O abate Halal
Halal brasileiro será avaliado por autoridade muçulmana
Um relatório detalhado sobre o método de trabalho aplicado em abatedouros Halal brasileiros será apresentado a uma das maiores autoridades […]
Um relatório detalhado sobre o método de trabalho aplicado em abatedouros Halal brasileiros será apresentado a uma das maiores autoridades religiosas no mundo muçulmano, o Sheikh Ahmed Mohamed el-Tayeb. Trata-se do imã (sacerdote) da Mesquita de Al-Azhar do Cairo, no Egito.
O relatório está sendo preparado pelo vice-Sheikh de Al-Azhar, Abbas Shumann, que esteve no Brasil entre os dias 6 e 10 de agosto. Um dos estabelecimentos visitados pela autoridade religiosa do Egito foi o abatedouro de aves do Grupo Zanchetta, localizado em Boituva, interior de São Paulo.
O Grupo é detentor da marca Alliz, que na planta de Boituva produz mais de 18 mil toneladas de carne de frango por mês, das quais mais de 5 mil são exportadas. Do total de carne de frango exportada pela Alliz, 25% é Halal e é enviada, principalmente, para o mercado islâmico.
O abate Halal segue os preceitos do Islamismo, religião norteada pelo Alcorão. Segundo a obra sagrada do Islã, Deus ordena aos muçulmanos e a toda humanidade comer apenas alimentos sadios.
Entre os diversos apontamentos aos seguidores do Islã, sobre o que seriam alimentos permitidos para o consumo, um refere-se à proteína animal e seus derivados: devem ser provenientes de abate Halal, conforme determinação da Sharia (Jurisprudência Islâmica).
Entre os principais objetivos do abate Halal está evitar o sofrimento do animal. Nesse sentido, o sistema adota a degola acreditando que, com a interrupção imediata do fluxo de sangue para o cérebro, a morte ocorra de maneira instantânea, eliminando a possibilidade de liberação de toxinas que contaminem a carne.
O abate Halal é executado separadamente do não Halal, com ferramentas e equipamentos exclusivos. O ato do abate deve cortar a traqueia, esôfago, artérias e a veia jugular para apressar o sangramento e a morte do animal.
Aval Religioso
Diante de todas as características que regem o sistema Halal de abate, o parecer favorável de uma autoridade religiosa de grande reconhecimento como o Sheikh Ahmed Mohamed el-Tayeb, é muito importante.
O imã, assim como o vice-Sheikh de Al-Azhar, possuem experiência no desenvolvimento das condições e controles necessários do sistema Halal. Um parecer favorável aos produtos Halal do Brasil pode ajudar o País a avançar, com credibilidade, nos mercados do mundo islâmico.
"As relações diplomáticas e comerciais com o Egito são primordiais para o desenvolvimento do nosso País e é extremamente valoroso ter o endosso de uma das instituições religiosas mais importantes do mundo, o Al-Azhar, pois isso traz mais confiabilidade para o consumo mundial de nossos produtos”, explica o Dr. Mohamed Hussein El Zoghbi, Presidente da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil e da FAMBRAS certificadora Halal. “O mercado Halal brasileiro possui enorme potencial produtivo e, por trás disso, há um trabalho árduo para que se mantenha a excelência em seu processo, seguindo rigorosamente todas as normas requeridas pelo Islam", completa.
Nos sete primeiros meses de 2018, as exportações de carne de frango ao mercado egípcio renderam US$ 34 milhões, representando uma queda de 76,6% na comparação com o mesmo período do ano passado. Para o presidente da FAMBRAS, essa empreitada de trazer a autoridade religiosa do Egito ao Brasil pode mudar o cenário das exportações colaborando para a retomada do crescimento comercial e alavancagem das exportações.
A visita do vice-Sheikh de Al-Azhar ao Brasil foi coordenada pela FAMBRAS. Além da visita ao frigorífico de aves do Grupo Zanchetta e a um frigorífico de bovinos da JBS no estado de Goiás, Abbas Shuman também esteve na Câmara de Comércio Árabe Brasileira.
A autoridade religiosa também foi recebida pelo presidente brasileiro Michel Temer e pelos Ministros Marcos Jorge, da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, e Carlos Marun, da Secretaria de Governo.