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O futuro da indústria avícola

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O futuro da indústria avícola passará por mudanças em várias áreas de conhecimento.

Genética

A consolidação das empresas forçará cada uma delas a ter diferentes produtos para atender demandas específicas. Com isso, tratar as origens genéticas por seus nomes de mercado não será suficiente. De que produto estaremos falando?

Saúde

Na saúde nunca houve tantas informações, de conhecimento globalizado, mas os desafios com determinadas patologias deixam os veterinários extremamente preocupados com as perdas de produção das aves ou com as cobranças da sociedade, que deseja saber o que está acontecendo.

Ambiente

Nutrição & alimentação

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É na nutrição e na alimentação que se devem fazer grandes adaptações, já que as mudanças exigidas pela sociedade obrigarão os nutricionistas a mudar os paradigmas. Persistirão os desafios para apresentar formulações de alimentos de baixo custo e que continuem promovendo os melhores resultados. A sociedade exigirá mais transparência sobre o modo como os animais de produção são alimentados e tratados.

O presente artigo considera as responsabilidades dos nutricionistas, dando atenção especial a iniciativas que resultem numa produção mais sustentável. Os nutricionistas devem:

Nos últimos anos, houve um desenvolvimento fantástico na indústria avícola no mundo todo e, consequentemente, o progresso alcançado foi significativo. Os avanços científicos mais importantes se concentrarão na:

A importância da biosseguridade

Há outros aspectos na produção de frangos de corte dos quais deverão participar os nutricionistas e a biossegurança é um dos principais. Com o aparecimento sistemático da influenza aviária em diferentes geografias, passou a dar-se uma maior atenção às perdas.

Além disso, muitos consumidores estão confusos sobre o modo como as patologias aviárias podem afetar a saúde humana. Para evitar colocar em perigo a biossegurança das granjas, os governos, os profissionais e os produtores deverão trabalhar juntos, para estabelecer e adotar as melhores práticas de produção e os meios de controlar a presença de aves silvestres que vivem próximo às granjas.

As granjas deverão estar o mais limpas possível e os empregados deverão implementar programas de saneamento, estabelecidos de acordo com as recomendações veterinárias.

Consumidores

Nos últimos anos, os consumidores têm sido mais ativos ao expressar preocupações relacionadas à alimentação dos animais de produção. Por que crescem mais rápido que no passado? Como são tratados pela indústria? A sociedade exige mais informações sobre segurança, bem-estar animal e exige que a produção seja sustentável.

De que forma a nutrição e a alimentação de frangos de corte podem inovar e avançar, respeitando as preocupações da sociedade e melhorando os procedimentos técnicos para a sustentabilidade?

Em primeiro lugar, é preciso definir o que é uma melhoria em termos de sustentabilidade. Em sua base, os produtores deverão melhorar a eficiência na conversão de alimentos para frangos de corte — usar menos alimento — e, consequentemente, reduzir a produção de excretas — contaminantes. Além disso, os produtores deverão reduzir o uso de água, um insumo que se tornará cada vez mais escasso e que poderá restringir a produção animal em muitas regiões do mundo, onde os
animais competirão com os humanos pelos recursos. Não haverá espaço para alimentar os frangos com dietas muito sofisticadas.

Produção de frangos de corte livre de promotores de crescimento antibiótico –AGP

Durante muitos anos, considerou-se a produção de frangos de corte livre de promotores do crescimento antibióticos — AGP.

A primeira proposta para produzir frangos de corte livres de AGP surgiu na Suécia, em 1986 (Cogliani et al., 2011). As reações iniciais à proposta se voltaram para uma perda de eficiência da produção de frangos de corte, uma vez que o custo de produção deveria aumentar. No entanto, após muitos anos de pesquisa, estas suposições já não são aceitas pela indústria. Na Europa, a preocupação da sociedade promoveu o desenvolvimento de pesquisas sobre aditivos não antibióticos — probióticos, prebióticos, óleos essenciais, ácidos orgânicos, antioxidantes, etc. — e um uso mais eficiente das enzimas, que melhora a digestibilidade dos alimentos e preserva a saúde intestinal dos animais. Simultaneamente, os técnicos reforçaram a implementação das melhores práticas de gestão e de biossegurança, melhorando a prevenção de infecções e minimizando a ineficiência da produção.

A proposta de alimentação animal livre AGP começou em 2010, quando a FDA solicitou que se desenvolvesse uma estratégia para eliminar o uso de produtos antimicrobianos melhoradores de desempenho e que somente se permitisse o uso de antibióticos terapêuticos sob a supervisão de um veterinário. Atualmente, a produção de animais livres de AGP é uma opção em muitos países. Mas a velocidade de implementação varia. Em 2015, EUA finalmente se uniu ao movimento europeu.

