Brasil: Nomeação de José Batista Sobrinho como CEO da JBS
O fundador da JBS será o CEO da empresa, mantendo a família Batista à frente da maior produtora cárnea do mundo, após a prisão de seu filho, Wesley Batista.
O conselho de administração da JBS aprovou, por unanimidade, a nomeação de José Batista Sobrinho, patriarca da família Batista, para dirigir a presidência da gigante de alimentos, em substituição de seu filho, Wesley, afastado desde 13 de setembro de 2017.
A nomeação de José Batista Sobrinho se opôs ao BNDES, maior acionista individual da JBS, que inicialmente queria um nome de fora da família na presidência. No entanto, a representante do banco de fomento no Conselho, Claudia Santos, votou em bloco com os demais conselheiros. Claudia está de saída do Conselho. Pediu sus demissão este mês e deve ficar até 9 de outubro de 2017.
Após a denominada Operação Carne Fraca houve uma série de ocorrências que conduziram, em 13 de setembro de 2017, o ex-presidente global da JBS, Wesley Batista, à prisão preventiva. A JBS está inserida em um mar de incertezas, sendo a maior processadora de proteína animal do mundo, com um faturamento de R$170 bilhões (US$54,3 bilhões). Os advogados de Wesley acreditam que ele possa ser liberado em poucos dias. Independentemente da decisão Jurídica, a detenção de Wesley acelerou a mudança de comando da empresa.
Finalmente, Wesley Batista foi preso na segunda fase da Operação Tendão de Aquiles, da Polícia Federal, por insider trading (uso de informação privilegiada no mercado). A investigação realizada pelo jornal O Globo mostra que os controladores da JBS venderam R$483,8 milhões em ações da empresa nos meses de abril e maio, evitando perdas milionárias com a desvalorização de papeis. A pena prevista na lei para este delito é de um a cinco anos de prisão, além de multa de até três vezes o valor lucrado com as transações.
A nomeação, por unanimidade, foi confirmada em um comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Batista Sobrinho, fundador do frigorífico, com mais de 80 anos, terá um mandato de dois anos. Nesse período, a família quer preparar o filho de Wesley, Wesley Batista Filho, hoje com 26 anos, para assumir o negócio.
No entanto, o banco de fomento prefere que haja um processo para selecionar um executivo profissional para o posto depois disso. Wesley Filho passará a ser diretor estatutário, sem designação específica, compondo um trio de executivos que dará suporte ao fundador Batista Sobrinho. –Valor Econômico.
Continue após a publicidade.
Além de eleger José Batista Sobrinho para a presidência da JBS, o Conselho definiu a criação do que chamou “equipe de liderança global”, responsável por assessorar a presidência na tomada de decisões.
Esta equipe será composto por três executivos: Gilberto Tomazoni, André Nogueira e Wesley Batista Filho, que comandam algumas das principais áreas de negócio da JBS e que seguem com suas atribuições e responsabilidades atuais.
Gilberto Tomazoni, presidente global de operações, está na empresa desde 2013 e tem mais de 30 anos em posições de liderança no setor de alimentos. O comunicado da JBS indica que “Tomazoni é responsável por todas as operações da empresa no mundo. Enquanto que André Nogueira está na companhia desde 2007. Antes de ocupar sua função atual como presidente da JBS USA, o executivo foi CFO da mesma operação e presidiu a JBS na Austrália. Wesley Batista Filho era até hoje presidente da divisão de carne bovina da JBS USA, após haver ocupado cargos de liderança na JBS em cinco países desde 2010”. O Conselho de Administração acordou também que a direção buscará um nome para a área financeira da JBS. – Globo.
José Batista Sobrinho foi o primeiro presidente da JBS, empresa que criou em 1953, cujas iniciais dão o nome da empresa. É membro do Conselho de Administração da empresa há mais de dez anos. Sua nomeação, na visão do BNDES, representaria a perpetuação do conflito de interesses que o banco já havia identificado e que o levou a pedir o afastamento de Wesley. O patriarca é visto como alguém que atuará pelo melhor interesse da empresa e que, por sua idade avançada, não se perpetuará na função, preparando uma sucessão.
