Gerenciando a variabilidade das matérias-primas
Gerenciando a variabilidade das matérias-primas
É amplamente reconhecido que os valores nutricionais das matérias-primas (MPs) podem variar significativamente entre diferentes lotes, mesmo quando pertencem à mesma variedade de plantas.
Essas variações são influenciadas por fatores como a localização geográfica onde são cultivadas, adubações, as condições climáticas durante o crescimento e a colheita e do armazenamento. Além disso, o tratamento pós-colheita e os métodos de processamento impactam diretamente na qualidade e no valor nutricional dos grãos e dos seus subprodutos.
O grande desafio para nutricionistas e formuladores de rações é desenvolver métodos confiáveis para monitorar e controlar a qualidade das matérias-primas. Esse controle é fundamental para garantir o uso preciso nas formulações, permitindo alcançar os objetivos de desempenho animal de forma eficiente e econômica. Ferramentas avançadas agora possibilitam a integração de resultados de Espectroscopia de Reflectância no Infravermelho Próximo (NIR) com análises laboratoriais em softwares de formulação.
Essa integração ajuda a construir matrizes de matéria-prima mais precisas, além de viabilizar formulações de ração mais eficientes e assertivas, despendendo menos tempo para esta tarefa. Os dados apresentados neste artigo são provenientes da plataforma NIR da Adisseo, denominado Precise Nutrition Evaluation (PNE).
Tradicionalmente, a caracterização das matérias-primas é realizada por meio da química úmida. Esse método permite a análise de uma ampla variedade de parâmetros, com maior ou menor detalhamento, dependendo das necessidades específicas e, principalmente, do orçamento disponível.
Embora a análise química seja amplamente reconhecida como confiável e precisa, possui algumas desvantagens:
Atualmente, ferramentas de análise por NIR estão amplamente disponíveis para fábricas de ração. Esse método é uma solução ideal para complementar e reforçar os planos de controle de qualidade que utilizam química úmida, atendendo a diversas demandas dos nutricionistas:
Um diferencial significativo e espetacular da análise NIR é a possibilidade de predizer valores, para parâmetros que não são comumente analisados ou que são inviáveis na química úmida.
Isso é especialmente relevante em casos como a avaliação da digestibilidade de aminoácidos e energia, ou na determinação do fósforo fítico. Para certas matérias-primas, os valores fornecidos por tabelas ou equações preditivas frequentemente não representam com precisão a realidade.
Por exemplo: Há uma correlação limitada entre a lisina total e a proteína bruta do farelo de soja, conforme ilustrado no Gráfico 1 (R2 baixo). Outra forma de comprovar que o conteúdo em aminoácidos da proteína bruta do farelo de soja é variável, está no Gráfico 2. Isso indica que a estimativa da lisina total e dos demais aminoácidos, com base na proteína total apresenta baixa precisão.
Gráfico 1:
Gráfico 2:
Importante também considerar que os coeficientes de digestibilidade dos aminoácidos não são constantes, pois além da variação na composição dos aminoácidos das proteínas, há um efeito distinto entre eles em relação aos processos industriais, afetando de forma distinta a digestibilidade.
Por essas razões, a Adisseo desenvolveu sua própria plataforma NIR, denominada Precise Nutrition Evaluation (PNE).
Este sistema integra calibrações que não se baseiam apenas em análises químicas convencionais, mas também em centenas de testes de digestibilidade in vivo, sendo a EMA e EMAn pelo método de referência europeu: Bourdillon et al. (1990a) usando principalmente o frango de corte em crescimento como modelo animal e a determinação do Coeficiente de Digestibilidade de Aminoácidos, em galos cecectomizados para mensurar a digestibilidade de aminoácidos.
Na Tabela 1 é possível observar dados do farelo de soja (46% PB) utilizados no Brasil em 2024, analisados com as curvas NIR da Adisseo.
