Autor: Guilherme Seelent, gerente Sênior e Especialista em Incubação da Cobb-Vantress no Brasil.
Considerando a seleção genética do frango de corte que se concentrou na busca de animais com maior ganho de peso, melhor conversão alimentar e maior rendimento de carnes nobres, principalmente carne de peito, algumas perguntas nos inquietam:
Os embriões das linhagens atuais produzem mais calor do que os embriões das linhagens do passado?
Seriam os embriões das linhagens comerciais de frango de corte diferentes em seu desenvolvimento, crescimento e perfil de nascimento?
Tona et al., 2004, mostrou que linhagens de frangos de corte com diferentes perfis de crescimento apresentaram diferentes taxas metabólicas embrionárias.
Foram avaliadas 3 linhagens:
A produção total de calor embrionário nas 428 h de incubação até a eclosão foi significativamente diferente entre todas as 3 linhas (padrão > experimental > lenta).
Sem dúvida, a temperatura é o fator mais crítico na incubação (Meijerhof, 2013). Vários experimentos e resultados de campo demonstraram que diferenças de frações de graus centígrados na temperatura influenciam o desenvolvimento embrionário (Romanoff, 1960), a eclodibilidade (Wilson, 1990), a qualidade do umbigo (Lourens et al., 2005, 2007; Hulet et al., 2007) e o desempenho pós-eclosão (Foote, 2014).
A temperatura durante a incubação influencia o peso dos órgãos, desenvolvimento do sistema cardíaco, dos músculos e tendões (Oviedo-Rondón, 2014). Especula-se que os embriões das linhagens modernas de frango de corte produzam mais calor do que as linhagens do passado. Isso pode causar superaquecimento podendo influenciar na mortalidade embrionária e a qualidade dos pintinhos eclodidos.
Hamidu et al., 2007, comparando a condutância da casca e o metabolismo embrionário das linhagens Cobb 500 e Ross 308, não observou diferenças quanto a condutância da casca, consumo total de oxigênio, produção total de CO2, quociente respiratório médio e produção total de calor. Porém, quando analisou o perfil diário desses indicadores observou que há uma diferença entre as linhagens. Especialmente na troca gasosa diária, durante os últimos dias de incubação, bem como a produção de calor.
Tona et al., 2010 observou um comportamento similar quando comparou as duas linhagens. O autor observou um maior desenvolvimento no embrião Cobb nos primeiros 4 a 5 dias e um maior desenvolvimento no Ross na segunda semana de incubação. Foi observado ainda, um metabolismo mais elevado e uma maior velocidade de desenvolvimento durante o último dia de incubação e no período perinatal para linhagem Cobb.
Apesar de Hamidu et al., 2007 não ter observado diferenças quanto a condutância da casca, uma hipótese que explica essa diferença de perfil é a diferença nas características da casca do ovo observado nas duas linhagens, o que foi observado por De Ketelaere et al (2002), analisando 6 linhagens, sendo uma hipótese que devemos seguir analisando.
Uma diferença observada é que este metabolismo mais elevado e crescimento mais rápido para o Cobb foi prolongado na primeira semana de vida do pintinho, conforme podemos observar no gráfico abaixo.
Tona et al., 2010, ainda observou uma diferença no perfil de perda de peso na incubação, conforme podemos observar na tabela 2, bem como uma diferença no período de incubação reforçando a diferença entre as duas linhas.
Dessa forma, analisando os dados, podemos concluir que as linhagens apresentam diferentes perfis de desenvolvimento. Essa diferença de perfil é observada na prática em incubatórios comerciais, que operam com grandes volumes de produção e nos remetem a necessidade de termos ajustes específicos para cada linhagem afim de obter o melhor resultado de ambas.
Sugerimos alguns pontos a serem considerados:
Referências bibliográficas sob consulta junto ao autor.
Autor: Guilherme Seelent, gerente Sênior e Especialista em Incubação da Cobb-Vantress no Brasil.
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