Com o objetivo de informar a sociedade sobre as verdadeiras respostas a essas perguntas, uma equipe multidisciplinar, composta por veterinário, agrônomo, nutricionista, pedagogo, economista, agroecólogo vem trabalhando junto às escolas, comunidades e empresas através de desenvolvimento de material didático, rodas de conversa, palestras, atividades culinárias e implantação de hortas escolares.
Projeto COMO informa sobre a realidade da produção de alimentos
Como são produzidos os seus alimentos? Como vivem as pessoas que produzem os seus alimentos? Como são criados os animais […]
Como são produzidos os seus alimentos? Como vivem as pessoas que produzem os seus alimentos? Como são criados os animais que dão origem aos seus alimentos? Como suas opções alimentares impactam o meio social e o meio ambiente?
O grupo, denominado COMO, atua em torno do conceito de “ética alimentar”. O COMO realizou uma pesquisa junto a 70 consumidores, residentes em diversas regiões do Brasil, que traz uma demonstração da lacuna de informação existente hoje na sociedade sobre a realidade da produção de alimentos.
O perfil dos entrevistados é de idades entre 21 a 67 anos, predominando a faixa etária entre 35 e 50 anos. Além disso, 41% dos entrevistados declararam ter uma renda mensal superior a 10 salários mínimos e 50% ter formação superior em área biológica.
Dentro desse grupo de entrevistados, que apresenta um perfil econômico-cultural que os possibilitaria ter acesso à informação sobre alimentos, 40% declarou considerar que o fator mais relevante para o incremento de crescimento dos frangos, nas últimas décadas, seja o uso de hormônios. Quando na realidade, este crescimento se deve à seleção genética e aprimoramento em nutrição e sanidade.

Fabíola Fernandes Schwartz
Segundo a médica veterinária, Fabíola Fernandes Schwartz, que é pós-graduada em Agroecologia e Desenvolvimento Rural, esse tipo de desconhecimento e distanciamento da realidade da produção de alimentos, impacta diretamente sobre as opções e qualidade de consumo dos consumidores.
Ela cita o relatório do Painel Global sobre Agricultura e Sistemas Alimentares para a Nutrição, de 2016, segundo o qual, a escolha dos alimentos pelo consumidor é um dos principais fatores que contribuem para a má alimentação.
As dietas alimentares saudáveis e de alta qualidade são fortemente influenciadas pelas decisões do consumidor. As suas escolhas são limitadas por acesso, preço, informação, diversidade, segurança e qualidade, assim como por hábitos alimentares, atitudes, crenças, normas sociais e condições do mercado.
“Para os especialistas do Painel Global, o principal desafio é a implementação de medidas que eduquem, encorajem e permitam o melhoramento das escolhas nas dietas alimentares pelos consumidores”, explica Fabíola em artigo publicado num boletim eletrônico da FMVZ da USP.
Ela destaca que a educação do consumidor para o melhoramento da qualidade da dieta alimentar exige, por exemplo, medidas de sensibilização para o tema da alimentação.
População Urbana
A médica veterinária também faz referência ao projeto Escola do Sabor, promovido pelo CEAGESP em 2013. Segundo o projeto, o crescente distanciamento entre a agricultura e a população urbana, agregado ao desconhecimento da origem dos alimentos e a dificuldade de introdução de novos alimentos no cardápio infantil, tornam imprescindível o desenvolvimento de uma metodologia de educação alimentar.
Segundo dados do IBGE, em 2010 apenas 15,65% da população (29.852.986 pessoas) viviam em situação rural, contra 84,35% em situação urbana (160.879.708 pessoas). Com a nova tipologia proposta pelo IBGE para o Censo Demográfico 2020, para a caracterização dos espaços urbanos e rurais, a população urbana do Brasil passa de 84,4% para 76%.
“Pela nova proposta, a maior parte dos municípios (60,4%) foi classificada como predominantemente rurais, reunindo, no entanto, apenas 17% da população”, explica a Dra Fabíola.
Os EUA possuem grau de urbanização de 82%; enquanto na União Europeia há países com 61%, como Portugal, e 85% como a França. No BRIC, o Brasil é o que possui maior grau de urbanização, à frente da Rússia (73%), China (47%) e Índia (30%).
“Considerando-se que as crianças e jovens de hoje serão os atores de amanhã, quer na esfera nacional, quer na esfera global, a descoberta e conscientização dos ciclos de vida de plantas e animais e sua ligação com a produção de alimentos pode contribuir para sensibilizá-las para a importância de uma alimentação saudável, do meio-ambiente, da biodiversidade, do bem-estar animal, da integração dos espaços rural e urbano e suas implicações sócio econômico e culturais,” salienta Fabíola.
Para saber mais sobre o projeto COMO, clique aqui.