A eliminação do uso de produtos antimicrobianos na produção de animais teve uma consequência importante. Os supermercados e as cadeias de alimentação aceitaram o desafio e começaram a informar que os ingredientes empregados em seus produtos não deveriam conter mais AGP. Os consumidores aceitaram bem tal proposta e o movimento sem AGP continua crescendo.

Hoje em dia, a redução dos antibióticos na produção continua sendo uma importante prioridade de inovação para os nutricionistas.

Análise de ingredientes

Conhecer a composição dos ingredientes, com a ajuda de um laboratório qualificado, é obrigatório se os nutricionistas quiserem formular alimentos com uma margem de segurança mínima. Os dados históricos mostram que muitos nutricionistas subestimam os valores de nutrientes dos ingredientes, o que não garante um melhor rendimento dos frangos, traduzindo-se numa perda incremental de nutrientes e um possível aumento da contaminação — nitrogênio e fósforo —ambiental.

Com o progresso da tecnologia NIR, os moinhos não têm desculpa para não contar com uma constante avaliação de nutrientes nos ingredientes empregados (Black et al., 2014).

Os ingredientes utilizados nas dietas não são apenas ingredientes básicos na formulação de alimentos, mas também provedores de nutrientes, fundamentais para a produção eficiente dos animais. Tecnologias como a “formulação de alimentos on-line” passam a permitir que a nutrição de precisão seja mais rapidamente alcançada. Essa tecnologia, com a instalação de NIR nas linhas de transporte de ingredientes, antes do misturador, possibilita uma leitura imediata e a conseguinte formulação e dosagem, de acordo com a composição de nutrientes dos ingredientes lidos.

Digestibilidade e alimentação por fase

A digestibilidade dos nutrientes e da energia variam nas diferentes fases de produção. Por exemplo, pintos mais jovens são menos eficientes que frangos mais velhos (Noy e Sklan, 1995; e outros). A composição e a digestibilidade dos ingredientes podem variar em diferentes anos e regiões globais.

Conhecer as diferenças de digestibilidade e calcular corretamente a composição nutricional requerida para as diversas fases de produção é uma habilidade importante para os nutricionistas. O cálculo da digestibilidade, antes da formulação do alimento, implica:

Tudo indica que no futuro serão realizadas mais pesquisas utilizando a energia líquida dos ingredientes, em lugar da energia metabolizável, outro método que deverá favorecer a sustentabilidade do ambiente e que deverá supor um reforço positivo para o conceito de nutrição de precisão.

Além de melhorar a avaliação da digestibilidade dos ingredientes, os nutricionistas deverão considerar o aumento de número de fases de produção, visto que isso reduz o desperdício de nutrientes.

A adoção de cinco fases, em comparação com três fases da alimentação de frangos de corte, aumenta a precisão da lisina.

o futuro da indústria avícola

A alimentação por fases de dois dias reduziu significativamente o consumo de proteínas e aminoácidos, razão pela qual o custo da alimentação foi menor que o do sistema convencional, de três fases.

Observaram ainda Brewer et al., – 2012a – resultados similares quando trabalharam com quatro linhas genéticas, em um período de 17 a 58 dias de idade, mudando também as dietas a cada dois dias. O principal benefício da alimentação por fases de dois dias foi a redução do custo de produção, devido a um menor consumo de nutrientes e energia. Os resultados confirmaram os observados por Angel et al. (2006).

Passando de quatro a seis fases de produção de frangos de corte — 0 a 42 dias de idade — e complementando as seis dietas com aminoácidos — lisina, metionina, treonina, isoleucina, valina, arginina e triptofano —, os pesquisadores identificaram que a excreção de nitrogênio foi reduzida em 40%, em comparação com a proposta controle de quatro fases.

Com a nova compreensão da importância da alimentação por fases, é importante considerar as limitações da estrutura da planta de alimentos quando se desenvolve um projeto novo de moinho de alimento e sua proposta de logística, de modo que a nova estrutura não se torne um gargalo da produção.

Alimentação por sexo

Geralmente a alimentação por sexo é um tema polêmico entre nutricionistas, técnicos e gerentes de plantas de alimento e de processamento. Mas, no futuro, uma abordagem crescente na sustentabilidade exigirá que todas as áreas de produção contribuam logisticamente para a melhoria da atividade, fortalecendo a produção por sexo separado.

