30 set 2021

Pós-eclosão: pontos críticos que afetam o desenvolvimento inicial das aves

A qualidade do pinto de um dia precisa ser considerada antes mesmo do nascimento. Foi sobre isso que o Diretor […]

A qualidade do pinto de um dia precisa ser considerada antes mesmo do nascimento. Foi sobre isso que o Diretor Técnico e Comercial da Biocamp, Paulo Martins, tratou em artigo recentemente publicado aqui [LINK] no blog da Biocamp. O tema é bastante pertinente em um momento em que vemos empresas enfrentando problemas de onfalite nos seus lotes – e também em que são feitos alertas constantes de órgãos como a Organização Mundial da Saúde (OMS) para controle de uso de antimicrobianos e o surgimento de bactérias multirresistentes.

 

O conteúdo apresentado preparou o terreno para o que trato neste artigo: se o cuidado com a qualidade dos lotes começa antes do nascimento dos pintos, ele com certeza continua no momento pós-eclosão, sendo fundamental para o desenvolvimento inicial – e futuro – das aves. Mas, quais são os pontos críticos que precisam ser acompanhados neste período? É o que falaremos a seguir.

 

Os riscos biológicos e os riscos físicos

Quando se fala em pontos críticos que afetam o desenvolvimento inicial das aves, é preciso pensar em toda a cadeia envolvida: sistema de produção de matrizes, processo de incubação, transporte até as granjas e manejo inicial. E, indo mais além, é preciso pensar em tudo isso de maneira integrada, já que todos trazem impactos significativos para esse começo de vida da ave.

O que caracteriza a qualidade de pintos de um dia?

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Vamos começar pelo começo: o que significa ter qualidade? Alguns critérios precisam ser atendidos, tanto quando pensamos em pintos de frango de corte quanto de poedeiras. A seguir listei os principais:

Frangos de corte de alta qualidade
– Alta viabilidade;
– Boa uniformidade;
– Bom ganho de peso;
– Conversão alimentar baixa.

Poedeiras comerciais de alta qualidade
– Alta viabilidade;
– Boa uniformidade;
– Alta produção de ovos;
– Conversão alimentar baixa.

Ter isso em mente é decisivo para o entendimento daquilo que impacta na qualidade desses pintos, em especial considerando os riscos biológicos e os riscos físicos aos quais eles estão expostos.

Por mais que o foco dos produtores seja pintos de qualidade e livres de contaminações (conceito FREE) e os profissionais do setor de avicultura se empenhem para que os riscos sejam mínimos, a realidade nem sempre é essa, já que a ausência total desses fatores biológicos e físicos praticamente não faz parte da produção das agroindústrias.

Então você deve estar se perguntando: quais são esses riscos e o que fazer para minimizá-los? É o que apresento a seguir.

Entendendo os riscos biológicos

As contaminações mais comuns – e presentes em nosso dia a dia — são aquelas causadas por Enterobactérias, como Salmonella spp., Escherichia coli (APEC) e Pseudomonas aeruginosa, e pelo fungo Aspergillus niger.

Os 4 tipos de contaminação são diversificados e podem ter origem nas matrizes, no incubatório ou até mesmo no galpão onde os pintos serão alojados.

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Salmonelas

1) Salmonelas: ocasionam dois principais problemas que, apesar de terem um mesmo agente patogênico, causam doenças com impactos diferentes:

1.1) Paratifo aviário: tem como consequência problemas na sua maior parte de saúde pública e não necessariamente de doença para as aves – um pinto positivo com salmonela paratífica, portanto, é capaz de se transformar em frango de corte;

1.2) Tifo aviário e Pulorose: apresentam maior letalidade, impactando o resultado zootécnico.

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Escherichia coli (APEC)

2) Escherichia coli (APEC): a maioria das empresas hoje tem relatado algum tipo de problema com essa bactéria, que tem participação direta nas onfalites – apesar da sua influência direta, na maioria das vezes, ela não é a única bactéria causadora da doença.

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Pseudomonas aeruginosa

3) Pseudomonas aeruginosa: como são silenciosas, geralmente as empresas só percebem a presença da bactéria quando o problema já apareceu, podendo resultar em mortalidade ou refugagem de pintos recém-nascidos, o que pode comprometer o resultado como um todo.

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Aspergillus niger

4) Aspergillus niger: o fungo pode ser tanto um problema proveniente do incubatório quanto da granja.

Riscos físicos

Com relação aos riscos físicos, os 6 principais são:

1) Desidratação: pode acontecer tanto no manejo de incubação quanto no manejo inicial de granja. Pode ser detectada ao se observar a perna do pintinho, que mostra facilmente o grau de hidratação — quanto mais exposta a vascularização, maior é o grau de desidratação.

2) Umbigo aberto: problema geralmente relacionado à elevada temperatura de incubação, mas também pode ter origem bacteriana.

