se tornam farinhas e gorduras de origem animal, sendo 3,9 milhões de toneladas de farinha de origem animal e 2 milhões de gorduras.
No caso das aves, os resíduos processados incluem penas, sangue, vísceras, aparas de carne e gordura — matérias-primas que dão origem a ingredientes de alta digestibilidade, como farinha de penas hidrolisada, farinha de sangue e farinha de carne e ossos. Décio citou estudos técnicos que comprovam o impacto positivo desses ingredientes na nutrição de frangos de corte.
“Frangos alimentados com 3% de farinha de sangue apresentam até 8% de ganho de peso”, destacou. Também mencionou que a inclusão de 4 a 6% de farinha de carne e ossos melhora significativamente o ganho de peso diário, mantendo a qualidade da carcaça.
“Essas farinhas são fontes de aminoácidos sulfurados, têm alta densidade energética, ausência de micotoxinas e fósforo altamente disponível”, afirmou.
Segundo ele, 60% das farinhas de origem animal produzidas no país são destinadas à fabricação de rações para animais de produção. O restante abastece indústrias de pet food e fabricantes de biocombustíveis.
“Hoje, a nossa legislação determina que 15% do biodiesel misturado ao diesel fóssil seja de origem renovável”, explicou. “A gordura animal cumpre esse papel”, completou Coutinho.
Durante a palestra, o dirigente também defendeu o reconhecimento institucional da reciclagem animal como elo estratégico da cadeia produtiva de proteína. “Essa cadeia deveria ser ovacionada, não achincalhada. Qual é a outra cadeia que transforma lixo em alimento?”, questionou.
De acordo com ele, o Brasil exporta ingredientes de origem animal processados para 68 países. A apresentação de Décio Coutinho integrou a programação do 11º Encontro Avícola e Empresarial Unifrango, evento que reúne anualmente acionistas, lideranças e parceiros estratégicos das 18 empresas que compõem a Unifrango S.A. — sociedade de capital fechado com atuação integrada em produção, exportação, logística e inteligência de mercado.