07 jun 2017

A importância da imunidade materna contra Gumboro

A imunização dos lotes de aves reprodutoras é fundamental para o controle precoce e efetivo da Doença de Gumboro, garantindo a transmissão de altos níveis de anticorpos maternos à progênie.

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A importância da Imunidade Materna para a defesa inicial na progênie contra os agentes patógenos de origem viral tem sido bem documentada por diferentes pesquisadores no mundo. A absorção completa do saco vitelino nos primeiros 4 dias de vida é importante; no mesmo se encontram as imunoglobulinas responsáveis pela proteção inicial.

É uma prática comum conhecer, mediante as técnicas serológicas, o nível de anticorpos maternais circulantes para as doenças de Newcastle (ENC), Bronquite Infecciosa (BI), Gumboro (EG), Reovirosis Aviar (REO), Anemia Infecciosa Aviar (CAV) entre outras, em pintinhos no 1o dia de idade, a fim de poder predizer o nível de proteção durante os primeiros dias de vida. Esta prática sistemática ajuda a estabelecer a linha ideal que permite visualizar as mudanças que ocorrem nas operações avícolas. Neste primeiro artigo se analisa a importância da Imunidade Passiva contra a EG.

A imunização dos lotes de aves reprodutoras é primordial para o controle precoce e efetivo da doença de Gumboro, já que a proteção inicial para a progênie (pinto macho ou fêmea) se dá através da transmissão de altos níveis de anticorpos maternos neutralizantes, antes da imunização ativa induzida pela vacinação In Ovo ou subcutânea no primeiro dia de vida. Estes anticorpos maternos podem proteger a progênie contra infecções precoces do sistema Imunológico. A ação dos vírus variantes de Gumboro, como a variante Delaware E, pode ocasionar problemas severos na progênie em idades muito novas, razão pela qual a escolha da vacina inativada é muito importante.

A maioria das vacinas inativadas para aves reprodutoras é proveniente de cultivo celular, onde os vírus crescidos em cultivos celulares fora da bursa induzem à produção de anticorpos eficazmente nas aves, mas não suficientemente protetores às exposições constantes dos vírus no campo, que adaptam-se nos cultivos celulares, podendo modificar suas características antigênicas. Por outro lado, temos as vacinas em que o antígeno se cultiva na bursa de Fabricius (derivadas de bolsa), que é o mesmo tecido onde o vírus se replica normalmente no campo. Isto lhe dá a propriedade de produzir uma melhor qualidade de anticorpos à progênie, já que tanto o vírus clássico de Gumboro como a variante são produzidos 100% neste órgão. Por esta razão as vacinas inativadas, que contém 100% da fração de antígeno do Vírus da Doença de Gumboro produzido no tecido da bursa de Fabricius, são as recomendadas para uso nos planteis de aves reprodutoras.

“As vacinas inativadas que contenham 100% de seus antígenos derivados da bursa evitarão que o vírus (IBF) mude e induza à produção de anticorpos não protetores nas aves”. (Giambrone J. 1999)

Estudos realizados pelo Dr. J. Rosenberger relatam que as vacinas elaboradas em cultivo celular originam proteção ineficaz contra a população do vírus da EG presente no campo (0.3 logs de neutralização do vírus). As vacinas obtidas a partir do embrião de frango originam uma proteção discreta (0.8 logs neutralização viral); no entanto, as vacinas inativadas elaboradas no tecido bursal induzem proteção eficiente (4.0 logs neutralização)

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O monitoramento sistemático dos níveis de anticorpos, comparando com os estabelecidos na linha base contra a Doença de Gumboro, assim como o comportamento histológico da bursa de Fabricius, é muito recomendável para manter e assegurar a proteção imunológica esperada nas aves vacinadas.

(Rosemberger, J.K., et al, AVMA Meeting, 1990)

Em resumo: A Doença de Gumboro continua sendo uma importante condição infecciosa imunossupressora nas aves comerciais na atualidade; seu sinergismo com outros vírus imunossupressores como os vírus de Marek e Anemia Infecciosa Aviar, são capazes de comprometer significativamente os resultados zootécnicos e econômicos dos rebanhos afetados. Por isso, se faz necessário o estabelecimento das medidas preventivas mais adequadas afim de evitar perdas indesejáveis: programas de vacinação adequados, seleção das vacinas efetivas, monitoramento sistemático dos procedimentos de vacinação e indução da proteção esperada; os programas de monitoramento sorológico mediante as linhas base e os estudos histopatológicos da bursa de Fabricius para corroborar os resultados obtidos.

A qualidade da imunidade materna é necessária para proteger o pintinho recém-nascido. No entanto, a Imunidade Passiva deve ser apoiada pela Imunidade Ativa, de maneira que a vacinação na incubadora, com uma vacina que origine proteção precoce contra as cepas clássicas, muito virulentas e variantes do vírus de Gumboro, com uma só aplicação, tem demonstrado ser uma ferramenta muito útil para o controle efetivo da Doença de Gumboro.


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