Tabela 1:
No caso do fósforo, não é possível prever o conteúdo de fósforo fítico com base na determinação de fósforo total, como ilustrado no Gráfico 3, para o farelo de soja (R² muito baixo). Por isso, determinar o potencial de fósforo liberado por uma fitase pode ser um desafio.
Gráfico 3:
Uma caracterização precisa das matérias-primas utilizadas na formulação de rações é o primeiro passo essencial para garantir a qualidade das formulações. As formulações de ração dependem amplamente da base de dados do software de formulação.
Atualizar essas bases de dados é uma tarefa desafiadora e demorada para o nutricionista ou formulador. Serão necessários diversos resultados analíticos provenientes de múltiplos laboratórios (químicos e NIR), que precisarão ser convertidos em valores nutricionais aplicáveis na formulação de rações.
A frequência e o processo de atualização dessas bases de dados variam de uma empresa para outra.
Uma caracterização precisa das matérias-primas utilizadas na formulação de rações é o primeiro passo essencial para garantir a qualidade das formulações.
Gerenciando a variabilidade das matérias-primas
Para apoiar seus clientes, a Adisseo desenvolveu uma nova ferramenta: Adict, a ferramenta de cálculo da Adisseo – que preenche a lacuna entre os resultados analíticos e o programa de formulação de rações.
De maneira simples e ágil, a ferramenta integra os resultados analíticos fornecidos pelos clientes e os utiliza para criar uma nova matriz de ingredientes, baseada na qualidade real das matérias-primas recebidas pela fábrica.
Nem todos os valores dos nutrientes necessários para formular a ração podem ser analisados diretamente, e muitos precisam ser calculados. A ferramenta realiza esses cálculos utilizando as equações do sistema feedipedia.org.
Quando um parâmetro incluído na equação é analisado por um laboratório, o valor obtido é incorporado ao cálculo para determinar o valor nutricional. Isso é fundamental, pois significa que o cálculo considera a qualidade real do ingrediente.
Adict é único, pois pode ser integrado à ferramenta NIR da Adisseo (PNE) – em apenas alguns cliques, ele importa os valores preditivos gerados pelo PNE. Caso os clientes costumem diferenciar as matérias-primas por sua origem ou fornecedor, é possível adicionar filtros à solicitação, permitindo especificar quais resultados analíticos importarem, e assim obter uma matriz mais precisa e detalhada.
Diante de uma oferta limitada e de preços elevados a nível global, monitorar com precisão as características das matérias-primas recebidas nas fábricas de ração tornou-se uma necessidade essencial, e não mais uma simples opção.
A caracterização detalhada dessas matérias-primas requer um acompanhamento rigoroso das margens de segurança nutricional, para atingir os objetivos de crescimento animal, ao mesmo tempo que se busca reduzir os custos de produção da ração.
Neste exemplo prático, um nutricionista pretende estimar uma margem de segurança para aminoácidos (Lisina, Metionina, Treonina, Triptofano e Valina) em uma dieta à base de Milho e SBM . As Tabelas 2 e 3 abaixo, ilustram a variabilidade dessas matérias-primas durante o ano de 2024 no Brasil (dados do PNE).
Tabela 2:
Tabela 3:
A partir dessas informações, três cenários distintos de matérias-primas foram criados no programa de formulação de ração:
Uma formulação para frangos de corte foi otimizada com base nos três cenários apresentados (mantendo os mesmos parâmetros para preços e disponibilidades das matérias-primas, além das restrições nutricionais):
Atualmente é muito comum o uso de margens de segurança para definir matrizes de ingredientes, ou seja, se reduz em ½ ou até em 1 desvio padrão (DP) as médias encontradas.
Esta prática conservadora busca penalizar os valores nutricionais dos ingredientes, para garantir desempenho animal no campo, em função da baixa amostragem ou da alta variabilidade dos ingredientes.
No exemplo acima, o impacto econômico desta prática pode chegar a R$111 por tonelada de ração produzida, um valor elevado para o cenário atual de custos elevados das matérias primas.
