"Quando surge a dúvida, ao invés de sentar, discutir e melhorar, os processos são parados. E isso aumenta os custos”, declarou Ribas à Gazeta. Ele observa ainda que as inspeções mais rigorosas dos países importadores também elevam os prejuízos. “Antes eram 5 análises por contêiner, agora são 25. E as análises não são rápidas. Isso atrasa a entrega e acarreta em mais gastos”, explicou.
Indústria brasileira ainda sofre com reflexos da “Carne Fraca”
“A agroindústria sofre agora com um excessivo rigor do Serviço de Inspeção Federal, que na dúvida, está parando o processo", declarou o presidente da Associação Catarinense de Avicultura (Acav)
Em entrevista ao jornal paranaense Gazeta do Povo, o presidente da Associação Catarinense de Avicultura (Acav), José Antônio Ribas Júnior, afirmou que a indústria brasileira de proteína animal ainda sofre os reflexos da Carne Fraca, operação da Polícia Federal. “Passado aquele momento mais crítico, com o fechamento dos mercados, a agroindústria sofre agora com um excessivo rigor do Serviço de Inspeção Federal, que na dúvida, está parando o processo", declarou Ribas ao jornal.
Segundo o engenheiro agrônomo, que atua há mais de duas décadas no mercado de aves, isso impacta diretamente na capacidade e nos volumes de produção. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) já anunciou diminuição da taxa de crescimento para a produção brasileira de carne de frango de 3% para 1% em 2017.
Ribas fez uma análise ao jornal paranaense do mercado avícola catarinense. Segundo colocado no ranking de produção e exportação de aves do Brasil, o Estado abriga 10 mil avicultores, gera 100 mil empregos diretos no setor e teve 1,3 bilhão de cabeças abatidas em 2016. Além das questões conjunturais, Santa Catarina ainda enfrente desafios relacionados à infraestrutura, elevada carga tributária e dependência do grão produzido em outros estados.
“Temos uma cadeia logística muito ineficiente. Santa Catarina não tem ferrovia. As nossas rodovias estão em péssimo estado, tanto para receber grãos quanto para enviar a carne para outros estados. Essa cadeia logística ineficiente encarece o nosso produto em 7%, perdemos competitividade”, declarou Ribas à Gazeta do Povo.
Relativamente à questão tributária, o presidente da Acav criticou a desoneração da folha de pagamento, o que classificou como um retrocesso. "O setor é relevante demais para economia, produzimos renda, emprego. Gosto de afirmar que avicultura é o melhor programa social do país. Nós queremos pagar tributos sim, mas precisamos debater melhor à questão”, afirmou.
Sobre a questão dos grão, Ribas destacou que hoje o preço da proteína está totalmente ligado ao do insumo. Dos 6 milhões de toneladas de milho consumidos por ano em Santa Catarina, metade vem de fora.
O presidente da Acav defende um diálogo mais amplo com o setor de produção de grãos. “Pagar R$ 60 na saca de milho é ruim, mas pagar R$ 15 também não é bom. Precisamos ter um equilíbrio para não desestimular o produtor de grãos e nem inviabilizar o trabalho da agroindústria”, observou.
As exportações, segundo o presidente, estão bem. No entanto, a alta volatilidade do câmbio não é o melhor dos cenários. “As margens de exportação ainda não foram recuperadas. Pior que um dólar baixo, é um oscilante. Se fosse uma cotação estável, a indústria se ajusta. Mas agora vivemos um momento em que compramos insumos com uma cotação mais alta e vendemos o produto por uma cotação mais baixa”, revelou.
Na opinião de Ribas, o mercado deve melhorar no segundo semestre deste ano. “A economia não aguenta mais a estagnação. E temos indicadores de que a situação vai melhorar. A recuperação pode não ser rápida, como queríamos, mas dá sinais de que é consistente. E a avicultura vai voltar a crescer”.
Informações retiradas do Jornal Gazeta do Povo