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Para ler mais conteúdo de aviNews Brasil Outubro 2021
Do ponto de vista GENÉTICO, o setor avícola investiu na seleção de linhagens que apresentassem maior taxa de crescimento e tal prática pode ter favorecido o surgimento de patologias estruturais anatômicas, principalmente dos tecidos ósseo e muscular.
O elevado crescimento muscular muitas vezes é acompanhado por uma baixa maturidade do esqueleto, aumentando a incidência de fragilidade e deformação óssea. |
A tensão biomecâmica desempenhada na cartilagem epifisária de frangos, cujo tecido ósseo apresenta-se imaturo, proporciona a ocorrência de microfraturas e fissuras na cartilagem,
Figura 1- Desvio angular Valgus.
A espondilolistese (kinky back) é considerada uma deformidade que afeta as vértebras torácicas de frangos de corte, mais frequentemente a quarta vértebra torácica (Figura 2), entre as terceira e sexta semanas de idade.
Figura 2-E spondilolistese. Fonte:https://www.thepoultrysite.com/disease-guide/spondylolisthesis-kinky-back
Além dos fatores genéticos e nutricionais, os fatores AMBIENTAIS também estão associados a ocorrência de problemas locomotores e mudanças no padrão da marcha (mensurado via Gait Score, Raio-X – Figura 3) em aves domésticas, tais como:
Figura 3- Imagem de raios-X de um pintinho com aumento de volume nas articulações e destruição dos tecidos moles (Fonte: Guo et al., 2019)
FERRAMENTAS PARA AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO A CAMPO
O diagnóstico de artrite a campo não é fácil de ser assertivo. Existem ferramentas que podem auxiliar a determinação da incidência de lesões nos lotes. Dentre eles, pode-se citar:
Critério utilizado como forma de avaliação geral da saúde das pernas e de bem-estar (SKINNER-NOBLE; TEETER, 2009);
Figura 4- Termografia de articulação de perus.
Técnica não invasiva que permite a visualização do perfil térmico de calor emitido por um objeto (NÄÄS et al., 2014).
A literatura atual indica que essa ferramenta pode ser utilizada para o diagnóstico de estresse térmico e de condições patológicas subclínicas (GRACIANO et al., 2014).
É esperado que em processos inflamatórios a temperatura superficial local se eleve (NÓBREGA et al., 2014); por outro lado, espera-se que a temperatura superficial diminua em situações de insuficiente circulação sanguínea local (JACOB et al., 2016), como as que ocorrem em processos necróticos; |
Descritas como ferramentas úteis para avaliação de características ósseas em aves domésticas (FLEMING; KORVER; McCORMAC; WHITEHEAD, 2004). Algumas das variáveis ultrassonográficas rotineiramente avaliadas nessa espécie é o grau de efusão do líquido sinovial e a espessura da membrana sinovial;
Figura 5- ((a) Avaliação de articulação através de ultrassonografia, (b) Imagem ultrassonoráfica com probe posicionada em direção longitudinal da articulação intertarsal, destacando o diâmetro da cavidade sinovial (pontilhado). Fonte: própria autora
ASPECTO VISUAL DAS LESÕES ARTICULARES VISUALIZADAS NO ABATEDOURO
Considerando que todas as lesões articulares/pernas em carcaças de frango visualizadas na Inspeção post mortem estão sendo classificadas no ábaco como artrites, e que muitas destas lesões não se enquadram neste conceito e são inespecíficas, podendo serem classificadas como alterações não patológicas e localizadas (sem caráter inflamatório e infeccioso), é de suma importância:
Identificar e classificar macroscopicamente as lesões, como também o grau de comprometimento dos tecidos adjacentes, visando o diagnósticos das causas e a determinação de estratégias a campo que possam mitigar tais ocorrências. |
Desta forma, a fim de padronizar a avaliação macroscópica e distinguir as lesões articulares inespecíficas que não se enquadrem em processo inflamatório, seguem abaixo imagens (Figura 6) de categorias de graus de severidade de lesões da articulação tíbio-társicas considerando:
Embora a literatura cite relação desta lesão com a positividade de Reovírus, a causa e o mecanismo fisiológico ainda não estão bem esclarecidos.
Além disto, embora as herdabilidades das características de saúde de pernas sejam baixas, a seleção genética deve continuar considerando este atributo, dentre outros, para alcançar um progresso equilibrado nas linhagens modernas.
Figura 7– (a) Veia tarsal medial íntegra e com alto calibre e vascularização; (b) Veia metatarsal medial íntegra; (c) Lesão de joelho verde unilateral em frango a campo; (d) Incisão anatômica da lesão de joelho verde para visualização dos tecidos internos, com lesão focal e necrosada.