Produção por sexo separado

Existem diferenças suficientes para justificar a produção por sexo separado entre os seguintes fatores:

A produção por sexo separado promove a redução do custo da alimentação e, o que é mais importante, a redução da variabilidade do peso de abate

Produção por sexo misto

A produção de sexo misto pode duplicar a variabilidade do peso corporal, piorando a eficiência de alimentação dos machos e aumentando sua mortalidade, devido aos dias adicionais na granja. Na produção de sexo misto, os machos precisarão permanecer nas granjas por mais tempo, para levar o peso a um valor médio específico que as fêmeas não podem atingir.

O manual da Aviagen, para frangos da linha 308 (2014), e o manual da Cobb, para frangos da linha 500 (2015), não oferecem informações sobre as diferenças nas exigências nutricionais por sexo. No entanto, a Aviagen (2014) sugeriu que, no caso de utilizar a alimentação por separado, devem considerar-se alterações nos níveis dos nutrientes e de energia.

Tanto o manual da Aviagen quanto o da Cobb mostram diferenças na velocidade de ganho de peso e na conversão alimentar de diferentes sexos. Os frangos de corte de cada uma destas linhas, requerem diferentes alimentos e nutrientes para cada um dos sexos e das fases. Estas considerações foram confirmadas por Faridy et al. (2015), quando, empregando metanálises, avaliaram dados das linhas Cobb e Ross, concluindo que os machos requerem mais lisina do que as fêmeas e que existe uma diferença no requisito de lisina conforme a linha. A exigência de lisina aumenta com o aumento de proteína crua da dieta.

Tamanho da partícula e granulação

Os nutricionistas e os gerentes de plantas de alimentos devem considerar mais o tamanho das partículas e a qualidade de pellets de alimento. O alimento com um tamanho de partícula maior promove:

As partículas grandes exigem menos energia durante a apreensão do alimento, já que as aves requerem menos atividade para ingerir a mesma quantidade de alimento (Amerah et al., 2007) e as plantas de alimento economizam energia, ao reduzir o tempo de moagem (Reece et al., 1986).

Dietas peletizadas

Os frangos de corte, alimentados com dietas peletizadas mostraram melhor rendimento do que aqueles alimentados com dietas farináceas, com uma melhoria diretamente relacionada à qualidade do grão (McKinney y Teeter, 2004). Os pellets:

Amerah et al. (2007) acrescentaram que o pellet melhora a atividade intestinal, como demonstra o aumento na altura das vilosidades e a sua relação com a profundidade das criptas.

Naderinejad et al. (2016), demonstraram que o tamanho de partícula de milho grosso e dietas peletizadas melhoram o desenvolvimento e a função da moela e melhoram o uso de nutrientes e energia do alimento, permitindo um melhor rendimento dos frangos.

Aditivos – enzimas

A pregunta é: como substituir os antibióticos melhoradores de crescimento sem comprometer a produtividade dos frangos de corte? Nesta linha estão enzimas, antioxidantes, prebióticos, probióticos, óleos essenciais, ácidos orgânicos, polifenóis, etc. As enzimas são proteínas que podem melhorar a digestão de nutrientes e energia, mas também oferecem nutrientes e energia aos animais que a consomem. Nos últimos 15 a 20 anos, as tecnologias de desenvolvimento das enzimas cresceram muito rapidamente e continuarão crescendo.

Em 1996, Cowan et al. já disseram que as enzimas poderiam melhorar na digestibilidade dos ingredientes e a absorção dos nutrientes e energia. Além disso, Penz Jr. e Bruno (2010) reforçaram que o emprego das enzimas reduz a excreção de contaminantes nos resíduos animais.

Existem muitas enzimas disponíveis para ajudar na digestão de fósforo, cálcio, carboidratos, proteínas e lipídios das dietas oferecidas aos animais. Mas as enzimas nem sempre funcionam com uma eficiência de 100%, porque são fontes exógenas.

Para que as eficiências do uso das enzimas aumente, os nutricionistas precisam tomar decisões corretas. Deve avaliar-se se as combinações das enzimas com os demais ingredientes da dieta são adequadas e que a dieta tenha disponibilidade do substrato para que as enzimas atuem. Abunda a bibliografia que descreve a forma como as enzimas atuam e quando devem ser empregadas. Os nutricionistas devem considerar o uso de enzimas como outra possibilidade de fazer com que a produção avícola seja mais sustentável do ponto de vista ambiental.

Se considerarmos que as enzimas melhoram o uso dos nutrientes e da energia, contribuem para a redução e eliminação de resíduos e a contaminação do ambiente com nitrogênio e fósforo. Graças à produção de frangos de corte livres de AGP, a saúde intestinal é mais importante que nunca. Cerca de 70% da resposta imune das aves é proporcionada pela estimulação das células do trato digestivo e as enzimas, bem utilizadas, têm um efeito único e positivo sobre as respostas imunes dos frangos, desde o intestino.

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