Foi utilizado o principio ativo da pimenta (capsaicina) em forma de oleorresina micro encapsulado adicionado a ração das codornas com 1 dia de idade até sua fase de postura.
Codornas de postura: adição de pimenta na dieta melhora a produtividade e qualidade de ovos
O uso de pimenta como oleorresina pode ser uma alternativa na produção de codornas japonesas para promover melhora no desempenho […]
O uso de pimenta como oleorresina pode ser uma alternativa na produção de codornas japonesas para promover melhora no desempenho e qualidade de ovos. Saiba mais!
A demanda global por proteína animal continua crescendo à medida que a população mundial aumenta e a produção de aves tem acompanhado essa crescente demanda, ocupando um lugar de destaque com enorme contribuição na produção de alimento e desenvolvimento socioeconômico.
Nessa cadeia alimentar, a produção de codornas, principalmente para produção de ovos, vem ganhando espaço e sendo cada vez mais inserido no mercado de proteína animal.
O sucesso da indústria avícola tem sido atribuído a vários fatores sendo que um dos quais tem contribuído para esse grande crescimento é o uso de antibióticos em níveis subterapêuticos como melhoradores de desempenho.
No entanto, as preocupações com a resistência bacteriana aos antibióticos administrados aos alimentos, aliado ao mercado consumidor cada vez mais informado e exigente levou a proibição do uso de antibióticos como promotores do crescimento nos países da União Europeia com grande tendência de outros países também proibirem (Pirgozlievet al., 2018).
Tal fato levou a indústria de alimentação animal e pesquisadores a buscarem alternativas que sejam eficazes e seguros para substituir os atuais melhoradores de desempenho (antibióticos) e dessa forma atender ao mercado consumidor assim como melhorar o desempenho e saúde das aves.
Neste contexto encontra-se a utilização de aditivos fitoterápicos como os óleos essenciais, oleorresina e extratos de especiarias.
Os aditivos fitoterápicos são ricos em compostos fenólicos em sua composição o que traz vários benefícios no organismo animal, uma vez que esses compostos possuem ação antioxidante, antimicrobiano, melhoram a digestão e absorção dos alimentos, status imune e alguns podem promover bem-estar animal (Brenes & Roura, 2010).
Em meio a várias espécies de plantas com propriedades medicinais já pesquisadas na alimentação de aves, como alecrim, orégano, alho e cominho, a pimenta encontra-se como uma espécie de planta com potencial ação antimicrobiano, antioxidante e com influência positiva sobre o aproveitamento dos nutrientes da dieta podendo, portanto auxiliar na melhora do desempenho e saúde das aves.
PIMENTA (CAPSAICINA)
As pimentas do gênero Capsicum são fontes de nutrientes essenciais, como flavonóides, ácidos fenólicos, carotenoides e vitaminas C, E, A. Sua característica mais notória encontra-se na sua pungência que ocorre devido aos compostos denominados de capsaicinóides, cujas substâncias são as responsáveis pelo sabor picante das pimentas.
Embora exista uma variedade de capsaicinóides, a capsaicina e diidrocapsaicina constituem mais de 80% e estão presentes principalmente na placenta do fruto (Wahyuniet al., 2013; Zhang et al., 2016).
A capsaicina é a principal responsável pelas várias propriedades fisiológicas e farmacológicas da pimenta com efeitos principalmente sobre o trato gastrointestinal atuando sobre as enzimas digestivas como sacarase, maltase, lipase, tripsina, quimotripsina, além de possuir efeito sobre o estimulo na produção e secreção de bile pelo fígado melhorando, portanto a digestão e absorção de carboidratos, proteínas e lipídeos da dieta.
Somado a isso, estudo com a utilização de capsaicina tem demonstrado melhora na absorção de alguns minerais tais como zinco, cobre e cálcio (Prakash e Srinivasan, 2013; Srinivasan, 2016).
Além disso, os compostos presentes na pimenta melhora a flora intestinal das aves aumentando a população de bactérias benéficas como os lactobacilos, que estes por sua vez, atuam evitando que bactérias patogênicas se alojem na mucosa intestinal com consequente aumento da absorção de nutrientes no intestino e dessa forma melhorando o desempenho das aves (Ali et al., 2016).
TRABALHO DE PESQUISA
Devido a essas características foi desenvolvido um trabalho de pesquisa pelo grupo de estudos em nutrição de codornas (GENCO), no Departamento de Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá e pelo Programa de Pós-graduação em Zootecnia.
Objetivo
Objetivo de avaliar a influência da adição de pimenta na dieta de codornas japonesas na fase de produção.
Resultados
Os resultados revelaram que o uso de oleorresina de capsaicina melhorou a conversão alimentar por dúzias de ovos e aumentou aproximadamente 5% a produção de ovos por ave dia quando comparados a codornas que não foram suplementadas com o aditivo (Figura 1A e 1B).
Além disso, a suplementação resultou em melhora na qualidade externas dos ovos com aumento no peso de casca por superfície de área e na espessura de casca dos ovos.
Tal fato é de extrema relevância para produtores de ovos, uma vez que problema com a casca aumenta perdas por quebras, rachaduras e pode receber baixa classificação dos ovos, causando prejuízo ao produtor (Figura 2A e 2B).
Em pesquisa realizada por Abou-Elkhairet al. (2018) avaliando a adição de 5g/kg de pimenta vermelha em pó para poedeiras verificaram maior peso do ovo e aumento de aproximadamente 7% na produção de ovos, além de melhorar a conversão alimentar das aves.
No entanto, alguns trabalhos obtiveram resultados diferentes com o uso de pimenta. Lokaewmaneeetal. (2013) avaliando a adição de 0,5% de pimenta vermelha na alimentação de aves em postura não verificaram influência sobre o desempenho e qualidade de ovos.
Da mesma forma, Li et al. (2012) não observaram melhora no desempenho e qualidade de ovo de poedeiras comerciais que foram alimentadas com 0,8% de pimenta na ração.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O uso de pimenta como oleorresina pode ser uma alternativa na produção de codornas japonesas para promover melhora no desempenho e qualidade de ovos.
No entanto, ainda existem muitos dados conflitantes na literatura sobre o uso desse fitoterápico na produção de aves, que pode ser atribuído à forma em que o aditivo é utilizado (pó, extrato ou oleorresina), dosagem adicionada à dieta e o tempo de fornecimento às aves.