3) Locomotores: esse tipo de problema pode ter origem no incubatório ou no transporte dos pintos que têm seu desenvolvimento afetado e, automaticamente, não vão conseguir trazer os resultados esperados.

4) Penugem: pode acontecer a ausência de penugem, penugem queimada ou melada. Não necessariamente são problemas que comprometem o desenvolvimento da ave, por isso, é importante ter bom-senso e fazer uma avaliação que possa dimensionar as falhas para entender se realmente é um ponto crítico.

5) Más-formações: pintos que apresentam esse tipo de problema, devem ser totalmente retirados no incubatório. Esses pintos em hipótese alguma devem avançar para o campo.

6) Desuniformidade: neste item, mais uma vez, o bom-senso deve prevalecer e pequenas variações de peso são aceitáveis. Sempre temos que pensar o quanto isso realmente irá prejudicar o desenvolvimento inicial do lote.

Certamente, esses são os principais riscos biológicos e físicos que podem afetar o desenvolvimento inicial das aves. Ainda assim, devemos ter em mente que raramente alojaremos lotes completamente livres de problemas. Compete a nós técnicos não apenas avaliar e quantificar a presença dos mesmos, mas, principalmente, identificar a respectiva origem e visualizar o quanto cada problema poderá comprometer a produtividade dos lotes.

Microbiota Intestinal e sua relação com a qualidade dos pintos

A microbiota das aves não é estática. E diversos são os fatores ambientais que podem interferir na sua composição e equilíbrio: idade, genética, segmento intestinal, sexo, alimento, ambiente, higiene, medicações, temperatura, cama, entre outros.

Ela é composta por microrganismos, em especial bactérias, que habitam o intestino das aves e que são responsáveis pela produção de energia, vitaminas, enzimas e desempenham funções essenciais para a sua saúde e performance.

A formação e o equilíbrio da microbiota intestinal, podem ser divididos em três fases distintas:

Colonização: vai do final do período de incubação até o 3º dia de vida. Antes do nascimento a microbiota é rudimentar e aumentará significativamente em quantidade e diversidade nos três primeiros dias de vida;

Maturação da colonização: do 4º ao 14º dia, o sistema digestório e a microbiota intestinal passarão em conjunto por um processo de maturação. É nesse momento que o sistema digestório ajusta a produção de HCl, bile, enzimas e estabelece diferentes níveis de pH ao longo do intestino. Com isso, a microbiota irá se modular conforme avança o processo de maturação.

Manutenção do equilíbrio (Eubiose) – após o 15º dia, a microbiota encontra-se estabelecida. Haverá uma competição entre bactérias comensais e patogênicas de modo mais intenso, o que pode colocar em risco seu equilíbrio e, consequentemente, a saúde das aves. Quando em equilíbrio, a microbiota é responsável pela produção de enzimas, bacteriocinas, energia e vitaminas que contribuirão para integridade intestinal e respectivo ganho zootécnico.

Conceitos integrados

Diversos são os fatores que impactam a qualidade do pinto de um dia e é FUNDAMENTAL pensar neles de maneira integrada. Se a microbiota não é estática, ou seja, ela encontra-se em constante competição, os profissionais da avicultura devem se atentar para as três fases citadas anteriormente, e, com isso, manter a eubiose ao longo de toda a cadeia produtiva. O cuidado começa no primeiro dia de vida das reprodutoras (influência vertical) e o controle da microbiota já deve ser prioridade ali. Riscos de contaminação horizontal, que podem estar presentes na cama, por exemplo, devem ser considerados e monitorados antes do alojamento.

Então, como trabalhar para favorecer esse equilíbrio? Hoje, prebióticos, fitoterápicos, ácidos orgânicos e probióticos oferecem uma ação direta no controle da eubiose e são indicados para tal. Além disso, outros fatores como nutrição, ambiência e manejos diversos também podem favorecer ou não a eubiose. Não podemos esquecer dos próprios antibióticos, que afetam a microbiota quando há a necessidade de realizar algum tratamento.

Desse modo, ao elaborar um programa de sanidade, esses fatores devem ser considerados com unicidade. Independentemente do contexto em que essa produção aconteça.

Colonização precoce: benefícios

A modulação da microbiota é o melhor caminho para alcançar a eubiose. E o quanto antes ela acontecer, melhor. Isso significa que ela deve começar ainda no incubatório, com probióticos de múltiplas cepas ou exclusão competitiva que vão compor a microbiota pioneira, favorecendo ganhos zootécnicos, estimulando o sistema imune e dificultando a colonização de bactérias patogênicas, que podem estar presentes na ração, água e ambiente de criação das aves.

Assim, a colonização precoce, que pode acontecer tanto “in ovo”, quanto logo após o nascimento, via spray, é essencial para o início de vida da ave, para a formação da microbiota pioneira e, automaticamente, para que essa ave consiga romper os desafios ainda dentro do incubatório.

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Probióticos

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Bauer

Bauer Alvarenga é Gerente de Negócios da Biocamp


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