Com o uso do PNE, é possível obter um volume de análises que representa a real composição das matérias-primas e o mais significante, obter valores nutricionais reais, já que no PNE oferece curvas de EMAn e coeficiente de digestibilidade de aminoácidos, além do fósforo fítico, para os principais ingredientes utilizados na elaboração de ração de aves.
Com isso, o nutricionista passa a ter mais segurança em usar os valores médios dos seus ingredientes, o que permite otimizar custos de produção e garantir que os animais irão receber os nutrientes corretos para um ótimo desempenho.
A solução PNE+Adict da Adisseo auxilia formuladores e nutricionistas a aprimorarem a formulação de rações, oferecendo um conhecimento mais profundo sobre a qualidade e variabilidade das matérias-primas.
Esses resultados reforçam a importância de um controle de qualidade adequado para avaliar com precisão os nutrientes presentes nas diferentes matérias-primas utilizadas na formulação de rações.
Além disso, contar com ferramentas que permitam integrar facilmente os resultados do NIR na formulação diária pode ser um diferencial significativo na gestão dos custos com ração, sem comprometer o desempenho animal.
PNE e Adict são as ferramentas da Adisseo que oferecem suporte aos nutricionistas e formuladores na busca por seus objetivos.
Gerenciando a variabilidade das matérias-primas
Assine agora a melhor revista técnica sobre avicultura
AUTORES
A vacinação in ovo com a tecnologia EMBREX® ajuda a promover uma resposta imune mais precoce e robusta nos pintinhos
Temperatura da casca do ovo: como obter a sinergia ideal entre a incubadora e o nascedouro para melhorar a qualidade dos pintinhos
Eduardo Romanini Roger BanwellComo podemos melhorar o desempenho imunológico e intestinal das aves nas primeiras semanas?
Luís RangelRevestimentos sustentáveis para reduzir as perdas de ovos
Dr. Vinícius Machado dos Santos Gabriel da Silva Oliveira Paula Gabriela da Silva Pires Priscila de O. MoraesOs grãos secos de destilaria de milho (DDGS) na alimentação de codornas, reduz os gastos com a nutrição
Marcos Simara Márcia MarcatoPor que as salmonelas S. Minnesota e S. Heidelberg emergiram na avicultura brasileira?
M. V. M. Sc. Dino GarcezQualidade da cama na criação de frangos de corte
Marcos Antonio Dai PráA importância da análise de dados do embriodiagnóstico para o gerenciamento do incubatório
Renata SteffenRação triturada ou micropeletizada: qual a melhor escolha para frangos de corte?
Alex Maiorka Brenda C. P. dos Santos Eduarda G. Rychwa Isabella de C. Dias João P. F. R. de Oliveira Vivian I. VieiraImplicações e resultados do processo de incubação sobre a qualidade de pintainhos
Vinicius Santos MouraManejo de Incubação: estratégias para garantir a qualidade do pintinho de um dia
Equipe Técnica AviagenCOBB-VANTRESS anuncia mudanças mudanças no serviço técnico, vendas e marketing para região LatCan
Eficácia da Cipermetrina e Imidacloprid para o controle de cascudinhos em aviários
Fabrizio Matté Luiz Eduardo Takano Patrick Iury RoieskiBioimunomoduladores na Avicultura: um bom exemplo de que “a ciência também imita a vida”
Eduardo MunizImpacto da ambiência sobre problemas respiratórios ligados ao gás amônia
Kenes Leonel de Morais CastroO sucesso da avicultura depende da qualidade da carcaça
Drª Kelen ZavarizeInnovax® ILT-IBD: Proteção é o nosso legado
Equipe Técnica MSDTechnoSpore, cepa probiótica única que une o melhor de dois mundos!
Equipe Técnica BiochemDetecção precoce de deficiências nutricionais e doenças
José Francisco Miranda