Construindo reservas de selenometionina: a apólice de seguro do frango de corte

Com esse alto desempenho, há um aumento no metabolismo oxidativo e uma produção excessiva de metabólitos de radicais livres no nível celular. Esses metabólitos são extremamente reativos e, por sua vez, quando se acumulam danificam moléculas biologicamente relevantes, como DNA, proteínas, enzimas, carboidratos e lipídios nas células. O acúmulo desses metabólitos leva ao que é chamado de desequilíbrio redox, também conhecido como estresse oxidativo.

• O estresse oxidativo induzirá uma ampla gama de problemas em estruturas celulares, o que por sua vez terá um impacto direto na saúde, comprometendo a imunidade, causando inflamação desnecessária, prejudicando a saúde intestinal,  diminuindo o desempenho geral dos animais.

• Pressão adicional no equilíbrio redox e seu impacto no sistema imunológico

O equilíbrio redox refere-se à capacidade do corpo de manter um equilíbrio dinâmico entre a produção de radicais livres e as atividades do sistema antioxidante que as mitigam.

Ao contrário do pensamento geral, os radicais livres não são inteiramente prejudiciais: são moléculas sinalizadoras essenciais que ativam vias de resposta nas células de todo o corpo, entre elas as células do sistema imunológico.

É verdade que uma superprodução de radicais livres, sem a capacidade do corpo de manter um equilíbrio entre a síntese e a inativação dos radicais, muitas vezes agravará respostas fisiológicas negativas, comprometendo assim a saúde celular, as funções orgânicas, a imunidade e o desempenho animal.

O equilíbrio redox é ainda mais pressionado por um número crescente de desafios com os quais o frango de corte moderno deve lidar, como o estresse por calor, alta densidade de alojamento, uso reduzido de antibióticos, entre outros. Desafios desse tipo exigem atenção extra às soluções de manejo e nutrição para manter as doenças sob controle e as aves em um estado de saúde elevado.

Vários antioxidantes são essenciais para manter o equilíbrio redox estável, como: vitaminas, selênio (Se), carotenoides, flavonoides etc. Entre esses, o Se é uma parte crítica da defesa antioxidante do organismo, pois é incorporado às selenoproteínas que apoiam direta e indiretamente os vários sistemas antioxidantes em todo o corpo, contrapondo assim os efeitos do estresse oxidativo.

• Origem e forma importam

Embora a suplementação de Se na ração de frangos de corte seja uma prática padrão desde 1974, o uso desse ingrediente essencial tornou-se muito mais importante para a produção moderna de frangos de corte.

O selênio pode ser suplementado tanto na forma inorgânica (selenito de sódio e selenatos) quanto em duas formas orgânicas: proveniente de fermentação (ou seja, selênio levedura) ou proveniente de formas puras e quimicamente sintetizadas de Se orgânico (ou seja, SeMet ou hidroxi-selenometionina (OH-SeMet)).

Sabe-se que as fontes inorgânicas de Se têm baixa bioeficácia, enquanto as fontes orgânicas têm maior bioeficácia. A diferença entre as fontes e sua bioeficácia é impulsionada pelo conteúdo de SeMet, uma vez que esta é a única forma de Selênio que pode ser armazenada no corpo, servindo, em última instância, como uma garantia/seguro que pode ser prontamente mobilizada pela ave em momentos de estresse.

Construindo reservas de selenometionina: a apólice de seguro do frango de corte.

• Reserva de Se como seguro e garantias.

O Se inorgânico é adequado para apoiar funções celulares normais em condições não estressantes; no entanto, durante o estresse, ocorrem duas situações principais:

1. O aumento da necessidade de selenoproteínas e,
2. O consumo de ração do frango de corte diminui

Para satisfazer a necessidade de Se do animal à medida que a síntese de selenoproteínas é intensificada, é essencial que as reservas de SeMet do organismo sejam acumuladas de forma segura e em níveis significativos.

• O acúmulo de SeMet, como mencionado antes, permite que o organismo atenda às necessidades reais de Se para a síntese de selenoproteínas.

Sem essas reservas de SeMet, a síntese de selenoproteínas é significativamente restringida, o que significa que o sistema antioxidante não consegue combater de maneira eficiente o estresse oxidativo. Essa reserva de SeMet no organismo do animal pode ser comparada a uma apólice de seguro, uma garantia de biodisponibilidade de Se em íveis adequados, que será utilizada pelo frango de corte conforme necessário.

Vários estudos comerciais e controlados com frangos de corte desafiados confirmaram que quando o selênio orgânico puro na forma de OH-SeMet (Selisseo®, Adisseo) é fornecido, a síntese de selenoproteínas, o equilíbrio redox, o status imunológico e o desempenho são maximizados em comparação com a suplementação de fontes inorgânicas de selênio  ou de selênio-levedura.

• Grande conjunto de dados confirma a eficácia

 Um estudo recentemente publicado por Sun et al (2021) investigou a eficácia do OH-SeMet em frangos de corte sob condições desafiadoras (alta densidade populacional e estresse por calor). No experimento, o Se foi suplementado a 0,3 ppm a partir de OH-SeMet, selenito de sódio (SS) ou selênio levedura (SL).

