24 abr 2018

Embargo da UE leva Sindirações a revisar produção de ração em 2018

Segundo o Sindirações, a produção de rações no Brasil deverá crescer no máximo 2% em 2018. Não é descartada a hipótese de crescimento 0 e até mesmo de retrocesso.

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O embargo da União Europeia a 20 frigoríficos brasileiros, principalmente de carne de aves, levou o Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações) a revisar a previsão de produção de ração no Brasil em 2018. À Agência Reuters, o vice-presidente-executivo do Sindirações, Ariovaldo Zani, afirmou que a decisão do bloco europeu afetará negativamente a demanda por ração e, consequentemente, por produtos como milho e farelo de soja.

previsão inicial do Sindicato era de uma produção de cerca de 70 milhões de toneladas de ração no Brasil este ano, o que corresponderia a um crescimento aproximado de 3% sobre o recorde do ano passado. Mas essa estimativa não deve se confirmar, e a atividade deve se expandir menos que o previsto.

“Fazendo um estudo aritmético, hoje, anualizando, dá no máximo 2% (de crescimento). Mas a situação está se agravando, a tendência é de esses 2 por cento se esvaírem também”, declarou Zani à Reuters.“Em hipótese mais complicada, podemos não ter crescimento nenhum em relação ao ano passado ou até retrocesso, tamanha a influência da questão da União Europeia”, completou.

Em 2017, a produção de ração no Brasil demandou cerca de 43 milhões de toneladas de milho, ou a maior parte do consumo interno do cereal projetado para o país, de 57 milhões de toneladas em 2016/17. No caso do farelo de soja, a produção de ração demandou no ano passado 16 milhões de toneladas, segundo dados do Sindirações, de um consumo total no país estimado pelo governo em 17 milhões de toneladas em 2016/17.

Do total da produção de ração, a avicultura consumiu a maior parte, ou 38,5 milhões de toneladas, segundo dados do Sindirações, que apontam também que a suinocultura demandou no ano passado 16,5 milhões de toneladas.

O problema com a União Europeia, que atingiu principalmente a empresa de alimentos BRF, é o mais recente de uma série de fatores negativos que afetam a demanda interna por ração, lembrou Zani, citando um consumo por alimentos no varejo brasileiro menor que o projetado inicialmente e um embargo russo a carnes suína e bovina do Brasil.

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O Brasil consome internamente a maior parte de sua produção de carnes.

Apesar de a União Europeia não ser o principal mercado para o frango brasileiro, os europeus têm participação importante como destino do produto nacional. O Brasil vendeu 317 milhões de dólares de frango salgado in natura para a UE no ano passado e 118 milhões de dólares em frango in natura sem sal, segundo dados do governo.

CUSTOS EM ALTA

O executivo do Sindirações destacou também problemas internos para explicar projeções menos otimistas de produção de ração, como os custos mais altos com milho.

Somente o preço do milho registrou alta de mais de 40% ante o mesmo período do ano passado, para cerca de 40 reais a saca, de acordo com indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em meio a expectativas de uma safra menor neste ano, na comparação com 2017.

Zani ponderou que essa alta nos preços do milho pode ter algum fator especulativo, uma vez que considera que os estoques mais a safra de verão deste ano são suficientes para atender a demanda da indústria até a colheita de inverno, que responde pela maior parte da produção do cereal do Brasil.

E comentou que, em um cenário de demanda mais fraca por carnes, o agricultor que não está vendendo agora seu milho pode ficar com o “mico na mão”, ao eventualmente ter de vender o produto a valores baixos.

“Vai ter mais depreciação de preço (da carne), em função do aumento da oferta com a decisão da Europa… E o custo de produção está muito alto. E se a produção (de frango) diminuir, isso afeta os negócios da indústria de alimentação animal, que é provedora de insumos”, disse Zani.

Ele lembrou também que a indústria de carne suína vive uma situação semelhante à do frango, com o embargo russo às exportações brasileiras desde o final do ano passado. “O Mato Grosso tem tido prejuízo de 70 reais por animal abatido (de suíno)… por conta do aumento do custo de produção versus depreciação de preço pago ao produtor, em boa parte pela dificuldade de repassar isso ao consumidor, ao varejo”, afirmou.

Entretanto, Zani disse ter expectativa de que em breve a Rússia possa retomar compras de carne do Brasil, e salientou que a China tem absorvido parte do que os brasileiros deixaram de exportar para a Rússia.
Agência Reuters

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