Após 6 semanas, nos tratamentos experimentais, o OH-SeMet aumentou a concentração de Se no músculo peitoral em 139% em comparação com o SS e 78% em comparação com o SL.

Construindo reservas de selenometionina: a apólice de seguro do frango de corte.

Os frangos alimentados com as duas formas orgânicas de Se, e em particular aqueles alimentados com OH-SeMet, mostraram uma melhor morfologia intestinal, conforme indicado pelo aumento da relação entre a altura das vilosidades/profundidade das criptas no duodeno, jejuno e íleo (Figura 1).

Além disso, as fontes orgânicas, especialmente o OH-SeMet, fortaleceram a barreira intestinal (Figura 1), graças ao aumento nas principais proteínas das uniões estreitas (Tight junctions) e à menor permeabilidade paracelular intestinal, refletida por menor presença de LPS no soro (Figura 1).

A modulação do sistema imunológico também foi impactada ao fornecer diferentes fontes de Se. A presença da citocina anti-inflamatória IL-10 aumentou nos animais do grupo OH-SeMet em comparação com as outras fontes de selênio. Por outro lado, os níveis da citocina pró-inflamatória IL-6 foram mais baixos quando comparamos fontes orgânicas de selênio e SS (Figura 1).

Figura 1 - Efeitos de diferentes fontes de Se na morfologia intestinal, integridade intestinal e resposta imunológica. (Construindo reservas de selenometionina: a apólice de seguro do frango de corte.)

As imunoglobulinas (Ig), componentes importantes do sistema imunológico, também foram afetadas pela fonte de Se:

1. A IgG, a principal imunoglobulina presente no soro, aumentou quando o OH-SeMet foi fornecido em comparação com as outras fontes. Esse fato é relevante, pois mostra a melhora do status imune quando da presença da OH-SeMet.
2.  Por outro lado, a IgA, a imunoglobulina mais abundante na mucosa intestinal, diminuiu significativamente quando as aves foram alimentadas com OH-SeMet. Os níveis mais baixos de IgA no soro refletem o aumento da integridade intestinal, e consequentemente uma diminuição da permeabilidade intestinal.

Uma melhor manutenção da resposta imunológica e da integridade intestinal também refletiu na melhoria significativa na conversão alimentar (CA) (-3 pontos para o OH-SeMet em comparação com o SS). O OH-SeMet não apenas foi melhor para manter uma CA ideal, mas também resultou em um ganho de peso corporal numericamente maior (+57g e +59g em comparação com o SS e SL, respectivamente; Tabela 1).

Tabela 1 - Resultados de desempenho de frangos de corte alimentados com diferentes fontes de Se (d1-42). (Construindo reservas de selenometionina: a apólice de seguro do frango de corte.)

A eficácia do OH-SeMet também foi confirmada em ensaios de campo comerciais. Por exemplo, um recente ensaio de campo nos EUA, em frangos de corte livre de antibióticos, onde o foco foi avaliação do desempenho dos animais. A estrutura e configuração das instalações permitiram um estudo de 0 a 47 dias com coleta de dados em sistema de baias montadas dentro das instalações comerciais.

As aves receberam uma dieta suplementada com ¼ SS + ¾ SL ou ¼ SS + ¾ OH-SeMet. Os resultados entre os aviários e as baias concordaram muito bem entre si, demonstrando que o desempenho zootécnico melhorou quando as aves consumiram ração suplementada com OH-SeMet.

As aves alimentadas com OH-SeMet tiveram uma melhoria numérica no peso corporal final (+70g) e uma melhoria ajustada de 2 a 4 pontos na CA nos aviários como um todo e, no sistema de baias (Figura 2).

Figura 2 - Dados do galpão aviário e gaiola relacionados ao peso corporal e conversão alimentar corrigida para mortalidade de 3,42 kg. (Construindo reservas de selenometionina: a apólice de seguro do frango de corte.)

• Conclusão

A saúde, o crescimento e a produtividade dos frangos de corte dependem em grande parte do equilíbrio entre a alta taxa de metabolismo, os estressores que eles enfrentam e sua habilidade de neutralizar os metabólitos altamente reativos e destrutivos que são gerados por esses processos.

A suplementação de Se orgânico, na forma de OH-SeMet, permite que o frango de corte acumule um nível significativo de Se em seus tecidos.

Quando o nível de reserva de Se nos tecidos é alto, em condições desafiadoras com estresse oxidativo, o frango de corte está mais preparado para voltar a um equilíbrio oxidante normal, estabilizando os processos celulares normais em toda a ave. Isso resultará em um metabolismo normal, respostas imunes mais eficientes, maior integridade intestinal e, consequentemente, melhor desempenho.

A eficácia e os resultados sólidos do OH-SeMet confirmam que a origem e a forma do Se importam para os “atletas de alto desempenho” da indústria avícola: o frango de corte moderno.

Construindo reservas de selenometionina: a apólice de seguro do frango de corte.